A Agência Mundial Antidoping (Wada) pediu a um procurador independente que analisasse a forma com a qual lidou com o caso em que 23 nadadores chineses testaram positivo para um medicamento prescrito para o coração.
A Wada também enviará uma "equipe de auditoria" à China para reavaliar a situação atual do programa antidoping do país, informou a organização em um comunicado.
A instituição tem enfrentado críticas desde que a mídia noticiou no fim de semana que os nadadores testaram positivo para trimetazidina (TMZ) – que pode melhorar o desempenho – antes das Olimpíadas de Tóquio de 2021, mas não foram sancionados depois que a Wada aceitou o argumento das autoridades chinesas de que o caso ocorreu devido à contaminação de alimentos.
O diretor da Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada), Travis Tygart, descreveu a situação como um "possível encobrimento", afirmação que a Wada condenou categoricamente.
A Wada disse em um comunicado que pediu ao ex-procurador suíço Eric Cottier que revisse a forma como geriu o caso.
"A integridade e a reputação da Wada estão sendo atacadas. Nos últimos dias, a Wada foi injustamente acusada de grave parcialidade a favor da China por não ter recorrido do caso junto ao Tribunal Arbitral do Esporte."
- 'Acesso sem restrições' -
"Continuamos a rejeitar as falsas acusações e estamos satisfeitos por podermos colocar estas questões nas mãos de um procurador experiente, respeitado e independente", disse o presidente da Wada, Witold Banka, em um comunicado.
A Wada garantiu que Cottier terá acesso "completo e irrestrito" a todos os seus arquivos e documentos sobre o caso.
A equipe que viajará para a China incluirá "auditores independentes da comunidade antidoping em geral".
A Wada indicou que a visita fazia parte do seu programa regular de monitoramento de conformidade.
O Diretor Geral da Wada, Olivier Niggli, declarou: "Embora nenhuma evidência tenha sido apresentada para apoiar qualquer uma das alegações feitas contra a Wada, desejamos lidar com o assunto da maneira mais rápida e completa possível para que seja resolvido de forma adequada antes dos próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris".
A Usada, que na terça-feira fez um apelo por uma grande reforma da Wada, considerou nesta quinta-feira que a posição da organização relativamente às acusações "exemplifica o problema do sistema atual".
"Ao chamá-la de 'investigação independente', os dirigentes da Wada estão tentando nos enganar", alertou a Usada, que pede um "amplo alcance" na revisão "que seja constituída por um representante independente dos atletas e juristas imparciais respeitados com experiência antidoping designada por consenso governamental".
Por sua vez, Pequim descreveu as informações sobre o caso como "notícias falsas". Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, afirmou na segunda-feira: "Os relatórios relevantes são notícias falsas e não correspondem à realidade".