O presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues, posa com lideranças indígenas durante o sorteio da primeira Taça dos Povos Indígenas de Futebol, na sede da CBF, no Rio de Janeiro, em 26 de setembro de 2024.
Mauro Pimentel
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues, posa com lideranças indígenas durante o sorteio da primeira Taça dos Povos Indígenas de Futebol, na sede da CBF, no Rio de Janeiro, em 26 de setembro de 2024.
Mauro PIMENTEL

Mais de 2.400 membros dos 48 grupos étnicos indígenas do Brasil participarão, a partir de novembro, da primeira Taça dos Povos Indígenas, um torneio de longa duração cujo sorteio ocorreu nesta quinta-feira (26) no Rio de Janeiro.

"É mais que uma simples competição esportiva. Representa também a luta por um futuro de dignidade, respeito e inclusão", afirmou Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que dá apoio institucional ao projeto.

"Eu carrego no sangue com muito orgulho essa ancestralidade", acrescentou o dirigente, que no final da cerimônia usou um cocar de penas. O evento aconteceu na sede da CBF e contou com a presença do técnico da seleção brasileira, Dorival Júnior.

O torneio é dividido em quatro fases, cada uma destinada a uma das quatro principais regiões do Brasil.

A primeira reúne 24 equipes do Centro-Oeste, sendo doze masculinas e doze femininas, e será realizada de 26 a 30 de novembro. As demais etapas serão realizadas ao longo de 2025.

Todos os encontros acontecerão em um único local: uma 'aldeia multiétnica' localizada no coração do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, próximo a Brasília.

"Isso é a nossa oportunidade que é para todos, não só para nós, mas para nossos filhos também no futuro", disse à AFP Takuru Kaiapo, de 30 anos.

"Muitas vezes eu joguei com os não indígenas, que às vezes me convocam para disputar a copa, o campeonato. Só que nunca pude fazer um teste num clube profissional porque a minha mãe não queria que eu saísse da aldeia", conta este membro da tribo caiapó, que vive num povoado do Mato Grosso.

- "Sem ajuda de custo" -

Por sua vez, a dirigente Tainara Castelão Ricardo, da etnia Guarani-Kaiowá, destacou o talento dos jogadores indígenas, embora lamente que eles não tenham "oportunidades suficientes".

"É complicado eles irem para fora porque não têm ajuda de custo", afirmou esta jovem meio-campista de 29 anos.

Tainara Castelão Ricardo, que já atuou numa equipe profissional de futsal, também está à frente de uma associação responsável pela promoção do esporte em sua aldeia Te'yíkue, no Mato Grosso do Sul.

"O Brasil é grande demais, é tudo muito diverso, são várias etnias, várias línguas, várias culturas, muito diferentes. E para unir tudo isso, só uma coisa tem esse poder: o futebol", explicou Libia Miranda, diretora da FourX Entertainment, empresa organizadora do torneio.

No Brasil vivem quase 1,7 milhões de indígenas de cerca de 300 etnias, que falam mais de 200 línguas diferentes.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!