Abel tenta impedir tetra que ele mesmo começou no Flamengo para levar Fluminense ao título carioca
Luiza Sá
Abel tenta impedir tetra que ele mesmo começou no Flamengo para levar Fluminense ao título carioca


O terceiro clássico seguido entre Flamengo e Fluminense em finais de Campeonato Carioca começa nesta quarta-feira, às 21h40, no Maracanã. Dentre tantos personagens importantes, um deles não estará dentro do campo, mas fora. Hoje no Flu, Abel Braga tenta encerrar o jejum que vem desde 2012, quando ele mesmo conquistou o título, além de impedir que o Fla alcance a marca inédita do tetracampeonato que o próprio treinador ajudou a iniciar há três anos.

Apesar da glória final ter sido alcançada por Jorge Jesus, foi Abel quem iniciou o ano mágico do Flamengo em 2019. Mas a passagem pela Gávea meses depois de ter se desligado do Fluminense no meio de 2018 não foi positiva. Com reforços de peso, como Arrascaeta, Gabriel Barbosa, Bruno Henrique e outros, o treinador conquistou o título do Carioca contra o Vasco, mas sofreu com críticas da torcida e problemas com a diretoria.



Já no Fluminense, Abel foi contratado por ser um treinador que já conhece e é identificado com a história do clube, mas sofreu duras críticas antes mesmo de estrear. Chamado de "burro" logo nos primeiros jogos, ele superou a desconfiança conquistando 12 vitórias consecutivas, mas viu isso tudo ruir em menos de duas semanas. As péssimas atuações e a eliminação na terceira fase da Libertadores culminaram em um ambiente de muita pressão que amplia a cobrança sobre o time às vésperas da final.

PROBLEMAS NO FLA

Foram cinco meses conturbados na relação entre técnico e clube. A pressão externa e os questionamentos internos fizeram com que a paciência de Abel acabasse e ele pedisse para deixar o Fla em maio de 2019. Naquele momento, inclusive, Jorge Jesus já era o preferido para assumir o comando. O desgaste atingiu o auge após a derrota para o Internacional em Porto Alegre, quando o treinador afirmou que o Beira-Rio era o estádio mais bonito do Brasil, declaração que pegou mal entre os torcedores, além de ver como "normal" o resultado.

Em junho, Luiz Eduardo Baptista, então vice de Relações Externas do Flamengo, afirmou que as entrevistas do treinador foram motivos de discussões entre a direção rubro-negra . "A gente achava e discutia, que ele deveria estar de sacanagem. A gente pensava, ou ele bebeu, ou estava drogado", afirmou Bap. No mesmo dia, Abel se posicionou , classificando como "decepção" e avisou que resolveria na Justiça, o que aconteceu. Em março deste ano, o dirigente teve uma derrota e foi condenado a pagar uma indenização de R$50 mil, destinada pelo treinador aos afetados pela da tragédia do Ninho do Urubu.

A relação seguiu com rusgas e até se intensificou quando o Internacional, comandado pelo veterano, acabou perdendo o título do Campeonato Brasileiro de 2020 para o próprio Flamengo. Na avaliação de Abel Braga, as rodadas finais tiveram "coincidências" que favoreceram o Fla e prejudicaram o Inter e "aconteceram coisas absurdas".

- Teve (coincidência) a favor e teve contra. A coincidência foi ter acontecido em dois jogos finais. Aconteceram coisas absurdas. Surpreendeu, (Raphael) Claus é o melhor (árbitro) do Brasil no momento. Foi um jogo fácil. A integridade deles está fora de questão, mas foram muito mal nos dois jogos coincidentemente a favor de um clube. Coincidência boa. Só dois jogos onde um foi prejudicado e outro favorecido - disse na época.

AMBIENTE CONTURBADO

Mas os problemas anteriores do lado rubro-negro podem servir apenas como mais um incentivo para Abel Braga triunfar no Fluminense e acabar com o sonho do tetra do Estadual, algo inédito na Gávea, mas que já aconteceu nas Laranjeiras em 1906, 1907, 1908 e 1909. O clima no CT Carlos Castilho é o pior desde a chegada do treinador no início da temporada. Em duas semanas, o Flu teve a venda de Luiz Henrique confirmada para o Real Betis (ESP), a eliminação para o Olimpia (PAR) na Libertadores e uma série de jogos ruins.

O treinador, vale lembrar, foi quem comandou o Fluminense no último título carioca em 2012, quando também conquistou o Campeonato Brasileiro. Ele e Fred são os representantes daquela equipe e tentam recolocar o Tricolor no caminho dos troféus, uma das prioridades na atual temporada. Mas a missão não será simples. Apesar de um ótimo retrospecto recente contra o Flamengo, com uma derrota em oito jogos, e de só ter perdido um clássico em 2022, as atuações preocupam.

A torcida deixou o último jogo cantando "time sem vergonha" e cobra uma melhora na equipe. Uma das grandes críticas é ao sistema de jogo. Contra o maior rival, o Fluminense de Abel Braga terá uma chance de ouro de deixar para trás todos os problemas e retomar a confiança em grande estilo.

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