Clubes de São Paulo que dependem do estadual relatam dura realidade: 'O segundo semestre é cruel'
Gabriel Teles*
Clubes de São Paulo que dependem do estadual relatam dura realidade: 'O segundo semestre é cruel'


A cada ano que passa, a extinção dos estaduais é lembrada e aclamada por parte dos torcedores - e também da imprensa - de futebol. Alguns defendem a decisão por problemas de calendário, outros alegam que a competição já perdeu a relevância, e ainda tem aqueles que até acabam propondo a criação de mais divisões do Campeonato Brasileiro . De qualquer forma, a realidade é que a competição existe e, para uma parcela significativa dos clubes, é vital.


No Brasil existem mais de 650 times profissionais e, nas divisões nacionais, apenas 124 clubes ocupam as séries A, B, C e D. Grande parte das equipes tem o estadual como principal, ou única, competição do ano. Leandro, goleiro que disputou a série A2 do Campeonato Paulista pela Portuguesa Santista, deu detalhes, em entrevista ao LANCE! , sobre como é o real impacto do torneio na temporada do profissional e do elenco.

- No estadual, o clube recebe uma cota da Federação, direito de televisão e, naturalmente, pela visibilidade, os patrocínios são melhores e se tem mais renda de público pela atração de se jogar um Paulistão. Já na Copa Paulista, o clube não conta com esses apoios da Federação e televisão, então, a renda fica muito menor e os gastos são quase os mesmos. Por isso, existe a dificuldade dos clubes no segundo semestre, não só em Copas, mas também nos Brasileiros da séries C e D - explicou o goleiro.

​GALERIA > Veja os campeões estaduais já definidos e como estão as competições em andamento

Leandro irá se transferir por empréstimo para o Anápolis-GO, pois ainda não houve definição se a Briosa irá jogar a Copa Paulista nessa temporada. Não é a primeira vez que o atleta se transfere para outro clube por empréstimo no segundo semestre. Em 2021, o goleiro jogou a outra metade do ano pelo Taubaté. O Vice-presidente da Briosa, Emerson Coelho, explica esse movimento de parte do elenco:

- É uma questão de estratégia, porque se não for disputar outra competição, não faz muito sentido a gente ficar com elenco inteiro aguardando pro Campeonato Paulista do ano que vem. Normalmente, a Portuguesa mantém alguns atletas, aqueles que são interesses estratégicos para o clube e, se não disputar mais nada, a Portuguesa empresta - refletiu o dirigente.

Quando questionado sobre grupos que pedem o fim dos estaduais, o representante do clube do litoral paulista foi enfático ao ressaltar a importância da competição.

- O Brasil é um país de dimensões continentais, não há muito como comparam com a Europa. Os campeonatos estaduais são essenciais para o futebol brasileiro respirar, eles são mais importantes, a meu ver, num país de dimensões continentais como o Brasil, do que os Campeonatos Brasileiros. Porque são os estaduais que mantém os clubes em atividade, eles que são celeiros de jogadores - opinou o vice-presidente.

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Um clube que já viveu momentos áureos no futebol brasileiro e, hoje, depende bastante do Campeonato Paulista é o São Caetano. Mauricio Reigado, diretor geral do clube, conta qual é relevância do torneio estadual para o atual momento do Azulão.

- A importância é gigante! É nossa principal competição, nosso carro chefe. Mesmo com a eliminação precoce deste ano, já estamos trabalhando para o ano que vem. Vamos entrar na Copa Paulista para buscar o título, mas o grande objetivo é construir uma base sólida para o Paulistão 2023 - declarou o representante.

Atualmente no formato de SAF (Sociedade Anônima de Futebol), o clube aspira pela volta ao cenário nacional. Todavia, se engana quem acredita que o time não recebe apoio da torcida neste momento. Enzo Petrone, membro da Torcida Organizada Gladiadores, fala que existe apoio da cidade de São Caetano do Sul, mas os torcedores são impactados pela escassez de jogos.

- A falta de competições, em relação ao sentimento, nunca vai atrapalhar. Só que é difícil ficar sem ver o clube o semestre inteiro. Por exemplo, neste ano, jogou o Paulista e foi eliminado. Agora, a gente só joga em setembro. O vínculo da cidade com o clube é bastante afetado porque não tem calendário, mas o sentimento de quem gosta e ama o clube verdadeiramente nunca vai acabar - desabafou o torcedor.

Enquanto outras alternativas para a falta de competições não é solucionada, a maioria dos clubes brasileiros tentam se sustentar nessa realidade. Os jogadores tentam ganhar visibilidade para alavancar suas carreiras e os torcedores persistem na busca de dias melhores.

* Sob supervisão de Marcio Monteiro

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