Em forte depoimento, Casagrande fala de 'ferida na alma' e relação com os haters na internet
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Em forte depoimento, Casagrande fala de 'ferida na alma' e relação com os haters na internet


Ex-jogador da Seleção Brasileira e do Corinthians , Walter Casagrande falou sobre vício em drogas, internação, luta pela sobriedade e relacionamento com os haters da internet durante o programa "Bem Juntinho", do canal 'GNT'.

Casão relembrou de um momento de desespero em que pensou em contratar alguém para matá-lo. O ex-jogador destacou que aquela situação fez parte de sua virada de chave para a sobriedade.

- Teve um momento ali na Vila Madalena onde eu parava para me aplicar (drogas). (O caso aconteceu em) um dia que eu estava muito drogado à noite. Eu precisava ir para casa e eu não conseguia parar de usar. E eu pensei o seguinte: vou pagar um cara para matar uma pessoa que vai ficar na outra rua. E essa pessoa era eu - iniciou Casão, surpreendendo os demais participantes da atração.

- Mas o meu pensamento era de morrer naquele momento, mas no outro dia eu queria acordar. Era uma morte meio que salvação, por que eu gosto de viver - concluiu.

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Casagrande durante o

Casagrande é comentarista esportivo da Globo (Reprodução / TV Globo)

ATAQUES NA INTERNET
Casagrande falou sobre os ataques de internautas a sua condição de dependente químico em recuperação. Segundo ele, muitas das vezes elas acontecem por causa de divergências políticas. O ex-jogador é abertamente crítico do governo de Jair Bolsonaro . Por esse motivo, Casão entende que as pessoas o atacam por entender que os termos "viciado" e "drogado" atingem a alma.

- Sobre os termos: eu sou uma pessoa, por causa do meu posicionamento político, atacado demais. Eu posto nas redes sociais e os ataques são: "viciado, drogado, financiador do tráfico". O preconceito ele não ataca fisicamente, ataca na alma. A maior dificuldade é cicatrizar a ferida na alma. Hoje em dia eu aprendia lidar com isso. As pessoas mentem, elas dizem: "drogado". Mentira, eu não uso drogas. E eu falo paras pessoas que não perdi minha loucura, mas minha droga é minha sobriedade.

"FUI SÓBRIO E VOLTEI SÓBRIO"
Casagrande relembrou a vitória conquistada na Copa de 2018: ir para a Rússia e voltar sem usar drogas, frase que repercutiu nas redes sociais durante a competição.

- Quando eu estava embarcando para a Copa, a repórter do Fantástico me perguntou: Casão, qual é o seu objetivo na Copa? Ai eu disse: Meu objetivo é chegar sóbrio, ficar sóbrio e voltar sóbrio para minha casa. Então eu me dei o troféu da Copa do Mundo, pois eu consegui. Até a Copa de 2018 eu não me achava salvo. Eu achava que corria riscos. Eu precisava de uma prova concreta - analisou.

Galvão e Casagrande

Casão cobriu a Copa de 2018 na Rússia (Reprodução/Globo)

O comentarista esportivo falou ainda sobre o sentimento causado pela droga e os picos de prazer que se assemelham, segundo ele, a marcar um gol com estádio cheio.

- Quando eu fui internado eu comecei a fazer um tratamento pra sair, porque o único prazer que conhecia era a droga. Então eu fui para o teatro, cinema, fui caminhar no Ibirapuera. Eu tive que me habituar com o prazer mediano que a vida dá. E para quem está acostumado com prazer lá em cima, pico de prazer, o mediano é sem graça - disse.

- Eu não tinha medo de nada, eu usava qualquer tipo de droga e usava para cacete! Eu fui me conhecendo através da minha internação. Eu não sabia como eu era. Eu só sabia um jeito do Walter: muito louco. Com o passar do tempo de uso de drogas as coisas foram modificando para pior. Comecei a ser escravo da droga. O pico de prazer de um gol em uma final se iguala ao uso de drogas. Porque quando você faz o gol você explode, mas no mesmo momento abaixa pra você jogar de novo e ao mesmo tempo você quer de novo. Então isso vicia - explicou.

Walter Casagrande

Casagrande fala sobre a luta contra o vício em palestras (Divulgação/ CDN Comunicação)

Para finalizar, Casagrande destacou os motivos de falar abertamente da sua dependência. Ele entende que isso pode ajudar outras pessoas a acharem seu caminho para a cura.

- Eu estava internado, ninguém sabia onde eu estava por 9 meses. Um dia, uma repórter da (revista) Época foi na clínica, ela descobriu que eu estava lá e eu dei uma entrevista para a Época. E eu pensei: não posso esconder das pessoas que são como eu que eu estou encontrando meu caminho, tenho que incentivar as pessoas a tentar encontrar o caminho delas. E eu comecei a fazer palestras. Eu falo a verdade da minha vida, eu falo direto. Eu não falo que droga é ruim para ninguém. A droga é gostosa. O perigo da droga é que ela é gostosa. Ela te entrega algo que não existe. Que é o prazer enorme sem estar acontecendo nada. Então sou muito direto.

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