Com 25 anos e cada vez mais presente nos jogos do Chicago Bulls , equipe da NBA , o brasileiro Cristiano Felício, de férias no Brasil, já que sua equipe não se classificou para os playoffs nesta temporada, participou de um evento em São Paulo, nesta sexta-feira, e conversou com a imprensa. Em um bate-papo descontraído, o pivô de 2,10m de fala tranquila e gestos calmos, além da clara timidez de quem saiu do interior de Minas Gerais, falou sobre a promessa de entregar o anel de campeão, caso isso venha acontecer um dia, para a sua mãe, a dona Maria Lucia.

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Cristiano Felício ao lado do troféu Larry O'Brien, entregue ao campeão da NBA
iG Esporte/ Juliana Tourinho
Cristiano Felício ao lado do troféu Larry O'Brien, entregue ao campeão da NBA

“Trabalho muito para conquistar o título da NBA. E, quando conseguir, o anel de campeão será dela, com toda a certeza”, afirmou Felício , que considera Anthony Davis e DeMarcus Cousins, ambos do New Orleans Pelicans, os jogadores mais difíceis para marcar atualmente. Apelidado de ‘Brazilian Beast’ (fera brasileira) em função das enterradas e estilo agressivo no garrafão, o mineiro explicou como surgiu a alcunha, mas salientou que a agressividade fica apenas dentro de quadra.

"É um apelido muito bacana que o Stacey King (ex-jogador e comentarista oficial do Bulls) me deu durante as narrações, porque eu sou um cara que faz muitas enterradas e jogo muito forte, então ele me apelidou com esse nome e eu gostei muito, mas fora de quadra é totalmente o contrário, eu sou muito calmo e tranquilo. Fúria é só dentro de quadra", contou.

O brasileiro, que foi draftado em 2014 pelo Bulls, ganhou mais minutos em quadra este ano e correspondeu bem. Em março deste ano, diante do New York Knicks, fez 17 pontos, recorde em sua ainda curta carreira. Para ele, a evolução, junto ao técnico Fred Hoiberg, que chegou em 2015, foi nítida.

"Com toda a certeza a evolução dele foi muito grande, porque no começo todo mundo chega assim como eu cheguei, um pouco com pé atrás, sem saber se vai funcionar ou não, mas ele é um técnico muito esforçado, que entende bastante do basquete e está rodeado de jogadores com muito potêncial", disse.

"Ele pegou esse conhecimento dos jogadores e juntou com o conhecimento que ele já tem e assim vem crescendo ano a ano na NBA. E eu também fui no mesmo caminho, cheguei com muitos jogadores experientes, jogadores que falavam comigo todos os treinos, falavam comigo em jogos. E eu tentei colocar um pouquinho dessa experiência que eles me deram dentro de quadra e com certeza me ajudou bastante desde o começo e ainda vem ajudando", acrescentou o brasileiro.

Felício, que jogou no Minas e no Flamengo antes de ir para a NBA, explicou qual a principal diferença entre o basquete nos dois países e também sobre como é jogar no Chicago Bulls, por onde já passaram grandes craques.

Cristiano Felício viveu seu melhor momento com o Chicago Bulls no início de 2018
Divulgação
Cristiano Felício viveu seu melhor momento com o Chicago Bulls no início de 2018

"Eu não precisei melhorar muito porque aqui no Brasil eu já era um cara bem forte e tinha certa velocidade, mas o jogo lá é um pouco mais rápido ainda assim, muita corrida e muito físico também, os jogadores são muito fortes, pulam bastante e o deslocamento lateral também são muito rápidos. Então eu tive que me adaptar a isso também. E com certeza eu consegui fazer isso nos primeiros quatro ou cinco meses que eu fiquei lá", ponderou.

"Representa muita coisa (jogar em Chicago). Vestir a camisa de uma franquia campeã da NBA seis vezes e que o maior jogador de todos os tempos (Michael Jordan) jogou, teve Scottie Pippen, teve Steve Kerr... pra mim estar usando essa camisa todos os jogos é uma honra muito grande e eu procuro entrar dentro de quadra e responder da melhor maneira possível. Chicago é uma cidade que vive de esportes e a gente sabe o quão valioso é cada esporte pra cidade", complementou.

