Infantino confirma favoritismo e é o novo presidente da Fifa

Ex-secretário-geral da Uefa, ítalo-suíço contou com o apoio da entidade europeia e derrotou xeque no segundo turno

Foto: ENNIO LEANZA/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Gianni Infantino é o novo presidente da Fifa

A Fifa tem um novo presidente. Gianni Infantino, 45 anos, ítalo-suíço ex-secretário-geral da Uefa confirmou o favoritismo e será o mandatário da entidade máxima pelos próximos três anos após derrotar o xeque Salman bin Ebrahim al-Khalifa no segundo turno, em eleições realizadas em Zurique, nesta sexta-feira. Ele substituirá o suíço Joseph Blatter, que estava à frente do órgão há 18 anos e, depois de diversos escândalos envolvendo seu nome, resolveu renunciar ao cargo.

"Vamos restaurar a imagem da Fifa, vamos reconquistar a imagem da Fifa. Eu quero ser o presidente de todas as 209 associações nacionais. Eu percorri o planeta e vou continuar a fazê-lo", disse logo após o anúncio. 

"Estou demasiadamente emocionado, agradeço a todos mais uma vez e vamos trabalhar conjuntamente. Não tenho palavras", continuou.

Além da Uefa, o dirigente de 45 anos contou com o apoio da Conmebol, inclusive da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que através de Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Baiana de Futebol, votou no ítalo-suíço. 

No 1º turno, Infantino tinha vencido por pouco o xeque do Bahrein (88 a 85) e, por nenhum candidato atingir dois terços dos votos válidos, a eleição foi para o segundo turno, conforme regulamento da própria entidade. 

Para ter um vencedor na segunda sessão de votos, o candidato precisava alcançar 104 ou mais votos e Infantino conseguiu o apoio de 115 dirigentes. Salman conseguiu 88 votos, o príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein, vice-presidente da Fifa, quatro, e o francês Jérôme Champagne, ex-secretário-geral adjunto da Fifa, nenhum.

Infantino chegou à Uefa em 2000 e desde outubro de 2009 ocupa o cargo de secretário-geral da entidade. Advogado e poliglota, já que fala inglês, francês, italiano, alemão e espanhol, o novo presidente integra o Comitê de Reformas da Fifa.

Entre suas propostas, ele aponta para a transformação da Copa do Mundo de 32 para 40 seleções participantes, criticada por seus opositores, como o candidato Jérôme Champagne. "Temos de lembrar o que ocorreu com a Copa do Mundo no Brasil", declarou.

Sem nenhuma experiência em eleições e tendo entrado na Uefa em 2000 como um funcionário regular, ele contou com uma equipe de peso. Mike Lee, um dos artífices de sua campanha, já havia levado o Rio a ganhar a sede dos Jogos de 2016 e o Catar a Copa de 2022.

Sua vitória, porém, levanta suspeitas entre seus opositores sobre o que isso vai representar para os demais continentes do mundo. "Não se pode dar o tesouro todo do futebol para a Europa", disse Champagne, candidato derrotado. Para ele, Infantino dará maiores poderes aos clubes europeus na Fifa, minando a influência das seleções de países periféricos.

Infantino, porém, assume com uma tarefa importante: reformar a Fifa, evitar sua quebra financeira e ainda restaurar a credibilidade em uma entidade em que seus principais líderes estão presos, em fuga ou afastados.

Vale lembrar que ele apenas se tornou candidato quando seu chefe, Michel Platini, foi obrigado a abandonar a corrida, também por suspeitas de corrupção. Infantino, assim, passou a herdar os votos do francês, mas insistiu por meses e em cada entrevista que ele não era Platini.

O dirigente representa o retorno dos europeus no controle do futebol mundial, depois de décadas nas mãos de João Havelange e seu sucessor, Joseph Blatter. A última vez que um representante da Uefa controlou a Fifa foi em 1974, quando Stanley Rous foi surpreendido por Havelange e perdeu seu reinado.

Mais cedo, os representantes da Fifa aprovaram uma reforma do estatuto da organização. Entre as mudanças estão a transparência de salários de dirigentes, uma maior bancada feminina e limite de três mandatos para presidentes.

O processo eleitoral foi a conclusão de uma crise que começou em maio de 2015, com a prisão de dirigentes em Zurique e que terminou, dias depois, com a queda de Blatter. O suíço foi obrigado a convocar novas eleições. Mas foi obrigado a abandonar seu escritório diante de suspeitas de corrupção.

Blatter, apesar de também ser suíço, jamais foi considerado como um representante dos interesses europeus na Fifa. Primeiro, por ser afilhado político de Havelange. Depois, por garantir seus votos justamente nas pequenas federações nacionais na África e no continente asiático.

*Com Estadão Conteúdo