O poder do surfe como terapia
Leonardo Fabri
O poder do surfe como terapia


Surfar é o melhor remédio. Embora essa frase pareça um slogan de uma escolinha de surfe, ela reflete a ideia do médico Guillaume Barucq, que ficou conhecido em Biarritz, na França, por receitar aulas de surfe a seus pacientes para diminuir a dependência de remédios antidepressivos e combater doenças cardiovasculares e respiratórias.

No Brasil, o professor de surfe Moacyr Carvalho Filho, conhecido como "Nenzinho", embora não seja um especialista em medicina, foi testemunha ocular, ao longo de seus 26 anos de experiência, de histórias que comprovam a eficiência do esporte como recurso para curar ou pelo menos aliviar mazelas tanto físicas quanto psicológicas.

"Tenho histórias de alunos que se livraram das drogas, que melhoram a autoestima, alunos que conseguiram superar limitações físicas… tive um aluno peruano que vivia estressado e esse estresse provocava manchas no corpo dele. Depois que o surfe entrou na vida dele, o estresse diminui e as manchas sumiram", lembra o professor.

Existem alguns programas pelo mundo aproveitando os "princípios ativos" desse "remédio" chamado surfe. Nos EUA, tem um projeto para amenizar os traumas de guerra de ex-combatentes do exército. Na Holanda, um grupo de fisioterapeutas utiliza a rotina da modalidade para recuperar vítimas de acidente vascular cerebral (AVC). Na Inglaterra, é utilizado como tratamento para doenças psiquiátricas infantis.

Para todos os gêneros e idade

Capixaba da Barra do Jucu, em Vila Velha, "Nenzinho" iniciou sua trajetória no surf aos 13 anos. Hoje, aos 50, lidera a própria escolinha, a Kymerson Surf School, que atende aspirantes a surfistas de todas as idades, entre brasileiros e estrangeiros. Um dado interessante é o recente aumento da procura por parte das mulheres.

"Hoje na escolinha tenho mais alunas que alunos. A mulherada se dedica mesmo e a procura é grande, principalmente depois dos títulos do Gabriel Medina e do Italo Ferreira. A popularidade do surfe vem aumentando e isso me deixa feliz porque cada vez mais gente está podendo usufruir dos benefícios desse esporte tão maravilhoso."

"Nenzinho" é pai de Krystian Kymerson, atual bicampeão brasileiro e único capixaba a vencer uma bateria na WSL (World Surf League), principal evento da modalidade no mundo. O surfista, inclusive, foi o primeiro aluno da escolinha que carrega seu nome, quando ainda tinha 3 anos de idade.

"Eu já coloquei ele para surfar aos 3 anos. Botava a prancha na beira da areia, a onda batia no fundo da prancha e ele flutuava. Eu vi que ele gostava e não parei mais de incentivá-lo. Através dele, tive esse primeiro incentivo para dar aula. Depois ensinei a minha outra filha, Krystielle, aos 4 anos, e o caçula, Kallebe, aos 2", lembra.

"Meus alunos mais novos agora são meus netinhos, Kaleu, que tem 1 ano e 3 meses, e Kían, que tem 1 ano e 6 meses. Claro que eles ainda não surfam sozinhos, mas eles já sentem o gostinho de surfar na prancha dos tios. Surfe é isso. Surfe é família, é emoção, é vida. Agradeço tudo isso ao surfe", completa o professor.

É imprescindível que os iniciantes, independentemente da idade, tenham o monitoramento de surfistas experientes na água, tendo em vista que o mar pode oferecer uma série de perigos. Além disso, quanto mais instruções, mais rápida é a evolução do aluno. Por isso, os interessados em buscar qualidade de vida através do surfe devem procurar por escolinhas capacitadas.

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