Felício sabe que a franquia de Chicago não vive seu melhor momento - terminou a temporada regular na 13ª colocação na Conferência Leste, com 27 vitórias e 55 derrotas -, mas, para ele, isto era esperado e que a expectativa para a próxima temporada é boa e que o trabalho é a longo prazo.

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"Foi uma temporada um pouco mais difícil do que as outras duas, porque teve essa questão de reestuturar o time, mas a gente sabia que as vitórias não seriam agora, mas daqui um ou dois anos, a gente só tava tentando entrar dentro de quadra e jogar um basquete da melhor maneira e tentar se entrosar", contou o pivô.

"E a gente está tendo paciência com isso, porque essas vitórias de hoje vão ser muito importantes pra quando chegar a época que o Bulls falar 'agora a gente vai atrás de playoffs e títulos', porque a gente já vai estar bem preparado pra enfrentar essas situações", prosseguiu Felício.

Liga de desenvolvimento

Quando chegou ao Chicago Bulls, o brasileiro não conseguiu muitos minutos em quadra, já que ainda era desconhecido pelos norte-americanos, e foi para o time de desenvolvimento da franquia, o Windy City Bulls, onde conseguiu fazer ótimos jogos e se destacou para retornar ao time principal. Para ele, atuar no time de baixo do Bulls foi excencial para sua melhora no de cima.

"Na G-League (liga de desenvolvimento) eu era um dos protagonistas e a gente sabe que vai pra lá pra desenvolver jogo, pra ganhar ritmo e eu ganhei esse ritmo, fui muito bem lá, voltei pra Chicago e consegui até fazer alguns duplo-duplos no time principal e com certeza essa minha ida pra G-lLague foi vista com muitos bons olhos não só por mim, mas também pela diretoria. Serviu para eles terem uma noção do que eu poderia fazer", disse e destacou quais as diferenças dos jogos da G-League e da NBA.

"A maior mudança é a intensidade do jogo. Mas algumas vezes eu pedi pra ir, porque não estava jogando e pedi pra descer pra ganhar esse ritmo de jogo pra depois subir e não ficar tão atrás dos jogadores que estavam jogando. Quando eu tive a oportunidade de voltar pro time principal e começar jogos eu acredito que estava num físico muito bom pra responder essas minutagens que o técnico estava me dando", acrescentou.

Seleção brasileira

Felício em ação com a camisa da seleção brasileira
Divulgação/Gaspar Nóbrega/Bradesco/Inovafoto
Felício em ação com a camisa da seleção brasileira

Quinto colocado com a seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, Felício ainda comentou sobre a chegada do novo treinador, o croata Aleksandar Petrovic. "Eu tive alguns contatos com ele sobre as próximas janelas, sobre a equipe e eu vejo que a seleção está em reposição muito boa, tem jogadores muito bons e talentosos", disse.

"Há também os jogadores que já estavam na seleção e com certeza, trazem essa experiência para os mais novos. O trabalho que ele vem fazendo é muito bom e se eu for chamado nas próximas convocações, farei de tudo pra estar nesse grupo e ajudar a seleção a crescer cada vez mais".

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Além disso, o jogador falou sobre a possibilidade de ser convocado para os próximos jogos da seleção, nas Eliminatórias do Mundial, que vai acontecer na China, no ano de 2019. No dia 29 de junho, o Brasil enfrenta a Venezuela e no dia 2 de julho, a Colômbia. "Isso foi uma conversa que a gente teve e acredito que se o Bulls me liberar, e eu não vejo porque não liberar... Mas vamos ver o que vai acontecer e eu tenho, sim, grande chance de estar nessa próxima janela de convocação".

Sobre ser um dos protagonistas da equipe nacional, tímido e modesto, o mineiro ponderou que divide isso com seus companheiros. "Jogo na seleção adulta desde 2011, as competições que eu disputei e os jogadores que estavam ao meu lado, me deram essa experiência e visão de seleção. Acredito que não só eu, mas jogadores como Raulzinho, Bebê e Augusto são alguns que protagonizam, e acredito que isso pode também ser um fator importante na seleção", finalizou Felício .

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