Instabilidade, filosofia e problemas com jogadores: como Fernando Diniz retorna ao Fluminense
Luiza Sá
Instabilidade, filosofia e problemas com jogadores: como Fernando Diniz retorna ao Fluminense


O Fluminense já tem um nome preferido para assumir o comando do time depois da saída de Abel Braga na última quinta-feira. Fernando Diniz deve confirmar seu retorno às Laranjeiras quatro anos depois de ser demitido. Ex-jogador do próprio Tricolor entre 2000 e 2003, o treinador ganhou mais experiência em clubes grandes desde a saída em 2019 mantendo a filosofia de ter posse e prezar pela ofensividade. No entanto, ainda tem problemas com a falta de regularidade.

Contratado em dezembro de 2018, Diniz deixou o Fluminense com 44 jogos, 18 vitórias, 11 empates e 15 derrotas. Foram 71 gols marcados e 48 sofridos, tendo 49,2% de aproveitamento. Naquele momento o Flu estava em 18º lugar na tabela do Brasileirão, com 12 pontos e a segunda pior defesa do torneio, atrás apenas da Chapecoense.

Apesar de jogar bonito, o time tinha muita dificuldade de marcar os gols. Por isso, o treinador foi pressionado e Celso Barros, vice-presidente eleito e que comandava o futebol, convenceu a diretoria pela demissão. A relação com os jogadores, porém, era boa, tanto que uma parte do elenco que trabalhou com o treinador na época incentivou o retorno agora.

Veja a tabela da Série A do Brasileirão

O último trabalho de Fernando Diniz foi no Vasco. Contratado em setembro de 2021, ele chegou já na 23ª rodada do Campeonato Brasileiro para tentar fazer o time subir para a Série A. Naquele momento, o Cruz-Maltino estava em 10ª na tabela e vinha muito mal na temporada. No fim, o time seguiu com atuações ruins e não conseguiu a classificação. Com a confirmação da permanência na Série B, Diniz nem chegou a comandar o elenco nas últimas três rodadas, deixando o clube em 11 de novembro .

O Vasco de Diniz durou 12 jogos com apenas quatro vitórias. Foram também três empates e cinco derrotas, num total de 41,6% de aproveitamento. Foi o terceiro técnico do Cruz-Maltino na Série B do Campeonato Brasileiro, e o que teve aproveitamento mais baixo.

Antes disso, Fernando Diniz passou por Santos e São Paulo. Uma coisa foi comum aos dois clubes: pesou muito a forma como ele lidava com os jogadores, especialmente publicamente. No entanto, o trabalho no Peixe durou quatro meses entre maio e setembro de 2021 e não foi bom. Já no Tricolor Paulista, o treinador ficou de setembro de 2019 a fevereiro de 2021 e chegou a sonhar com o título do Brasileirão em 2020, mas viu a equipe cair muito de desempenho. Veja a seguir a avaliação de quem acompanhou de perto:

Gabriel Santos, setorista do São Paulo no LANCE!

Fernando Diniz chegou em setembro de 2019 para substituir Cuca. A chegada foi curiosa porque causou um impacto no pedido de demissão do então coordenador técnico Vagner Mancini, que dirigiria o time como interino diante do Flamengo, em jogo que foi a estreia do Diniz no Tricolor. A passagem foi repleta de altos e baixos. Conseguiu classificar o São Paulo para a Libertadores de 2020, terminando o Brasileiro na sexta colocação e fez uma boa primeira fase do Paulista em 2020.

No entanto, passada a pandemia, o time perdeu do Mirassol, que havia se remontado, e foi eliminado em pleno Morumbi. Colecionou outras eliminações, como na fase de grupos da Libertadores, fase em que o São Paulo não era eliminado desde 1987, na Sul-Americana e na Copa do Brasil. O que mais pesou, porém, foi o Brasileirão. O São Paulo chegou a liderar a competição com sete pontos de vantagem, mas nas últimas rodadas despencou e terminou o torneio na 4ª posição.

Tudo começou a desmoronar depois da discussão do Diniz com o Tchê Tchê na derrota por 4 a 2 para o Red Bull Bragantino. O entrevero causou grande repercussão e foi sentido pelo elenco e pelo próprio treinador, que chegou a pedir desculpas publicamente. No entanto, alguns líderes do time, como Daniel Alves e Juanfran gostavam da forma como Diniz gerenciava os jogadores. Mas essa relação estremecida com boa parte dos jogadores, na minha opinião foi fundamental para sua saída. Ele foi demitido com 74 jogos, sendo 34 vitórias, 20 empates e 20 derrotas.

Fábio Lázaro, ex-setorista do Santos no LANCE!

O Fernando Diniz chegou ao Santos em um momento em que a aposta do clube na temporada, o argentino Ariel Holan, deixou o clube por pressão da torcida uniformizada. Por conta da baixa qualidade técnica, o treinador não conseguiu implantar o trabalho que costuma, de posse de bola ampla e saída de jogo em trocas de passes. Além disso, a forma que Diniz lidava explicitamente com os jogadores, principalmente os mais jogos, foi preponderante para a ausência de sucesso do treinador no Peixe.

Fluminense e Fernando Diniz estão com tratativas avançadas e devem confirmar o acordo ainda neste fim de semana. Quem comanda a equipe na próxima rodada do Campeonato Brasileiro, porém, é Marcão. O Tricolor encara o Coritiba neste domingo, às 16h, no Couto Pereira.

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