A Canadian Football League (CFL) escolheu, neste mês, 3 brasileiros para uma oportunidade de jogar na liga, por meio do Draft Global que acontece uma vez ao ano. E exportar atletas nossos para lá é um feito inédito e que deve ser muito comemorado, porque abre um mar de oportunidades aos atletas que buscam se preparar e disputar o esporte em alto nível no Brasil. E, mesmo que a liga de futebol americano canadense - que tem algumas regras diferentes do esporte tradicional jogado por aqui e na NFL - não seja o topo para um jogador jovem que deseja trilhar a carreira no exterior, esta é uma chance rara, mas que deve se tornar cada vez mais a nossa realidade.
A CFL é a principal liga profissional de ‘futebol americano’ no Canadá e foi fundada em 1958. Nela, nove equipes sediadas em nove cidades diferentes disputam o título, divididas em duas divisões: Divisão Leste e Divisão Oeste. E, pela primeira vez na história, este Draft Global, que busca encontrar talentos fora da América do Norte, selecionou jogadores brasileiros. Entende a dimensão do fato? Sim, é algo grande.
O 1º brasileiro a aparecer na lista foi o Linebacker do Galo FA (equipe vinculada ao Atlético-MG), Ryan David, selecionado na 2ª rodada, na 12ª escolha, pelo Calgary Stampeders. Ainda, elegível para o Draft Global, outro brasileiro que apareceu entre os selecionados foi Rafael Gaglianone, um nome já conhecido do público que gosta de acompanhar futebol americano no Brasil. O Kicker jogou na Universidade de Wisconsin (Badgers), uma das maiores dos Estados Unidos, ao lado de já estrelas da NFL. E, na 3ª rodada do Draft, mais uma surpresa: Otávio Amorim, OL do T-Rex. Selecionado pelo Toronto Argonauts.
Com exceção de Gaglianone, os jogadores estiveram presentes no Combine (uma série de testes) realizado pela própria liga, em São Paulo, no início de 2022. Eles se destacaram e foram escolhidos. Mas como isso realmente impacta o cenário do futebol americano nacional?
Ryan e Otávio são jogadores formados no Brasil. Começaram em equipes do próprio futebol americano nacional, tiveram experiências no exterior (Ryan Gomes, no UDLAP Aztecas e Otávio Amorim, no Berlin Thunder), mas podemos afirmar que são “pratas da casa”. E ter isso em mente, principalmente para os jogadores mais jovens que têm começado agora, seja nas categorias de base de cada equipe, elencos principais ou em uma RFA, que busca treinar atletas com um projeto para crianças e adolescentes, pode mudar realmente o futuro de cada um. Isso porque, agora, Ryan, Otávio e Rafael mostraram que existe um mundo além da NFL, onde pode-se ganhar bons contratos (em dólares canadenses), seguir uma carreira no esporte e, quem sabe, ainda chegar na National Football League.
Vou te dar um exemplo. As Olimpíadas deixaram claro o quão importante é investir no esporte dentro do Brasil e, principalmente, focar no trabalho que é feito com as crianças desde a introdução delas em cada modalidade. A própria Rayssa Leal, ou melhor, nossa “Fadinha”, deixou isso escancarado após ganhar uma medalha de prata em uma das provas mais concorridas do Skate Park.
Segundo o Valor Econômico, após os Jogos Olímpicos de Tóquio, os sites de compras como Mercado Livre e OLX registraram recordes de vendas de patins e skates, com aumento de 50% na categoria. E isso pode acontecer, também, com o futebol americano.
É claro que sabemos que a entrada dos brasileiros na CFL não vai causar essa explosão significativa de investimento e vendas imediatamente. Mas, sem dúvidas, esse será mais um motivo para que jovens continuem a entrar e se dedicar seriamente nesta modalidade, que é uma das que mais cresce no Brasil. E, futuramente, com mais ídolos no esporte, a tendência é que este tipo de “boom” também aconteça.
E pode ter certeza que, agora que a porta para os brasileiros foi aberta, nós, que não gostamos de perder uma oportunidade e batalhamos todos os dias com unhas e dentes, vamos nos mostrar ainda mais para o mundo nesses próximos anos. Isso é apenas o começo.