Enquanto fazia meus estudos diários sobre experiência do consumidor no esporte eu me deparei com essa pergunta. Fiquei matutando e, como dizem, a deixei "no radar". E nessa semana, impactado com a notícia da reabertura do Museu do Futebol em São Paulo, acredito que é um momento propício para fazer uma reflexão e voltar ao passado para chegar a algumas conclusões.
Respondendo a pergunta, a minha experiência mais impactante foi positiva, mesmo eu não estando fisicamente no local onde o jogo passava. O que me envolveu, no alto dos meus 9 anos de idade não foi nem o título do Campeonato Brasileiro de 2002 que tirou o Santos de uma longa fila sem conquistas, mas sim a conexão que me proporcionou com o meu pai, assistindo numa TV de 15 polegadas em casa. Quer me ver chorar? Coloque a narração do brilhante radialista e lendário Éder Luiz. "Um pai santista olhando para o filho, hoje ele não terá que explicar o que é ter amor por essa camisa", disse o gênio radiofônico, resumindo o que acontecia na minha casa e, provavelmente, em todo lugar onde havia um pai e um filho santista.
+ Leia mais: Por que o mercado esportivo está desesperado atrás dos jovens?
Analisando hoje, eu vejo que me conectei ao Santos, porque ele me conecta ao meu pai. Ou seja, a paixão esportiva só é existente a partir de uma ligação com uma outra área importante da minha vida. E é aqui onde mora a beleza de um patrocínio esportivo, por exemplo. A marca que se posiciona justamente neste momento de conexão, pois, mentalmente, ela passa uma mensagem que ela apoia e, mais do que isso, está com você nesta experiência.
Naquela oportunidade eu lembro das placas de campo do Itaú (quando cresci virei correntista), da TAM (Primeira empresa que viajei de avião na vida e minha "top of mind" no setor de aviação), Siemens (me lembro do slogan "Siemens Mobile, o celular que merece uma foto") entre outras marcas que fazem parte daquele momento.
+ Leia mais: Entenda como a biometria facial das arenas impacta a experiência esportiva
Mas por outro lado, menos emocionalmente particular, eu não consigo esquecer momentos aleatórios do esporte. Por exemplo, em 2001, na final do Torneio Rio-São Paulo, Kaká entrou e fez dois gols no título do tricolor sobre o Botafogo. Mas o não esqueço mesmo é da Arapuã, empresa que estava camisa do time naquela época. E eu nem era "ligadão" em marcas na época e nem era torcedor do São Paulo. Mas aquilo estranhamente me marcou. E não dá para deixar de lado
Quando converso com representantes de empresas que ainda não estão no esporte, talvez essa seja a maior dificuldade e objeção: "mas o meu produto/serviço não tem nada a ver com o esporte". Eu compreendo que no primeiro momento pode parecer isso, mas seja lá qual for a área de atuação, ela se conecta ao esporte. E melhor que isso, ela se conecta com a experiência esportiva. Isso serve para o futebol e qualquer outra modalidade.
+ Leia mais: todas as colunas do Esporte é Experiência
Estou falando isso neste momento, pois, daqui a uma dúzia de dias, em Paris, acontecem os jogos olímpicos, o que para mim soa como uma oportunidade ímpar de degustar múltiplas modalidades e apreciar a beleza do esporte. No final das contas, a experiência não é exatamente o que acontece, mas sim, o que você sente, lembra e que faz questão de compartilhar. Portanto, cada momento importa e a ligação com o esporte sempre será possível.
*Gilmar Junior é atleta de flag football 8x8 do Brasil Devilz, executivo de marketing na 100 Sports, jornalista, especialista em gestão e marketing esportivo e está se especializando em gestão da experiência do consumidor