A opinião é unânime: Ferenc Puskas é, até hoje, o maior jogador da história do futebol húngaro e um dos maiores jogadores do futebol mundial, rivalizando com Pelé, Maradona, Messi, Cristiano Ronaldo e Zidane, entre outros grandes nomes do esporte. Nascido em Budapeste em abril de 1927, o lendário atacante morreu em 2006, aos 79 anos de idade, vítima de pneumonia - ele recebeu um funeral de Estado na sua cidade natal.
Lembra dele? Valderrama, o ídolo colombiano com poucos títulos no currículo
Puskas brilhou por oito com a camisa do Real Madrid, entre 1958 e 1966, onde se tornou multicampeão. Na capital espanhola, ele conquistou três Ligas dos Campeões da Europa, cinco Campeonatos Espanhóis e um Mundial Interclubes. Antes, o jogador havia sido revelado e atuado por 13 anos no Honvéd, levando quatro vezes o título de campeão húngaro. E em todas as campanhas vitoriosas, ele foi protagonista.
O que faltou para ele?
O atacante é considerado um dos maiores nomes do futebol, mas ficou faltando a cereja do bolo: a conquista de uma Copa do Mundo. E Puskas chegou muito perto disso na Copa do Mundo de 1954, realizada na Suíça, mas a favoritíssima Hungria perdeu a final diante da Alemanha Ocidental por 3 a 2, mesmo depois de abrir dois gols de vantagem no placar (com um gol do próprio astro, logo aos 6 minutos).
O mais curioso é que neste Mundial, na primeira fase, a Hungria massacrou a mesma Alemanha por impressionantes 8 a 3, com um gol de Puskas. Pela seleção húngara, o atleta obteve êxito somente nos Jogos Olímpicos de 1952, em Helsinque, na Finlândia, garantindo o ouro para o seu país com um triunfo por 2 a 0 na final diante da Iugoslávia - e ele anotou um dos tentos.
Conflitos, carreira interrompida e naturalização
A Revolução Húngara de 1956, que tinha como objetivo lutar contra a política comunista do país, afetou diretamente a carreira de Puskas dentro do futebol. A revolta popular instaurou um novo governo, tentando quebrar a aliança militar estabelecida pelos países socialistas após a Segunda Guerra Mundial. Mas o regime soviético não retirou suas forças da Hungria e decidiu suprimir o movimento, aumentando sua ocupação.
Confira: Júlio Baptista, da base do São Paulo até o reencontro com Kaká nos EUA
Nessa época tudo mudou para o jogador, que ainda defendia o Honvéd. O clube estava na Espanha para enfrentar o Athletic Bilbao pela Liga dos Campeões e, devido aos muitos conflitos em Budapeste, os jogadores recusaram-se a voltar para a Hungria, incluindo Puskas. A Fifa então proibiu esses atletas de atuarem enquanto eles não se regularizassem junto à Federação Húngara, mas o acordo saiu após dois anos.
Puskas ficou um ano na Áustria sem jogar profissionalmente. Mas em 1958, aos 31 anos de idade, acertou com o Real Madrid, onde brilhou. Acusado de trair a pátria, o atacante foi proibido de voltar à Hungria e decidiu tirar a nacionalidade espanhola em 1961, garantindo uma vaga na Espanha que jogou a Copa do Mundo de 1962, no Chile, mas a equipe caiu logo na primeira fase da competição.
Vida como treinador e volta para casa
Depois de pendurar as chuteiras de forma definitiva em 1966, já aos 39 anos de idade, Puskas virou treinador. Ele trabalhou nesta função até 1993, com passagens por muitos clubes, como Hércules, Alavés e Murcia (Espanha), Colo Colo (Chile), AEK e Panathinaikos (Grécia) e Cerro Porteño (Paraguai), além da seleção da Arábia Saudita e da própria seleção húngara.
E mais: Executivo que processa Fifa revela que sorteios da Copa são manipulados
Os títulos como técnico não foram muitos: dois Campeonatos Gregos, uma Copa da Austrália e um Campeonato Australiano - esses dois ultimos pelo South Melbourne.
Com a extinção da União Soviética, Puskas voltou a morar em Budapeste, na Hungria, recebendo a patente de coronel do exército nacional. Ele morreu em 17 de novembro de 2006, aos 79 anos, mas seu legado no futebol continua até hoje e vai perdurar por muitos anos.