Um imigrante de Bangladesh, que trabalhou nas obras para a construção dos estádios para a Copa do Mundo de 2022, no Catar, vai processar a Fifa (Federação International de Futebol) por cumplicidade nas péssimas condições de trabalho a que foi submetido. As informações são do jornal britânico "The Guardian".
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Essa é a primeira ação judicial recebida na Suíça, país onde fica a sede da Fifa , por causa do Mundial de 2022. A causa foi aberta pela Confederação de Sindicatos da Holanda (FNV, na sigla em holandês) em nome de Nadim Sharaful Alama, o trabalhador bengali.
Em uma carta enviada ao presidente da entidade máxima do futebol, Gianni Infantino, a FNV deu três semanas para que a empresa reconheça sua parcela de culpa no caso e faça o ressarcimento ao funcionário. Caso isso não seja feito, a ação judicial será iniciada imediatamente.
Apesar da carta, é muito provável que a Fifa mantenha sua postura de negar ser cúmplice. Isso porque, caso admita, o problema não seria pagar a quantia de 5 mil francos suíços (R$ 16,2 mil, aproximadamente) a Alama, mas sim o precedente que abriria para milhares de processos semelhantes aos do imigrante.
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Constantemente, seja com Infantino ou com o ex-presidente Joseph Blatter, a Fifa sempre disse que não tem culpa sobre o sistema trabalhista do país sede da Copa de 2022. No entanto, os advogados da FNV alegam que a concessão do evento ao Catar já é prova da cumplicidade.
"A Fifa deve reconhecer que agiu injustamente concedendo a Copa do Mundo de 2022 ao Catar sem exigir garantia de que o Catar observasse os direitos humanos e os direitos trabalhistas dos imigrantes da construção civil cujo trabalho está relacionado à Copa do Mundo de 2022", afirmaram os representantes.
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Por esse motivo, o sindicato afirma que a entidade tem dupla responsabilidade sobre a questão dos trabalhadores. A primeira, ao deixar o país participar da seletiva para candidatura e, consequentemente, ser eleita. Já a segunda falha seria não exigir uma reforma trabalhista no Catar para garantir direitos dos estrangeiros que iriam trabalhar na infraestrutura do Mundial.
POLÊMICAS
Desde que o Catar iniciou a construção das obras para a Copa do Mundo, entidades e organizações não governamentais internacionais denunciam a constante violação dos direitos humanos no país. Por não ter mão de obra suficiente, a imensa maioria dos trabalhadores vêm de outros países da região.
Há centenas de relatos de funcionários que vivem e trabalho de "semiescravidão". Eles tiveram seus passaportes apreendidos durante as obras, há um intenso controle de água e de comida para eles,as jornadas de trabalho são intensas e longas e não há assistência médica adequada. A Fifa, que tem se envolvido com a Justiça por vários motivos ultimamente, com certeza, deve explicações sobre essa situação.