O fenômeno brasileiro da natação paralímpica, Gabriel dos Santos Araújo, o Gabrielzinho, conquistou a medalha de ouro nos 100m costas, categoria S2, nos Jogos Paralímpicos de Paris-2024 nesta quinta-feira, dia em que o Brasil também faturou uma de prata e uma de bronze na natação.
Sob aplausos do público, o nadador mineiro de 22 anos completou a distância em 1 minuto 53 segundos e 67 centésimos, bem à frente do russo Vladimir Danilenko (2m01s34), que competiu sob a bandeira neutra, e do chileno Alberto Abarza Diaz (2m01s97).
Gabrielzinho, porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura, assumiu uma liderança confortável desde o início e a manteve até o fim da prova. "Estou muito feliz, muito emocionado. Trabalhei muito para isso e fiz todo o possível para transformar a medalha de prata em ouro", comemorou o atleta após a prova.
O nadador vai lutar pela 'tríplice coroa' em Paris-2024 (de 28 de agosto a 8 de setembro), depois de ganhar duas medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos de Tóquio, há três anos.
Ele compete na categoria S2, reservada para pessoas com uma deficiência física. Nesta categoria as provas podem envolver nadadores cujas deficiências sejam de natureza muito diferente, mas para os quais se admite que a capacidade de rendimento na natação considerada seja comparável. Quanto menor o número, maior é a perda funcional.
"Não sei nem como agradecer. Não tenho nem dimensão do que é tudo isso. Meu sorriso está sendo levado para todos os cantos do mundo. Eu me senti em casa. A prova foi perfeita. As noites de sono que eu e meu treinador perdemos neste ciclo compensaram demais. Tudo o que trabalhei psicologicamente deu certo", acrescentou o brasileiro.
Gabrielzinho, que tem mais de 50 mil seguidores no Instagram, sofre de focomelia, uma malformação causada pela interrupção do desenvolvimento de um ou mais membros durante a gravidez. Ele tem cotos na altura dos ombros, as pernas são atrofiadas, mas ele consegue andar com os dois pés.
Para nadar, ele ondula na água como um golfinho, com movimentos pélvicos. É uma técnica desenvolvida em longos treinos seis vezes por semana, na piscina de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
"A primeira medalha do Brasil nas Paralimpíadas de Paris é ouro. Parabéns ao Gabriel Araújo, campeão nos 100m costas na natação", publicou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na rede social X.
- Prata e bronze -
O Brasil obteve outras duas medalhas na natação, uma de prata e uma de bronze, de Phelipe Rodrigues nos 50 metros livre (S10) e Gabriel Bandeira nos 100 metros borboleta S14, respectivamente. Com essa conquista, Phelipe Rodrigues, 34 anos, subiu ao pódio em cinco edições de Jogos Paralímpicos consecutivas.
"Posso dizer que sou um homem realizado. Eu queria o ouro, fiquei perto, mas medalhar em cinco edições de Jogos Paralímpicos é sensacional. Poder estar representando o Brasil mais uma vez no pódio, não tenho nem palavras para descrever", comemorou Phelipe, que agora soma nove pódios: seis pratas e três bronzes.
Já para Gabriel Bandeira esse bronze é a quinta medalha em Jogos Paralímpicos. Ele conquistou o ouro nos 100m borboleta, a prata nos 200m livre e nos 200m medley e o bronze no revezamento 4x100m livre misto S14 nos Jogos de Tóquio.