A primeira conquista da América não se esquece. E como se esquecer de Zico comandando o time do Flamengo na Libertadores, em 1981, ano do primeiro título continental do clube da Gávea? Vivendo o seu auge, o camisa 10 fez "só" quatro gols nos confrontos decisivos com o Cobreloa (CHL). Na data em que se completam 40 anos do título , o Galinho atendeu a reportagem do LANCE! , relembrou a campanha e cravou: "Foi a vitória do futebol sobre a violência".
- Tinha pouca televisão na época. Não tinham as 20 câmeras (de hoje), então muitas coisas aconteciam, ainda mais fora de campo. Na chegada do vestiário, com o ônibus sendo atacado. Dentro de campo, sempre tinha gente dando de valente, tentando mostrar que eram mais homens, que tinham três culhôes. A gente conseguiu superar isso com o nosso futebol, com a nossa qualidade. Foi a vitória do futebol sobre a violência. Nós íamos para campo para fazer o que sabíamos fazer: jogar futebol - afirmou Zico, relembrando a campanha de 81.
Após vencer o Cobreloa no Maracanã por 2 a 1 - com dois gols de Zico -, o Flamengo foi derrota no Estádio Nacional, em Santiago, por 1 a 0, o que forçou a finalíssima em local neutro. O palco escolhido foi o Centenário de Montevidéu, que receberá a decisão entre Flamengo e Palmeiras no próximo sábado. O camisa 10, mais uma vez, brilhou: fez os dois gols da vitória por 2 a 0, e o Rubro-Negro conquistou a América em 23 de novembro de 1981.
O ídolo Zico no Ninho do Urubu (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)
Passados 40 anos do título da Libertadores - o primeiro do Flamengo -, Zico guarda bons sentimento da época. As muitas conquistas vestindo o Manto foram resultado do "trabalho bem feito", nas palavras do Galinho de Quintino, por ele e os demais companheiros que participaram daquele período do clube.
- A lembrança é do trabalho bem feito, de poder ter dado alegria ao clube de coração, ter ajudado nas conquistas. Foi o titulo mais importante do Flamengo até aquele momento. É gratificante entrar na história neste sentido, ainda mais sendo torcedor do Flamengo. Sou grato a Deus. Todo esforço que tive durante a minha carreira, o inicio do Flamengo, as dificuldades, são sempre gratificadas por essas conquistas que aconteceram, principalmente entre 1978 e 1983.
Confira outras respostas de Zico ao LANCE! sobre a Libertadores de 1981:
Qual foi a maior dificuldade daquela campanha? Assim como em 2021, houve uma troca no comando técnico da equipe em 1981...
Na troca de treinador, o Carpegiani já estava trabalhando com a gente. Era auxiliar do Dino, e já tinha noção do que o plantel oferecia, do que ele queria. Na Libertadores, a dificuldade maior era a primeira fase, pois tínhamos um adversário muito forte (o Atlético-MG). Se não fôssemos, eles seriam os campeões. A dificuldade foi passar ali. Foram dois jogaços na primeira fase. Na terceira partida, em Goiás, tiveram todos aqueles problemas, os quais não temos culpa de nada. Mas aquele foi o momento crucial da campanha. Só passava um e enfrentamos um adversário fortíssimo.
Uma geração, ou mais, nasceu e viveu neste intervalo entre as conquistas da Libertadores de 1981 e 2019. Para esse rubro-negro, que não acompanhou a campanha de 1981, como você descreveria aquela equipe em termos de futebol jogado?
Era uma seleção. O único jogador que não foi para seleção foi o Lico, que chegou bem mais tarde no Flamengo. Os demais, todos foram, e a maioria foi titular. Naquela época, os grandes jogadores do futebol brasileiro estavam todos no Brasil.