
A cada dia que passo pelas redes sociais, me pego tentando entender o fenômeno de como Lando Norris passou de mocinho a vilão da Fórmula 1. Nenhuma opinião é unânime, afinal, vivemos em um mundo de pluralidade, inclusive de pensamento. Mas é fato: desde sua estreia na categoria em 2019, a reputação do piloto número 4 nunca esteve tão em baixa quanto agora - e as vaias no GP da Cidade do México , em que ele dominou com mais de 30 segundos de diferença para o segundo colocado, são a prova disso.
O curioso é que, quando entrou na F1, Norris ainda estava longe do sucesso e do desempenho que apresenta hoje. A McLaren vivia um momento de reconstrução após um passado recente conturbado e, mesmo assim, a equipe papaya apostou alto em Lando. E ele fez jus à confiança: mesmo com carros pouco competitivos, permaneceu fiel ao projeto, crescendo junto com a equipe e mostrando seu valor.
O divisor de águas veio em 2021, quando a McLaren contratou o experiente Daniel Ricciardo para liderar o time, mas quem dominou foi Norris. Em 2023, Ricciardo deu lugar a um conterrâneo mais jovem, Oscar Piastri. E foi a partir dessa era, que o reinado de Lando começou a ruir.
Tudo começou a mudar
Com a chegada de um rival igualmente talentoso, Norris viu sua posição de líder ameaçada. Ainda assim, em 2024, ele mostrou que podia ter disputado o título com Max Verstappen, mas a evolução da McLaren veio tarde demais. Em 2025, porém, o cenário mudou: a equipe britânica voltou ao topo e passou a conquistar vitória atrás de vitória. Só que o domínio técnico não significou vida fácil. Piastri assumiu protagonismo, tirou a liderança do companheiro e acendeu um novo conflito interno.

Enquanto tudo isso acontecia, as redes sociais, um local temido por Norris, que já deu diversas declarações sobre como sua saúde mental é afetada pelo que lê online, resolveram colocá-lo como vilão da história, deixando para trás também toda a trajetória de um novato que chegou a uma grande equipe lá em 2019.
Ele foi atacado por todos os lados e por diversos motivos. Entre os principais estão a dificuldade de muita gente entender seu senso de humor e suas piadas ácidas em entrevistas, que constantemente são mal interpretadas, além de declarações que, de fato, foram mal pensadas. Uma delas envolvia o nome de Lewis Hamilton e o comentário de que o heptacampeão já teria tido a chance de dirigir o carro mais dominante do grid.
Agora que retomou a liderança do campeonato acirrado de 2025, Norris começa a dar pequenos passos para reconquistar a confiança desse público. Aos poucos, os fãs voltam a enxergar sua trajetória como um todo, lembrando o talento nato que o fez chamar a atenção desde seu início na categoria.
Herói, anti-herói ou vilão? Talvez a resposta dependa de cada um. Mas uma coisa é certa: Lando Norris ainda é um dos personagens mais autênticos da Fórmula 1 atual, e talvez esse seja o papel mais difícil de todos.
