Torcedores da Atalanta comemoram a vitória de seu time após assistirem em um telão a final da Liga Europa vencida contra o Bayer Leverkusen em Bérgamo, na Itália, em 22 de maio de 2024
Marco BERTORELLO
Torcedores da Atalanta comemoram a vitória de seu time após assistirem em um telão a final da Liga Europa vencida contra o Bayer Leverkusen em Bérgamo, na Itália, em 22 de maio de 2024
Marco BERTORELLO

A Atalanta foi campeã da Copa da Itália em 1963. Durante gerações, essa lembrança acompanhou os torcedores, que viram seu clube não conseguir erguer a segunda taça da sua história, até que nesta quarta-feira (22) veio a conquista da Liga Europa.

Um hat-trick do atacante nigeriano Ademolo Lookman (12', 26' e 75') derrubou o Bayer Leverkusen, invicto até então nesta temporada, na final em Dublin.

Mas acima de tudo, esses gols premiaram um clube emblemático do 'Calcio' que nos últimos anos foi assumindo um papel de maior destaque no futebol continental devido ao seu estilo de jogo atraente.

- Mitológica mas ainda sem grande tradição -

Desde a sua criação em 1907, a Atalanta [que faz referência em seu nome à heroína da mitologia grega criada pela deusa caçadora Ártemis] nunca foi campeã da Itália. Até agora, seu retrospecto estava limitado a uma linha, aquela Copa da Itália de 1963 que só os torcedores mais velhos lembram.

O clube de Bérgamo, cidade lombarda de 120 mil habitantes, é uma anomalia no futebol italiano: disputa a 63ª temporada da Serie A, de um total de 92 desde a criação do campeonato. Apenas nove clubes têm mais campanhas na elite e todos estão em capitais regionais, bem mais populosas, como Milão, Turim, Roma ou Florença.

A 'Dea' [a Deusa, representada em seu escudo como um reflexo de sua ancestralidade mitológica] não sai da primeira divisão desde 2012.

Atualmente, está em quinto lugar na Serie A, a dois pontos do pódio, e terminou na terceira colocação no campeonato italiano por três anos consecutivos (2018, 2019 e 2020). Na Liga dos Campeões de 2020 chegou a alcançar as quartas de final, quando perdeu por 2 a 1 para o PSG.

- Um ex-jogador como presidente e acionista -

A Atalanta adquiriu uma nova dimensão graças a um dos seus ex-jogadores, Antonio Percassi.

O ex-zagueiro (que disputou 110 jogos no campeonato entre 1971 e 1977) fez fortuna, depois de pendurar as chuteiras aos 25 anos, no setor imobiliário, abrindo lojas da Benetton e depois franquias na Itália da Starbucks e Nike, além de shopping centers e lançando a rede de cosméticos KIKO.

Primeiro como presidente, Percassi comprou o clube em 2010 por 14 milhões de euros na época (cerca de R$ 78 milhões pela cotação atual) e deu a ele a estabilidade financeira que lhe faltava. Em fevereiro, por 500 milhões de euros (R$ 2,78 bilhões), transferiu 55% do capital para um consórcio americano liderado por Stephen Pagliuca, chefe do fundo de investimentos Bain Capital e coproprietário da equipe da NBA Boston Celtics.

Percassi, de 70 anos, mantém um perfil discreto, algo que se destaca num país com dirigentes que gostam de declarações pomposas como Aurelio De Laurentiis (Napoli) ou Claudio Lotito (Lazio).

- A marca de Gasperini -

A verdadeira estrela da Atalanta é o seu treinador, Gian Piero Gasperini. No cargo desde 2016, uma eternidade para um clube da Serie A, ele é uma referência que inspira muitos outros pelo futebol ofensivo.

Antes de se transferir para a Atalanta, Gasperini transmitiu seus conhecimentos às categorias de base da Juventus. Ele se formou no Genoa e viveu um fracasso na Inter de Milão, onde foi demitido em setembro de 2011 após apenas três jogos. Depois foi trabalhar no Palermo e voltou para o Genoa.

Exigente com os seus jogadores e adepto do esquema 3-4-3, Gasperini, de 65 anos, também é famoso pelas suas declarações incendiárias, que podem ter com alvo árbitros, treinadores adversários ou jornalistas.

    AFP

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