Heimir Hallgrímsson (C) no banco de reservas da Jamaica durante duelo contra o México na Copa América
Omar Vega
Heimir Hallgrímsson (C) no banco de reservas da Jamaica durante duelo contra o México na Copa América
Omar Vega

Heimir Hallgrímsson, o dentista que se tornou herói do futebol islandês, tem uma emergência para atender na Copa América: levar a Jamaica à sua primeira vitória no torneio.

Apesar da recente evolução, a seleção jamaicana se mostrou inofensiva em suas três participações na competição continental, da qual participa como um dos convidados da Concacaf.

Os 'Reagge Boyz' chegaram aos Estados Unidos com o peso de seis derrotas nas edições de 2015 e 2016, além do revés diante do México (1 a 0) no último sábado. O balanço é de dez gols sofridos e nenhum marcado.

Acabar com esta sequência negativa é uma urgência para os jamaicanos na segunda rodada do Grupo B, na próxima quarta-feira, contra o Equador.

Hallgrímsson, de 57 anos, assumiu a Jamaica em setembro de 2022, ainda em meio às memórias dos milagres que conseguiu com a seleção de seu país.

O islandês teve uma carreira discreta como jogador, que conciliou com os estudos de odontologia e depois exercendo a profissão na remota ilha de Heimaey.

Como treinador, começou em clubes modestos no futebol feminino e foi progredindo até ser contratado pela seleção masculina em 2011.

Embora exerça o ofício de dentista cada vez mais esporadicamente, Hallgrímsson destacou que seu trabalho na área foi importante no seu desenvolvimento como treinador.

"Trabalhar como dentista me ajudou muito. Muitas pessoas têm medo de ir ao dentista, por isso você precisa buscar a melhor forma de falar com elas. Um você precisa deixar relaxado, com outro você precisa ser divertido, sério com o terceiro, mas rápido para se adaptar. O mesmo acontece com os jogadores".

- Primeira Copa do Mundo da Islândia -

Formando dupla com o sueco Lars Lagerback, Hallgrímsson levou a Islândia ao seu primeiro grande torneio, a Euro 2016, onde surpreendeu o continente ao eliminar a Inglaterra nas oitavas de final.

Depois de se despedir da competição com a derrota para a França e da posterior saída de Lagerback, Hallgrímsson assumiu a equipe e levou a Islândia à primeira Copa do Mundo de sua história, em 2018.

Representando um país de menos de 400 mil habitantes, a seleção islandesa empatou na estreia com a Argentina de Lionel Messi, mas acabou na lanterna do grupo após as derrotas para Nigéria e Croácia.

Ao sair da seleção, Hallgrímsson teve uma primeira experiência internacional como técnico do Al-Arabi do Catar (2018-2021), antes de aceitar o desafio de comandar a Jamaica.

Apesar das enormes diferenças culturais, o islandês se sente à vontade no país caribenho, onde tem às suas ordens um grupo de jogadores que atuam em ligas estrangeiras, como o Campeonato Inglês e a MLS.

"Vindo da Islândia, o calor não é bom, mas por sorte sempre tive um termostato pessoal estranho, por isso estou me dando bem", disse Hallgrímsson em uma entrevista ao site da Fifa. "Passo a maior parte do tempo na Jamaica, acho que é muito importante conhecer o povo e a cultura".

- "Uns jogam golf, eu sou dentista" -

Hallgrímsson quer voltar à Copa do Mundo com a Jamaica, seleção que só tem a experiência da edição de 1998, quando era treinada pelo brasileiro René Simões, e catapultar a crescente popularidade do futebol no país de Usain Bolt.

"Os jamaicanos estão loucos pelo futebol", comemora o técnico. "O atletismo é provavelmente o esporte mais popular. Seus velocistas são, com certeza, os melhores do mundo. Mas acho que o futebol vem depois".

Na última década, a Jamaica foi duas vezes vice-campeã da Copa Ouro (2015 e 2017) e, com Hallgrímsson, terminou a Liga das Nações da Concacaf na terceira colocação, em março.

Enquanto se esforça para construir um grupo com as individualidades jamaicanas, Hallgrímsson se desconecta do esporte de uma maneira muito particular: atendendo em seu consultório na Islândia.

"Alguns treinadores jogam golfe, fazem caminhadas ou o que for. Eu me dedico à odontologia", diz ele. "Gosto de ter sempre as mãos e a cabeça ocupadas. É uma boa maneira de tirar a mente do futebol e fazer algo diferente".

    AFP

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