Neste sábado (25), Cris ‘Cyborg’ inicia uma nova etapa em sua laureada carreira, de olho em reafirmar sua posição como uma das melhores e mais importantes lutadoras de MMA da história. A brasileira – ex-campeã peso-pena (66 kg) do UFC, Invicta FC e Strikeforce – estreia no Bellator contra Julia Budd na luta principal da edição 238 do evento, em combate válido pelo cinturão da categoria até 66 kg. E por todo o contexto do passado recente da curitibana, esta pode ser a luta mais importante para o seu legado.
O debute – que pode lhe render o quarto título em quatro grandes organizações diferentes – vem também com a promessa de um recomeço em sua carreira após um turbulento final de trajetória no UFC, onde, além de perder seu cinturão ao ser nocauteada por Amanda Nunes, Cris precisou lidar com uma relação conturbada com Dana White, presidente do Ultimate.
Um triunfo expressivo sobre Julia Budd, que reina soberana na divisão dos penas no Bellator há quase três anos, deve relembrar aos fãs e à mídia especializada sobre o ‘tamanho’ de Cris ‘Cyborg’ no MMA feminino. A derrota esportiva e as trocas de farpa com seu antigo patrão tiveram influência na troca de patamar da lutadora curitibana.
Antes considerada basicamente invencível, ‘Cyborg’ viu a compatriota ser alçada ao posto de melhor da história após o combate entre elas. Além disso, a insistência de Dana White em garantir que uma revanche entre as brasileiras só não foi marcada pela relutância da ex-campeã, ainda que Cris sempre tenha negado essa informação, serviu para afetar sua imagem perante parte dos fãs do esporte.
A mudança de ares tem tudo para ser benéfica para a brasileira. No Bellator, Cris reencontra o dirigente Scott Coker, com quem trabalhou durante a época em que ambos representavam o evento Strikeforce, além de uma predisposição da entidade em lhe dar a importância que ela julga não ter recebido do Ultimate. Mais do que o ambiente com relacionamentos mais amigáveis, ‘Cyborg’ encontrará na nova liga uma classe de peso mais consolidada para atender sua demanda por lutas.
O UFC nunca conseguiu realmente reforçar seu elenco de lutadoras do peso-pena, prova disto é o fato de até hoje a organização não conseguir fechar o ranking top 15 de atletas dessa divisão.
Outra opção que parece ter sido aberta com sua chegada ao Bellator são as possíveis lutas de boxe profissional, com as quais ‘Cyborg’ sempre demonstrou interesse, e que poderiam ser feitas em coprodução entre a franquia americana e outra companhia. Em outras palavras, ao que tudo indica, a entidade presidida por Scott Coker parece disposta a apostar alto na curitibana como um de seus expoentes em busca de maior visibilidade.
A boa relação entre lutadora e evento, se vier acompanhada de bons resultados esportivos, pode inclusive abrir um novo mercado alvo para o Bellator. Apesar de possuir dois campeões nascidos no Brasil – Patrício ‘Pitbull’, detentor dos cinturões peso-pena e peso-leve (70 kg), e Douglas Lima, que detém o título dos meio-médios (77 kg) –, a entidade ainda não parece focar esforços para atingir os fãs tupiniquins. Até hoje, por exemplo, nenhum show foi realizado em solo brasileiro, enquanto diversos países do mundo já tiveram edições em seu território.
Nem mesmo a presença de atletas brasileiros consagrados em seu plantel, como o ex-campeão do UFC Lyoto Machida, foi o suficiente para mudar o approach do Bellator no que diz respeito ao Brasil. No entanto, uma fusão entre lutadora reconhecida pelo grande público e ainda no auge, sendo potencialmente campeã da organização, pode modificar essa situação.
Portanto, a luta deste sábado pode representar muito mais do que uma chance de conquistar um novo cinturão e reafirmar seu nome entre as maiores de todos os tempos. O combate de estreia no Bellator pode significar um acréscimo ao legado construído até aqui por Cris ‘Cyborg’ em quase 15 anos no MMA profissional, e uma oportunidade de diversificar sua importância no esporte.