
Cláudia Maria Pastor foi medalha de prata nas Olimpíadas de 1996, em Atlanta
Cláudia Maria Pastor brilhou nas quadras de basquete nos anos 90 ao lado de Magic Paula e Hortência, chegando a conquistar a medalha de prata para o Brasil nas Olimpíadas de Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996. Vinte anos depois, a ex-jogadora trava uma batalha muito mais dura: a doença de seu filho, Maurílio, de 13 anos. O menino é portador de uma síndrome rara e complexa - hamartoma hipotalâmico - e no ano passado já chegou a ser submetido a uma cirurgia na França, na Fundação Adolphe de Rotschild.
Aos 44 anos, Cláudia é servidora pública da 1ª Vara do Trabalho de Americana, no interior de São Paulo, e decidiu leiloar sua medalha olímpica para bancar uma nova cirurgia no filho, apontada por ressonância feita recentemente. Além disso, ela está pedindo ajuda aos colegas e criou uma Ação entre Amigos, que sorteará uma moto zero km e outros prêmios.
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Maurílio continua com crises convulsivas diárias, ainda que em número reduzido pela metade. É uma segunda etapa, na qual estão previstos consultas e exames pré-operatórios em 5 de abril, e uma nova cirurgia no dia 13 de abril, na capital francesa. A previsão dos custos hospitalares gira em torno de 17 mil euros, cerca de R$ 90 mil.
"Recebi a notícia com apreensão e alívio ao mesmo tempo. Alívio por saber que a cura do Maurílio depende de uma nova cirurgia. Apreensão por novamente não possuir os recursos necessários para nosso retorno", disse Cláudia.

Cláudia Maria e o filho Maurílio com a medalha de prata no peito
A ex-jogadora já havia mobilizado anteriormente seus amigos, parentes, o TRT da 15ª Região e o Sindicato dos Servidores Públicos Federais da Justiça do Trabalho da 15ª Região que a apoiaram em uma campanha de arrecadação de fundos para viabilizar a viagem e o tratamento da primeira operação do filho.
"Foi um exemplo gigantesco de solidariedade e amor ao próximo, e ainda me emociono ao relembrar. Estivemos na França em junho, quando o Maurílio foi submetido à cirurgia de desconexão do hamartoma hipotalâmico, que é o responsável pelas crises convulsivas que sofre diariamente", completou Cláudia.
Atlanta, 1996
Cláudia Maria Pastor, de 1,92 metros de altura, estava em quadra na decisão do torneio olímpico feminino de basquete, disputado em Atlanta, nos Estados Unidos, defendendo a seleção brasileira. Do outro lado estavam as norte-americanas, com sede de vingança. Elas estavam engasgadas com a derrota para o Brasil no Mundial de Basquete, realizado dois anos antes em Sidney, na Austrália. A derrota de 111 a 87 não tirou o brilho da conquista da medalha de prata, inédita para o Brasil.
Um ano depois, Cláudia foi obrigada a abandonar as quadras em virtude de uma lesão no joelho. Além de integrar a seleção brasileira entre 1995 a 1997, a servidora, que é mineira de Barão dos Cocais, atuou por nove anos como pivô, defendendo clubes como a AABB/Brasília (DF) Unimep (SP), Tupã (SP), Guarulhos (SP) e Microcamp/Campinas (SP). Cláudia atuou também nos bastidores, integrando a equipe técnica de times, antes de prestar concurso para a Justiça do Trabalho e ingressar na 15ª em 2010.