O Fluminense surpreendeu ao anunciar a demissão do técnico Filipe Torres , que comanda o time feminino Sub-18. Em 2021, ele conquistou os títulos inéditos do Campeonato Brasileiro e do Carioca da categoria. Entretanto, por divergências internas, o clube o comunicou na quarta-feira sobre o desligamento. Em entrevista ao LANCE! , o profissional explicou a saída e expressou gratidão ao clube pelo período de trabalho.
- Foi uma escolha da gestão, que agora se planeja para os novos desafios. Foram dois títulos inéditos pra este enorme clube do futebol brasileiro. O trabalho foi muito bem feito e planejado, mas chegou a hora de ir. Sou vitorioso e desejo mais títulos por onde eu passar, ciclos se encerram para que outros iniciem - afirmou.
- A palavra trabalho nos define. Foram três anos de muito trabalho, conseguimos extrair o melhor das atletas, apesar de pouco investimento no início. Planejamos o curto, médio e longo prazo, tivemos êxito. Hoje o Fluminense é uma referência no feminino e eu espero que continuem bem no cenário nacional - completou.
Filipe era o treinador do Sub-16 e assumiu a categoria acima com o afastamento de Isaías Rodrigues, que posteriormente
faleceu vítima de câncer no pulmão
, em julho. A notícia
abalou a comunidade do feminino
do Tricolor, mas Torres deu continuidade ao trabalho. Nos últimos meses, o Flu perdeu diversas jogadoras importantes, como
Luiza Travassos
e
Lara Dantas
. Sem profissionalização, o clube não lucra e tem dificuldades de segurar as atletas.
- Fizemos da melhor forma possível formar atletas com potencial de Seleção Brasileira e até mesmo para o mercado externo. Temos uma safra de atletas que podem e têm capacidade como as que saíram. O clube precisa olhar essa situação do profissionalismo, acredito que diversos fatores também acabam impedindo que isso impere no futebol feminino. Sem dúvidas o clube perdeu cifras com estas que saíram e provavelmente, caso não haja a profissionalização, poderá perder mais atletas. As jogadoras do Fluminense são diamantes, meninas de Seleção e com projeção para o exterior. Enquanto isso outros clubes estão atentos e levando elas - avaliou.
Filipe foi campeão brasileiro no Fluminense (Foto: Thais Magalhães/CBF)
Filipe Torres liderou a equipe no título do
Brasileirão Sub-18 no início do ano passado
, o primeiro da história do feminino tricolor. Em dezembro, venceu
o inédito Carioca
. A carreira como treinador começou ainda em 2016. Agora, ele se prepara para tirar a Licença B da CBF em Belo Horizonte, no próximo mês, e aguarda novas propostas para seguir no futebol.
- Encerrei a carreira cedo como atleta de futebol. Em 2016 fui convidado a conhecer o trabalho que o Boca Juniors (ARG) faz com as escolas de futebol no Brasil. Fui à capacitação de treinadores e a partir daí iniciei a trajetória. Em 2018 entrei no Daminhas da Bola para desenvolver meninas para o futebol. Em 2019, com a parceria com o Fluminense, fui contratado para ingressar na modalidade. Fiz a Licença C da CBF Academy, durante este ciclo como auxiliar técnico - explica.
- Em ferreiro de 2021 assumi a equipe Sub-18 no Brasileiro, tive os melhores resultados como treinador. Tivemos o título inédito da 2º edição do Campeonato Feminino e o Carioca. Além de poder contribuir na formação de atletas para Fluminense, também tivemos convocadas com frequência para as seleções de Base Sub-17 e Sub-20. Saio muito convicto do excelente trabalho que fiz e me dediquei ao Fluminense FC Feminino. Agradeço a todas as atletas que compraram as minhas ideias e à comissão que acreditou em mim. O futebol feminino do Fluminense está marcado na história - completa.
FUTURO
- Vou formar na Licença B e irei para o Boca Juniors, em Buenos Aires, para me capacitar mais na metodologia deles. Vou dar continuidade à faculdade de Educação Física - Bacharel e assim que possível espero já estar de volta pois eu sou um colecionador de títulos. Busco sempre fazer história com um bom trabalho.
ISAÍAS RODRIGUES
- Eu tive a oportunidade de conhecer um ser humano tão incrível como o Isaías (Zazá), eu convivi muito com ele, eu tinha além de um treinador, um amigo, conselheiro e irmão. Eu estive com ele em todos os processos de implantação do futebol feminino no clube, quando ele precisou se afastar, tinha certeza de que eu assumiria da melhor maneira possível. Após o falecimento dele eu precisei dar continuidade como treinador, não foi fácil e nunca será esquecido, Zazá estará sempre em minha memória e no coração, a sua nobreza me fez uma pessoa é um ser humano melhor, hoje sou um pai, marido e treinador, muito bem formado pelo Fluminense.