Lyarah Vojnovic, esposa do meio-campista Maycon do Shakhtar Donetsk, veio por meio das suas redes sociais rebater as declarações dos compatriotas deixados na Ucrânia. Segundo ela, o grupo de brasileiros que deixou o país não se desfez de ninguém
, e que a situação de fuga exigiu medidas mais sérias priorizando a retirada das crianças do grupo.
Foto: Reprodução/Instagram
Três brasileiros que estavam com outros compatriotas no bunker em Kiev, foram deixados para trás pelos atletas do futebol. Na manhã de hoje, os jogadores de campo, junto dos seus familiares, começaram a fuga da capital Kiev rumo a fronteira com a Romênia. Dois dos brasileiros são atletas de futsal, e também atuavam no país, de acordo com eles, ao voltarem do banho os outros 40 brasileiros que estavam no hotel já haviam partido.
Lyrah explicou nos stories do seu Instagram, que o grupo não tem sinal telefônico disponível em todos os momentos do trajeto. E que a saída de Kiev foi às pressas:
- O grupo não se desfez ninguém, enquanto um dormia o outro ficava atento na situação. Jogadores sozinhos deixaram as malas para traz, para levar as coisas das crianças. Não estamos no bem bom , estamos fugindo de uma guerra, nem conseguimos pegar comida - afirmou a esposa do jogador.
O grupo de cerca de 30 pessoas havia seguido uma orientação do Itamaraty para buscar um trem que retiraria os brasileiros do local. O comboio nacional partiu de Kiev rumo à fronteira do país ucraniano.
Em resposta às declarações feitas pelos atletas sobre a ida ao banho, Lyrah ressaltou o momento dentro do bunker:
- Nem crianças tomavam banho! Ninguém subia, estava com a sirene tocando e ninguém podia se retirar de onde estávamos! Mas sim, a gente tinha que ir atrás dos caras que subiram e nem falaram onde iam! Sabendo desde ontem que tínhamos uma chance de sair em qualquer momento, e saímos em 5 minutos - contou ela.
A mulher relata que os três brasileiros não participaram da reunião feita com os demais atletas, pois já moravam no país há 9 anos e iam aguardar acalmar a situação.
Contudo, de acordo com o atleta Matheus Ramires - um dos atletas que ficaram em Kiev- ele evitou ir às ruas de Kiev e manteve-se sempre próximo ao grupo de compatriotas. O jogador havia conversado com alguns brasileiros sobre as possibilidades de fuga do conflito. Porém, nem todos mantiveram a calma diante da guerra.
Leia Também
Em um dos stories ela explica que o grupo não era responsável por ninguém, e que as crianças são a prioridade.
- Sinto pela situação, mas não podemos pagar por desatenção deles! (...) Jamais ia colocar a vida dos meus filhos para procurar alguém. O grupo estava junto, todos estavam juntos! Os brasileiros que chegaram também estão com a gente, uruguaio. Todos! - escreveu Lyrah
Mesmo com o sentimento de 'ter sido deixado para trás', Matheus acredita que os brasileiros tiveram seus motivos para a apressada partida.
ENTENDA O CASO
Desde 2014, a região de Donetsk se declarou independente da Ucrânia e por conta dos conflitos geopolíticos, o Shakhtar teve que deixar a cidade de origem e atuar em Kiev. O mesmo acontece com a região de Luhansk. Na última segunda-feira, Vladimir Putin, presidente da Rússia, reconheceu a independência das duas províncias.
Nesta quinta-feira, a Rússia decidiu invadir militarmente a Ucrânia com o argumento de que está atuando em defesa das reivindicações territoriais. No entanto, há pouco esclarecimento se a nação de Putin busca apenas garantir a soberania de Donetsk e Luhansk ou se planeja se expandir territorialmente.