Torcida 'acolhe' Seleção em goleada num Maraca com casa cheia e deixa lembrança de muita festa
Felippe Rocha e Vinícius Faustini
Torcida 'acolhe' Seleção em goleada num Maraca com casa cheia e deixa lembrança de muita festa


O último ato da Seleção trouxe uma goleada sob medida para a festa que os mais de 69 mil torcedores fizeram no Maracanã para o grupo que já está classificado para a Copa do Mundo de 2022. O 4 a 0 sobre o Chile teve nuances curiosas típicas da torcida carioca e rendeu até cornetadas, mas deixou um alento para o grupo que agora ficará longe do solo brasileiro.

Um mar de gente desembarcava no Maraca. A euforia já tomava conta de quem se reencontrava para o aquecimento no Bar das Torcidas, com direito a ter show do rapper Fabio Brazza.

O Movimento Verde e Amarelo também se concentrou e, depois, partiu para o estádio. O grupo exibia faixas, homenagens e tinha até um sujeito fantasiado de sheik no meio.

Em meio a camisas amarelas e azuis do Brasil, dois torcedores chilenos chamavam atenção por entoarem "Chi-chi-le-le-le" e algumas palavras de provocações. A dupla (um deles se chamava Fernando e o outro não se identificou) saiu de Santiago e veio ao Rio de Janeiro exclusivamente para assistir à partida de La Roja.
Torcida Brasil x Chile

Torcida 'iluminou' estádio com os seus celulares (Foto: Vinícius Faustini)

O entusiasmo se estendeu nas arquibancadas. Muitas vaias ao Chile no aquecimento (à exceção do modesto mas animado grupo que apoiou a equipe chilena). Enquanto isto, os brasileiros eram extremamente aplaudidos a cada pique, a cada toque de bola e até a chutes à meta de Alisson.

PAULO SOUSA DE OLHO Brasil x Chile - Neymar

Neymar passa por Isla: lateral do Flamengo foi vaiado (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Assim que as equipes entraram em campo, o coração verde e amarelo logo se traiu pela paixão pelo clube de coração. E o "ato falho" aconteceu já no decorrer da escalação do Chile. Assim que anunciaram o nome de Maurício Isla, em meio às duras vaias surgiram alguns aplausos discretos entre brasileiros para o lateral que joga no Flamengo.

Em compensação, o meia Arturo Vidal recebeu outro patamar de tratamento: foi bastante reverenciado. Reflexo do fato do atleta ter dito diversas vezes que tem sonho de jogar no Rubro-Negro . Isla teve atuação abaixo do esperado, enquanto o meia deu trabalho e até marcou um gol anulado pela arbitragem. Tudo isso diante do olhar de Paulo Sousa.

PAQUETÁ, NEYMAR E VINI JR. COM MORAL. JÁ TITE...

Leia Também

Brasil x Chile - Tite

Grupo ficou na bronca com Tite (Foto: CARL DE SOUZA / AFP)

À medida que o locutor anunciava os nomes da Seleção, o termômetro da rivalidade voltava a entrar em campo. Guilherme Arana, lateral do Atlético-MG, recebeu vaias. Formados nas categorias de base do Flamengo, Lucas Paquetá e Vini Júnior eram revenciados especialmente no Setor Norte (onde costumam ficar rubro-negros em dias de jogos da equipe).

Astro e esperança de categoria da equipe canarinha, Neymar também foi "acolhido" pelos torcedores. Só que, assim que o nome de Tite foi anunciado, o Maracanã deu lugar a muitas vaias.

BRASIL LUTANDO, MAS EM 'CLIMA' DE FLAMENGO x VASCO


À medida que o Brasil se esmerava em campo para tentar se sobressair à forte marcação chilena, a torcida recordava outra rivalidade tradicional mais regional. Torcedores cantavam "arerê, o Vasco vai jogar a Série B!". Cruz-maltinos reagiam com gritos de torcida e rubro-negros entoavam o hino do clube para, em seguida, emendarem com outros cânticos. Os gritos de torcidas chegaram a surgir em outros momentos, com direito a provocações esdrúxulas (uma delas até direcionou grito de provocação a Vidal) .

CELEBRAÇÃO COM NEYMAR E ÊXTASE COM VINI JR. Brasil x Chile - Neymar e Vini Jr.

Neymar e Vinicius Júnior abrem caminho para vitória (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)

Aos poucos, a torcida voltou a ficar direcionada para a luta da Seleção Brasileira e, mesmo em momentos de oscilação, houve apoio e até uma "ôla". Só que a reta final levou a torcida a acordar com as jogadas de Antony e Vini Jr. a levar a torcida ao delírio. Até que o momento no qual Neymar esteve na marca do pênalti e tornou o sonho uma celebração. Era a preparação da festa.

Logo em seguida, a sensação de reeencontro com a torcida ficou ainda mais clara. O jovem que despontou no Flamengo com olhos de promessa agora volta destaque no Real Madrid e com a veemência de quem pode sonhar com a amarelinha.

DO AGRADO DOS DOIS LADOS DE UMA RIVALIDADE Brasil x Chile

Coutinho sai do banco e faz de pênalti (CARL DE SOUZA / AFP

O Chile tentou entornar o caldo, em jogada na qual Montecinos driblou Arana e Vidal concluiu. Só que logo o VAR mudou o rumo da situação e manteve a vantagem brasileira.

Pouco a pouco, vieram oportunidades. Primeiro, desperdiçadas em campo. Mas depois a jogadores. Uma delas agradou a torcida vascaína: Coutinho foi para campo. Após o acordo com Neymar e aval do treinador, o meia partiu para a cobrança, mandou para a rede e comemorou na direção da arquibancada onde costumam ficar cruz-maltinos.

Os gritos de "olé" já dominavam as arquibancadas quando veio o gol que decretou a goleada. Richarlison (responsável por selar o título da Copa América de 2019 também no Maracanã) deixou o seu, em jogo no qual voltou a ter oportunidade com Tite.

Ao apito final, a Seleção se despediu passando por todo o gramado e olhando para os torcedores nas arquibancadas. Não como volta olímpica. O placar foi elástico, mas ainda há muito a corrigir. Mas ao menos o último jogo do Brasil em solo brasileiro antes da Copa de 2022 foi cercado de um "acolhimento" que muitos sabem que dificilmente encontrarão nos outros países.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!