O VAR (árbitro auxiliar de vídeo) é um dispositivo tecnológico, na minha opinião, muito bem-vindo e tardiamente chegou ao futebol. Tudo que é novo assusta, acabar com velhos e nocivos vícios é sempre difícil e trabalhoso. Mas basta simplificar o processo e insistir muito, que a coisa anda e daqui pouco tempo, ninguém mais no mundo irá conceber futebol sem o VAR.
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Desde a Copa da Rússia 2018 quando o VAR foi utilizado num evento top há muita polêmica nas marcações e revisões. Para mim, tudo mais do que normal e natural. Ainda será preciso ajustes e entendimento de como tudo acontece. O que “pega” é a necessidade do ser humano existir e ser a última palavra na utilização dessa nova tecnologia.
Talvez se fosse apenas um robô programado para tomar as decisões mais precisas possíveis, poderia ser melhor não é? Claro que não, isso seria um absurdo! O VAR é uma ferramenta que ajuda ao árbitro principal e toda a sua equipe de arbitragem, assistentes e árbitros de vídeo, a tomarem uma decisão mais próxima dos 100% de acerto e isso deve ser levado em consideração em todos os momentos de uso do recurso.
VAR veio pra ficar
Se há a ferramenta para uso, qual a justificativa (e ela não há na regra) para não se verificar um lance duvidoso ou polêmico que pode decidir um jogo, como um pênalti mal marcado ou omitido pelo árbitro principal (a maior autoridade dentro do jogo)? O VAR veio para auxiliar, para tirar qualquer dúvida ou ao menos, minimizá-la e que se prevaleça um consenso.
Li muitas coisas nesse último final de semana sobre o uso devido ou não do VAR em jogo importantes, especialmente no “ Choque-Rei ” do sábado no Morumbi. Imagino que alguns colegas de imprensa não entenderam o uso da ferramenta, a interferência externa e legal vai sempre existir quando houver uma dúvida.
O fato do árbitro marcar um pênalti com absoluta convicção, mesmo porque estava bem colocado no lance e com a visão total do mesmo, não significa que ele não possa ter errado a interpretação. A equipe de arbitragem no vídeo, observa esse possível erro, o comunica e sugere para ele revisar o lance. Qual o problema nisso tudo?
A gente não vive pedindo e sonhando que o futebol seja mais justo, ou que pelo menos, seja menos injusto? Um time que jogou melhor perder para outro que jogou pior, mas foi mais eficiente e competente, é uma coisa, agora um time perder ou ganhar por um erro da arbitragem, é outra coisa bem diferente e para mim é injustiça.
O VAR vem para tentar mudar isso, mesmo que seja minimamente e por isso, não compactuo com quem não gosta dessa inovação. Esse papo de que o VAR vai acabar com as discussões de boteco é tão provinciano quanto imaginar o mundo de hoje sem os computadores e smartphones.
Outros esportes melhoraram com o recurso eletrônico de revisão
Podemos discutir se isso será bom ou não para o futebol, mas temos em outros esportes exemplos de que as coisas melhoraram e muito. Imaginar hoje que muitos torneios de tênis foram decididos injustamente a favor de um atleta porque não se tinha como revisar as bolas próximas da linha (dentro ou fora), me parece mais do que suficiente para fazer valer a pena o uso do recurso de vídeo.
Outro esporte muito citado é o rugby, que já usa o recurso há um tempão e nem por isso deixou de ser popular, apenas deixou de ser injusto. Em todas as modalidades, os melhores times têm mais chances de sair vencedor de um jogo. Por quê no futebol isso ainda é diferente? Por conta do imponderável.
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Por imponderável, podemos entender aquele chute de longe que desviou em um zagueiro e foi parar no ângulo, um gol de escanteio na única chance do adversário que só ficou na retranca, etc, etc etc... mas um erro de arbitragem, pode ser tudo, menos imponderável. O árbitro pode estar “na gaveta” como se dizia antigamente, pode ser ruim tecnicamente e não estar preparado fisicamente ou simplesmente ser mal-intencionado e isso muda tudo.
O VAR vem para realinhar tudo isso e deixar o jogo mais justo, o que é positivo, quem não gosta dessa ideia, não gosta de futebol, me desculpe. Hoje as TVs usam e abusam de milhares de ângulos diferentes para ver o mesmo lance, imagens que podem confundir e não ajudar, mas aí, que prevaleça a decisão do juiz. Mas quando se percebe que há um erro, ele tem que ser corrigido, ganhe ou perca qualquer um com isso.
Falei do rugby acima, há mais transparência em relação ao futebol, mesmo porque, o recurso é utilizado há mais tempo e todos estão acostumados com essa revisão, o árbitro não espera nada para pedir o auxílio de seus colegas de vídeo, a decisão é analisada e tomada rapidamente e pronto... simples assim. Não há pressão no juiz e nem reclamação pós-jogo. Fácil, rápido e todo mundo respeita.
E se...
Vamos fazer um exercício sobre o lance de Reinaldo e Dudu: imaginemos que o árbitro não revisasse o lance, não utilizasse o VAR, ignorasse a sugestão de seus colegas de vídeo, aí o Palmeiras (favorito) vencesse o jogo por 1x0 e, já no intervalo, todos assistiriam ao lance novamente e se constatasse que não foi pênalti, o que seria dito?
“Ah por que não usou o VAR?”, “esse campeonato tá comprado!”, “se tem o recurso de vídeo, por que não o usa?”, “que absurdo aconteceu no Morumbi no clássico!” e por aí vai. A gritaria viria dos “prejudicados” e da imprensa (colegas jornalistas e árbitros comentaristas) e os vencedores diriam duas coisas: “o choro é livre” e “aceita que dói menos!” E assim o futebol seguiria sendo injusto.
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