O aluguel do Allianz Parque para o São Paulo disputar as quartas de final do Paulistão causou revolta em torcedores do Palmeiras . O Morumbi vai receber o show da banda Coldplay e, por isso, não poderá ser usado pelo dono do estádio para o jogo decisivo. A principal torcida organizada do Palmeiras emitiu uma nota contra o aluguel e disse que o São Paulo tentou tomar o estádio há algumas décadas. Vale lembrar que o Palmeiras alugou o Morumbi neste ano para jogar o clássico contra o Santos pelo mesmo Paulistão.

Um dos principais argumentos da torcida é a lembrança de uma história de bastidor dos anos 1940, quando o Palmeiras ainda se chamava Palestra Itália e teve que mudar de nome em razão da Segunda Guerra Mundial.

Como a Itália fazia parte dos países do Eixo, inimiga na guerra, os clubes brasileiros tiveram de mudar de nome. O Germânia virou Pinheiros, o Palestra Itália virou Palestra de São Paulo. De acordo com o Palmeiras, mesmo com a mudança, ocorrida em março de 1942, a pressão seguia e o governo ordenou a retirada do nome “Palestra”, sob alegação de que se tratava de um nome italiano. A origem, no entanto, é grega.

O Palestra de São Paulo mudou de nome para Palmeiras em setembro de 1942. “Se realmente resistisse à mudança de nome, os rivais iriam poder brigar para ver quem ficava com o estádio do Alviverde (um dos mais modernos à época)”, diz o texto no site oficial do Palmeiras sobre a chamada “Arrancada Heroica”.

O decreto-lei 4.166, de 11 de março de 1942, diz que “dispõe sobre as indenizações devidas por atos de agressão contra bens do Estado Brasileiro e contra a vida e bens de brasileiros ou de estrangeiros residentes no Brasil”. “Os bens das sociedades culturais eu recreativas formadas de alemães, japoneses e italianos poderão ser utilizados, no interesse público, com autorização do Ministro da Justiça e Negócios Interiores”.

Essa briga fez com que um dos maiores ídolos do Palmeiras, o goleiro Oberdan Cattani, cravasse a famosa frase: “Corinthians é rival. O São Paulo é inimigo”, do livro “Os dez mais do Palmeiras”, do jornalista Mauro Betting.

Mas quem estava interessado no estádio? Em 2014, em meio a uma briga pela contratação do atacante Alan Kardec, o então presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, e o do Palmeiras, Paulo Nobre, trocaram farpas. O são-paulino chamou uma fala de Nobre de patética e que o Palmeias se apequenava ano após ano. Do outro lado, Nobre disse que o São Paulo chegou a tentar roubar o Parque Antártica.

O fato é que após pesquisar em jornais da época, não se encontra registros sobre essa briga que teria acontecido nos bastidores. Os palmeirenses garantem que o São Paulo queria tomar o Parque Antártica e só desistiram depois de comprar o Canindé em 1944, antes de construir o Morumbi, em 1960.

Para tentar entender melhor essa história, a coluna consultou Alexandre Giesbrecht, dono do Anotações Tricolores e autor de quatro livros sobre futebol.

“Não encontra nem dirigentes reclamando, não existe, começa a aparecer isso no século 21”, disse o pesquisador.

O jornalista Fernando Galuppo, autor de livros da história do Palmeiras, um deles chamado "Morre Líder, Nasce Campeão", disse em entrevista à Folha de S. Paulo, em 2017, que “alguns sócios que serviram o tiro de guerra até montaram uma linha de tiro para proteger a sede". A coluna conversou com Galuppo sobre o caso, mas ele preferiu não falar neste momento por questões de segurança.

A coluna buscou em jornais da época informações sobre essa possível movimentação no estádio, mas não encontrou nada sobre o caso.

“Todas as declarações dos dirigentes da época foram dadas décadas depois, não tem nada daquela época”, disse Giesbrecht.

A última vez que o São Paulo mandou um jogo no estádio do Palmeiras foi em 1995, pelo Campeonato Paulista. Na ocasião, o time perdeu por 2 a 1, gols de Jorginho e Tiba. Caio diminuiu para o São Paulo. Rogério Ceni, técnico do clube, era o goleiro neste dia.

Na quinta, 09/03, as polícias civil e militar se encontraram com as torcidas organizadas dos dois times para discutir medidas de segurança para a partida. Nas redes sociais, Baby, presidente da Independente, disse que “a norma é a segurança e integridade da Arena e seu entorno. Preservar o patrimônio rival é passo importante, se um dia quisermos clássico com duas torcidas, novamente”.

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