Zhang Yufei, da China, ganhou a medalha de ouro nos 200m borboleta nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 29 de julho de 2021
ODD ANDERSEN
Zhang Yufei, da China, ganhou a medalha de ouro nos 200m borboleta nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 29 de julho de 2021
Odd ANDERSEN

Pequim chamou nesta segunda-feira (22) de "notícia falsa" os relatórios de que 23 nadadores chineses testaram positivo para um exame antidoping antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021.

"Essas são notícias falsas que não correspondem à realidade", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

A três meses da cerimônia de abertura dos Jogos de Paris (de 26 de julho a 11 de agosto), uma investigação realizada pela televisão pública alemã ARD e o The New York Times revelou que 23 dos melhores nadadores chineses testaram positivo no começo de 2021 para trimetazidina, uma substância proibida desde 2014, porque melhora a circulação sanguínea.

É a mesma substância pela qual a patinadora russa Kamila Valieca foi suspensa por quatro anos a partir de 25 de dezembro de 2021.

Treze dos nadadores que haviam testado positivo conseguiram competir em Tóquio depois que a autoridade mundial antidoping (WADA) aceitou uma investigação chinesa que afirmou que os esportistas ingeriram a substância de forma acidental devido a uma contaminação alimentar.

- Contaminação acidental -

Diversos nadadores ganharam medalhas na competição, incluindo várias de ouro: Zhang Yufei (nos 200m borboleta e revezamento 4x200m livre), Wang Shun (200m medley) e Yang Junxuan (4x200m livre).

É provável que muitos desses nadadores compitam nas Olimpíadas de Paris.

Em um comunicado divulgado no sábado, a WADA explicou como procedeu. Devido a restrições na época relacionadas à pandemia de covid-19, seus investigadores não puderam viajar.

Entretanto, especialistas independentes foram consultados para testar a hipótese de contaminação da CHINADA. A WADA concluiu que "não estava em posição de refutar a possibilidade de contaminação como fonte da trimetazidina".

"Presumo que vocês estejam informados de que a Agência Mundial Antidoping emitiu uma resposta muito clara", disse Wang nesta segunda-feira, referindo-se à declaração do último sábado.

A "investigação minuciosa e detalhada" desse incidente realizada pelas autoridades chinesas concluiu que "os atletas em questão ingeriram drogas contaminadas" sem saber disso, insistiu Wang, acrescentando que "a WADA confirmou as conclusões do centro antidoping chinês".

Na mesma linha, a Federação Internacional de Natação (World Aquatics) disse nesta segunda-feira que havia "examinado minuciosamente" os resultados positivos e buscado a opinião de especialistas independentes.

"A World Aquatics está convencida de que (esses exames) foram realizados com diligência e profissionalismo e de acordo com todos os regulamentos antidoping aplicáveis", disse o órgão à AFP.

As revelações, no entanto, levaram a um embate e a um fogo cruzado de comunicados à imprensa entre o chefe da Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA), Travis Tygart, e a WADA.

Tygart acusou a WADA e a CHINADA de varrerem os "positivos para debaixo do tapete", citando "falhas flagrantes".

- "Nem culpados nem responsáveis" -

Uma acusação "politicamente motivada" com o objetivo de "minar o trabalho da WADA", reagiu a agência sediada em Montreal, lembrando que no passado havia aceitado conclusões semelhantes às da USADA para casos de contaminação de atletas americanos.

"Os nadadores chineses envolvidos não foram culpados nem responsáveis por negligência e seu comportamento não constituiu uma violação da regra antidoping", reiterou o porta-voz do governo.

"Eu também gostaria de enfatizar que o governo chinês sempre manteve uma posição de tolerância zero em relação ao doping", disse ele.

Wang também disse que seu país defende a "disputa justa em competições esportivas" e que a China "tem contribuído ativamente para a luta global contra o doping".

Pequim também teve o apoio de Denis Cotterell, um técnico australiano que trabalhou com a federação chinesa por mais de uma década, especialmente com a atleta Sun Yang.

Em entrevista ao jornal Sydney Morning Herald, da Austrália, Cotterell rejeitou "qualquer ideia de doping orquestrado" pelas autoridades chinesas.

"A ideia de que esse é um fenômeno sistêmico está muito distante do que eu vi. Infelizmente, essa suspeita nasceu há 30 anos, na década de 1990", disse ele.

A natação chinesa foi afetada por vários casos de doping nas últimas décadas. Nos Jogos Asiáticos de 1994 em Hiroshima, no Japão, sete nadadores testaram positivo para esteroides.

Em 1998, a nadadora Yuan Yuan foi suspensa depois que os funcionários da alfândega australiana descobriram grandes quantidades de hormônio de crescimento em suas malas enquanto ela viajava para o Campeonato Mundial em Perth.

    AFP

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!