Marcelo Paz, do Fortaleza, critica critério de engajamento da Libra, mas mostra otimismo por acordo
Luiza Sá
Marcelo Paz, do Fortaleza, critica critério de engajamento da Libra, mas mostra otimismo por acordo


Vinte e cinco clubes das Séries A e B se reuniram nesta sexta-feira em um hotel na zona sul do Rio de Janeiro para avançar no debate sobre a criação da Liga. Uma das vozes ativas no grupo que atualmente discorda da Libra (Liga Brasileira formada por 10 clubes), o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, se mostrou otimista após o encontro. Ele garante que todos têm o mesmo objetivo, mas ainda precisam discutir alguns pontos.

- Quando falamos de discussões e avanços, acho que já avançamos muito quando existem somente dois grupos. Poderiam ser 40 cabeças pensando diferente. Têm dois entendimentos, que precisam se juntar para um entendimento único. Espero que seja logo. Há uma sinalização desse grupo que quer o diálogo, está aberto a discutir e a partir daí daremos um passo. Não quero estabelecer um prazo. Porque quando estabelecemos prazos, estabelecemos um limite e de repente não é cumprido. ''E aí tem tal prazo e não cumpriu. Será que não vai dar certo?''. O desejo é de todos. Todos os 40 clubes querem a criação da Liga, com parâmetros que sejam justos para todos.

Uma das mudanças importantes é com relação à divisão das receitas, o principal ponto de discordância entre os grupos. Com os dois lados cedendo, os números do momento estão em 45% igualitários, 30% de performance e outros 25% por engajamento. Esse último critério causa bastante debate pois é considerado por todos como subjetivo. Na Libra, ele engloba critérios como média de público no estádio, base de assinantes de pay-per-view, número de seguidores e engajamento em redes sociais, audiência na TV aberta e torcida.

- É um critério extremamente frágil, porque existem robôs e compras de seguidores. Existem parâmetros que podem ser manipulados. Então, isso não pode servir como base para dividir dinheiro. Tamanho da torcida: como se mede com exatidão e precisão? Reflete comercialmente? Muitas vezes não. Muitas vezes um clube tem uma torcida muito maior, mas quando você vai para parâmetros comerciais de aquisição e venda, não se reflete tanto - explicou.

- São dois pontos que podem ser mais discutidos. Volto a dizer, acho que medir audiência é o parâmetro mais justo. É isso que faz a diferença de um clube que tem mais marca, peso e atração. E é justo que esse clube ganhe mais. Porém, quando ele joga com um clube de menor porte, aquela audiência vai para o clube de menor porte. Na soma e na média, vamos saber quem dá mais audiência e quem vai ganhar mais em função disso - completou.

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza (Foto: Marina Garcia/Fluminense FC)

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MELHOR FORMA DE MEDIR ENGAJAMENTO


- A melhor forma de medir é através de audiência. Por que? De onde que entram os valores dos direitos de transmissão? Da compra dos direitos de transmissão. Então tem compra que é audiência. É fácil medir e têm parâmetros para isso. Na TV aberta é possível. Na TV fechada e streaming medem numericamente e com precisão. Então, quem tem mais audiência merece sim ganhar mais. Até porque um time não joga sozinho, ele joga com alguém. A audiência daquele jogo vai entrar também para o outro time, que tem um apelo um pouco menor. Esse seria o melhor critério, o mais justo e é essa a busca do entendimento. É importante deixar claro que se busca esse entendimento e um avanço. Mas tem que ser firme, porque estamos decidindo o futuro dos nossos clubes por muitos anos.

PAPEL DA CBF

- A CBF é a entidade máxima do futebol brasileiro. O presidente Ednaldo já falou abertamente, inclusive no seu discurso de posse, que defende a criação da Liga no Brasil e que deve acontecer. Nos estatutos da Fifa, CBF, e da Conmebol recomendam e permitem a criação de Liga. E em algum momento a CBF vai entrar nas principais ligas do mundo, a relação entre a Liga e a Federação é harmônica. É assim na Inglaterra, na Espanha, na Itália e na França. Tem que ter harmonia e diálogo e, talvez, até uma divisão de tarefas. Por exemplo, o Departamento de Registros da CBF é excelente. O Departamento de Competições é muito bem conduzido. Então, por que não aproveitar esses institutos que já existem, em favor da Liga e os clubes vão para questão comercial e outros parâmetros? A CBF já sinalizou claramente, através de seu Presidente, que concorda e apoia. Não está entrando nas discussões agora, para que os clubes tenham esse entendimento e vai entrar num futuro próximo, quando acredito eu, que tivermos esse entendimento.

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