Eu tinha uns 5 anos de idade quando fui com a minha mãe a uma daquelas lojas de R$ 1,99 (hoje em dia nada tem esse preço) e na seção de brinquedos fiquei admirado com uma raquete que vinha com três bolinhas. Tudo de plástico, simulando os equipamentos do tênis e custando o valor proposto para o local. Insisti e fui agraciado com esse material esportivo. 

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Jogador em ação em torneio promovido pela Federação Paulista de Squash
Divulgação / Federação Paulista de Squash
Jogador em ação em torneio promovido pela Federação Paulista de Squash


Pouco tempo depois chego a minha casa e na minha ansiedade de brincar fiquei uns bons minutos tentando descobrir como eu faria, já que estava sozinho. Foi então que tive a ideia de riscar a parede e criar uma “área” em que eu tinha que destinar a bolinha que eu raqueteava. Comecei a perceber que a bolinha voltava e eu, mais uma vez, tinha a chance de endereçá-la a parede.  Uns 15 minutos eram suficientes para que eu estivesse pingando de suor. Era divertido, eu gastava minha energia com aquele “tênis de parede”. 

Dando um pulo temporal, já na adolescência, lembro de zapear a TV e me deparar com dois homens em uma redoma de acrílico portando raquetes e batendo a bolinha numa parede, com uma linha desenhada: “um belo rally [quando o ponto demora de ser decidido] acabamos de ver nesse torneio de squash", dizia o narrador. Bingo! O "tênis de parede" se chamava squash (na minha cabeça eu inventei vários esportes. O único ponto é que eles já existiam há muito tempo, bem antes de eu imaginar).  

Claro, não tinha uma proximidade gigantesca com o squash, não era algo que eu me programava para ver e dependia de algum acaso da vida para entrar em contato. Mas com alcance da internet já era possível saber um pouco mais sobre. Tanto é que, se buscarmos nos pesquisadores online, eu vi que em 2003, a Forbes publicou uma pesquisa chamada “Forbes List of Healthiest Sports” que, por meio de critérios bem definidos: resistência cardiovascular, resistência muscular, risco de lesão, queima calórica, flexibilidade e força. Com isso, o ranking definia quais eram os esportes mais saudáveis do mundo. E advinha qual foi o top-1? Sim, o squash. 

Squash se prepara para 2028 

E olha que interessante, em outubro do ano passado, o COI (Comitê Olímpico Internacional) anunciou que squash, flag football (meu amado esporte), lacrosse, basebol, críquete e softbol serão modalidades olímpicas a partir de 2028, nos jogos de Los Angeles, Estados Unidos. Porém, no Brasil, a modalidade vai ter um trabalho árduo para tentar beliscar uma vaga na competição. A exemplo, o Pan-Americano de 2023 realizado no Chile, o Brasil teve uma campanha histórica com mais de 200 medalhas conquistadas, porém, nenhuma foi do squash, até porque foi uma das três únicas modalidades (além do squash, basebol e o raquetebol) a não enviarem nenhum brasileiro para competir. 

E o que impede o esporte mais saudável do mundo crescer aqui?

Em busca dessa provocação, o Esporte é Experiência conversou com Walter Karl, Presidente da FPS (Federação Paulista de Squash) para entender os desafios da modalidade, desde a questão de prática, a até mesmo a grande dificuldade em atrair patrocinadores para o esporte. De acordo com a federação, no Brasil há 600 quadras já mapeadas, mas com estimativa de que haja mais de 1200 em todo o país. 


Federação Paulista de Squash tem como objetivo aumentar a base de praticantes da modalidade
Divulgação / Federação Paulista de Squash
Federação Paulista de Squash tem como objetivo aumentar a base de praticantes da modalidade



Leia a entrevista a seguir: 

1 – Quais são as maiores dificuldades encontradas pela gestão, atualmente na condução da modalidade no país? 

Atualmente, as principais dificuldades incluem a limitada visibilidade pública e a consequente falta de patrocínio, que impactam diretamente no financiamento para o desenvolvimento de atletas, infraestrutura e promoção do esporte. Além disso, há o desafio de aumentar a base de praticantes, necessitando de esforços concentrados em marketing e programas de inclusão.  

