Com a vitória por 1 a 0 diante da Chapecoense neste domingo
, no Allianz Parque, o Palmeiras celebrou mais um título brasileiro na sua história. De acordo com as contas do próprio clube e também da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), esta foi a 9ª conquista alviverde do Campeonato Brasileiro - ou seja, eneacampeão.
A conta é simples. O Palmeiras contabiliza agora cinco títulos do Campeonato Brasileiro: 1972, 1973, 1993, 1994 e 2016; dois da Taça Brasil: 1960 e 1967; e outros dois do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o popular "Robertão": 1967 e 1969.
Desde dezembro de 2010, a CBF reconhece como campeões brasileiros os clubes que conquistaram também a Taça Brasil e o Roberto Gomes Pedrosa. E é aí que mora a polêmica, já que o clube do Palestra Itália tem um título de cada torneio em 1967. Em outras palavras, dos nove brasileiros palmeirenses, dois foram conquistados no mesmo ano.
A entidade máxima do futebol nacional reconheceu os títulos após receber e analisar um documento chamado "Dossiê pela Unificação dos Títulos Brasileiros a Partir de 1959", assinado por José Carlos Peres, fundador da ONG Santos Vivo, e pelo jornalista Odir Cunha.
Até por isso, o Santos se considera octacampeão brasileiro, por possuir cinco títulos da Taça Brasil, de 1961 a 1965, e do Robertão de 1968, além das duas conquistas do Campeonato Brasileiro, em 2002 e 2004. O time da Vila Belmiro, assim como o Palmeiras, também buscava o enea.
Confira fotos do alviverde em 2016:
Taça Brasil pode ser considerada Brasileirão?
A competição foi criada pelo finado João Havelange, então presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) com o propósito principal de apontar o representante brasileiro na Copa Libertadores da América.
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Campeão paulista de 1960, o Palmeiras foi campeão da Taça Brasil desse mesmo ano disputando apenas quatro partidas. O alviverde entrou na disputa a partir das semifinais graças a um critério esdrúxulo: os representantes dos estados finalistas do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais de 1959, São Paulo e Pernambuco, ganharam esse privilégio. Assim, o Santa Cruz, campeão pernambucano, também entrou na semifinal e foi eliminado pelo Fortaleza.
Na Taça Brasil de 1967, os palmeirenses também entraram na semifinal, sagrando-se campeão.
Em coluna publicada em março de 2009 no diário Lance!, o jornalista Mauro Beting considera a Taça Brasil a antecessora da Copa do Brasil, e não do Brasileirão. "Taça Brasil (1959-1968) é a mãe da Copa do Brasil – um torneio eliminatório, com representantes de quase todo o país; o Robertão (1967-70) é o pai do Brasileirão – um campeonato de fato, quase sempre com regulamentos discutíveis, clubes igualmente convidados, mas, de um modo geral, com os melhores do País, na época de ouro do futebol brasileiro", comentou o jornalista, que é palmeirense declarado.
"Por mim, o campeão do Robertão é tão campeão brasileiro quanto qualquer outro a partir de 1971. O campeão da Taça Brasil é tão campeão como qualquer campeão da Copa do Brasil a partir de 1989. Mas embora entendendo que não houvesse outro torneio de caráter nacional até 1967; embora a Taça Brasil concedesse vaga para a Libertadores (disputada a partir de 1960), ainda não considero Taça Brasil e Robertão o mesmo tipo de torneio. O que não desmerece todos os campeões a partir de 1959. Nem tira o significado histórico e esportivo de cada conquista", finalizou Mauro Beting.
Em defesa da Taça Brasil
No livro "Dossiê - Unificação dos Títulos Brasileiros a partir de 1959", Odir Cunha defende que essa comparação entre Taça Brasil e Copa do Brasil é que não faz sentido. Um dos motivos é que a Copa do Brasil se tornou um torneio de segunda linha de 2001 a 2012, período em que não era permitida a participação de clubes brasileiros que disputavam a Libertadores.
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Outra razão é que, de 1959 a 1969, nenhum time brasileiro participou da Libertadores sem ter sido campeão ou vice da Taça Brasil.
"João Havelange criou a competição com aquele formato eliminatório porque não havia estrutura ou verba para se criar um campeonato com turno e returno por pontos corridos. Devemos lembrar, por exemplo, que a ponte aérea foi inaugurada em 1959. Como disse o Belluzzo (Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do Palmeiras na época da confeccção do dossiê), não se deve cometer o erro do anacronismo - olhar o passado com os olhos do presente", finalizou Cunha.