Jaguar TCS Racing abre os boxes ao iG antes da estreia em SP

Equipe recebeu o portal iG em São Paulo na véspera da corrida que inaugura o campeonato 2025/2026

Gen3 EVO de Mitch Evans, na Jaguar TCS de Fórmula E
Foto: Fernando Naccari/Portal iG
Gen3 EVO de Mitch Evans, na Jaguar TCS de Fórmula E

A véspera da primeira etapa da Fórmula E 2025/2026 trouxe uma movimentação incomum aos arredores do Anhembi, onde a pista de rua toma forma para receber carros, equipes e fãs. Foi nesse clima de estreia, nesta sexta-feira, que a Jaguar TCS Racing abriu seus bastidores ao iG para revelar como tecnologia, estratégia e colaboração moldam a preparação para a corrida de São Paulo.

A visita ocorreu poucas horas antes do início oficial das atividades do e-Prix, oferecendo um retrato raro da rotina de um time que chega ao Brasil pressionado por resultados, mas confiante no pacote técnico para a nova temporada.

O novo papel de Ian James e a diferença entre F1 e Fórmula E

Assumindo sua primeira temporada completa na Jaguar, Ian James, chefe de equipe da Jaguar TCS Racing, destacou como a mudança para a Fórmula E representou um retorno à engenharia, algo que ele diz ter sentido falta em suas temporadas recentes por  McLaren e na Mercedes.

Ian James, chefe de equipe da Jaguar TCS Racing
Foto: Fernando Naccari/Portal iG
Ian James, chefe de equipe da Jaguar TCS Racing


“Na McLaren nós éramos uma equipe cliente, não desenvolvíamos nosso próprio carro. Aqui, na Jaguar, posso voltar ao lado de engenharia, algo que sempre me motivou”, explicou, ao comentar a principal diferença entre trabalhar na F1 e na categoria.

Segundo James, a Jaguar se destaca pela eficiência do powertrain e pela forma como o sistema lida com energia, algo fundamental em pistas urbanas. Ele destacou que a equipe sempre teve criatividade, mas precisava de processos mais sólidos. Sua meta, afirma, é unir a velocidade de reação do time a uma estrutura mais consistente para transformar bom potencial em vitórias.


A véspera da etapa paulistana também trouxe preocupação adicional: o calor registrado na cidade . James foi direto sobre o impacto do clima no Gen3 EVO. “Amanhã deve fazer mais de 30 graus, e isso tem impacto. Quando regeneramos energia, também colocamos calor na bateria, e quanto maior a temperatura ambiente, mais desafiadora é a situação” , disse.

Para ele, gerenciar temperatura será tão importante quanto extrair desempenho.

Mitch Evans: preparação digital, desafio climático e o peso emocional de correr no Anhembi

Para Mitch Evans, piloto da Jaguar TCS Racing,  São Paulo não é apenas mais uma corrida no calendário. O piloto deixa claro que existe uma relação emocional com o circuito construído nos arredores do Anhembi. “Com certeza. Muito depende do sucesso que eu tive aqui. Mas eu também sei que este país, especialmente esta cidade, tem muito histórico com o Senna e com o Piquet. Então sempre traz muita paixão para os fãs”, disse, destacando o ambiente particular que encontra no Brasil.

Foto: Fernando Naccari/Portal iG
Mitch Evans, piloto da Jaguar TCS Racing


Evans admite que voltar a um lugar onde já venceu mexe com a confiança.Você sempre se sente bem quando volta a uma corrida que ganhou no passado” , afirmou, mesmo lembrando que a etapa paulista do ano anterior trouxe dificuldades inesperadas antes da recuperação nos quilômetros finais.

Assim como Ian James, o piloto também projeta um fim de semana influenciado pelo calor, e reconhece que ele é um fator que muda a pilotagem. “Obviamente, em um ambiente assim, é quente. Então eu gosto de fazer um banho de gelo antes da corrida, mas tentando ficar calmo e relaxado”, contou. Segundo ele, hidratação e rotina pré-prova são tão importantes quanto qualquer ajuste de acerto.

Mas é na tecnologia que Evans sente o maior impacto da atual Fórmula E. Ele explica que a TCS tem papel direto na forma como o carro chega preparado para a pista. “A telemetria ajuda de várias maneiras, especialmente correlacionando os dados. Se a gente estiver na pista hoje, toda essa informação vai voltar para a base no Reino Unido, e o nosso piloto de simulador vai começar a fazer voltas para tentar nos ajudar a ser melhores para amanhã”, afirmou.

Essa integração entre pista e fábrica continua viva durante todo o fim de semana. “Até a prática de amanhã, vamos continuar correlacionando as coisas para ter certeza de que não estamos perdendo nada na pista” , completou. Para ele, o simulador não substitui o instinto do piloto, mas dá uma vantagem significativa ao permitir que a equipe identifique pontos fracos e os ajuste em tempo quase real.

Ao avaliar o estado atual do carro, Evans destaca que o foco da equipe está menos no hardware e mais no refinamento. “É um modo contínuo de tentar desenvolver o software, o set-up mecânico para melhorar cada tipo de pista e clima” , explicou. Embora o Gen3 EVO permaneça praticamente igual ao do ano passado, ele acredita que pequenos acertos podem resultar em ganhos importantes, especialmente em um circuito imprevisível como São Paulo.

Por fim, Evans não esconde que a estreia da temporada sempre traz incertezas, sobretudo com a mudança de geração. “Eu não sei quais serão as melhorias esportivas, ainda tenho muita dúvida sobre como vai ser a corrida... ainda são novos tempos para o Gen3 EVO” , comentou, ressaltando que há mais perguntas do que respostas até o primeiro treino oficial.

François Dossa explica por que Jaguar e TCS trabalham de forma integrada

A parceria entre Jaguar e TCS nasceu com uma missão clara: desenvolver tecnologia para o carro de corrida e, depois, transferi-la para a linha de veículos de rua.

François Dossa, diretor executivo de Estratégia e Sustentabilidade da TCS, e que já ocupou cargos executivos na Jaguar Land Rover, descreve o simulador digital twin como o coração dessa integração.

“Esse digital twin é absolutamente perfeito. Quando (o piloto) chega para correr, ele já correu antes no modelo virtual, com todas as características da pista reproduzidas com precisão”, afirmou.

O executivo ainda detalhou um segundo pilar: o modelo matemático V3M, que alimenta o simulador da Jaguar. Ele serve para prever cenários, validar estratégias e preparar o piloto para condições extremas, como variações de clima ou mudanças de aderência típicas do Anhembi.

Para Dossa, a Fórmula E evoluiu para um campo de testes estratégico, tanto para desempenho esportivo quanto para inovação industrial. Ele ressalta que a Jaguar depende desse avanço para enfrentar a concorrência, sobretudo num cenário em que as marcas chinesas aceleram o domínio no setor elétrico.

Serviço: 

  • E-Prix São Paulo – Abertura da Temporada 2025/26 Data: 6 de dezembro (sábado) 
  • Horário: a partir das 7h da manhã Local: Sambódromo do Anhembi, São Paulo (SP)
  • Classificação etária: Livre (menores de 16 acompanhados por responsável) 
  • Ingressos: a partir de R$ 174,50 - Vendas via plataforma Fever