Por não ter sido esporte olímpico e somente pan-americano o Squash Brasileiro nunca teve nenhum apoio do COB e ou Governos para o seu desenvolvimento, situação esta que deve mudar com a inclusão do Squash nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. 

2 – E por falar nisso, além do squash, flag football, beisebol, softbol e críquete serão modalidades adicionadas aos jogos olímpicos. O que isso traz de benefícios e responsabilidades para o esporte? 

A inclusão de novos esportes nos Jogos Olímpicos oferece visibilidade global, aumentando o interesse de patrocinadores e o apoio governamental. Isso traz a responsabilidade de garantir uma infraestrutura adequada, formação de atletas de alto nível e a promoção do esporte a novos públicos, além de manter os padrões éticos e de integridade exigidos pelo movimento olímpico. 

3 – A nível de federação, como é lidar com uma modalidade que, ao mesmo tempo que é considerada a mais saudável do mundo, é também uma das que têm pouquíssima adesão de patrocinadores? Ser um esporte olímpico não basta? Por que as empresas não se interessam? 

Ser um esporte olímpico potencialmente aumenta o interesse de patrocinadores, mas não é uma garantia. A dificuldade em atrair patrocínio pode estar relacionada à visibilidade limitada do esporte e à falta de entendimento por parte das empresas sobre como o squash pode alinhar-se as suas estratégias de marketing e objetivos de responsabilidade social. 

A Federação Paulista hoje faz um trabalho profissional de promoção do esporte com diversas iniciativas e projetos para o fomento do squash juvenil, mapeamento de quadras em clubes, academias, condomínios e propriedades particulares, aumento dos seus quadros de atletas filiados e de clubes academias filiadas, incentivo ao alto rendimento com apoio a realização de torneios internacionais válidos pelo ranking mundial, entre outras. 

4 – Quem é o público-alvo do squash? Qual é o perfil dos praticantes? Há algum estudo ou levantamento sobre isso?

Praticantes de squash geralmente são indivíduos que buscam uma atividade física intensa e estratégica, abrangendo uma ampla faixa etária. O esporte atrai tanto jovens quanto adultos, predominantemente de classes sociais média e alta, dada a necessidade de acesso a clubes e quadras especializadas.  

Mas também temos o squash como esporte de inclusão com projetos sociais que podem ser desenvolvidos como o squash urbano modelo usado em vários países principalmente os EUA que traz os jovens de comunidades carentes com o atrativo do esporte atrelado ao reforço educacional.

5 – Qual é a experiência que o squash proporciona para os seus stakeholders, isto é, praticantes, árbitros, dirigentes e expectadores/fãs?

A experiência do squash é caracterizada pela intensidade, estratégia e rapidez, atraindo indivíduos que valorizam esses aspectos tanto na prática quanto na observação. 

Em resumo, o squash brasileiro, como potencial candidato a esporte olímpico, enfrenta desafios significativos, mas também possui um grande potencial de crescimento e desenvolvimento. A chave para o sucesso reside na habilidade de aumentar sua visibilidade, atrair investimentos e promover uma cultura inclusiva e de alto desempenho. 

6 – O leitor que estiver lendo essa entrevista aqui, onde ele pode ter uma experiência em praticar, assistir ou consumir algum conteúdo valioso sobre squash?

Para quem deseja se envolver com o squash, uma boa opção é buscar clubes e academias que oferecem quadras e treinamento. Além disso, plataformas online e redes sociais de federações e clubes frequentemente disponibilizam conteúdo educativo, transmissões de torneios e eventos de promoção do esporte. 

No nível nacional a FPS – Federação Paulista de Squash tem sua rede social instagram @fpsquash, e site www.fpsquash.com.br  divulgando todos os seus eventos, torneios e localização e clubes e academias filiadas.

*Gilmar Junior é atleta de flag football 8x8 do Brasil Devilz, jornalista, especialista em gestão e marketing esportivo e está se especializando em gestão da experiência do consumidor

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