Se o grande Nelson Rodrigues fosse vivo, segunda feira, 15 de novembro, teria sido o dia da coluna Personagem da Semana.
Como homem ligado ao futebol, principalmente do Rio de Janeiro, poderia dizer que a festa da torcida alvinegra, no último domingo, já estava escrita há mais de mil anos. Por conta disso,
o Glorioso clube de General Severiano, comemorou na última segunda-feira a volta à primeira divisão
, de onde nunca deveria ter saído.
Se o seu coração tricolor falasse mais alto, Yago do Fluminense, seria o escolhido, por conta de seus dois gols na virada sobre o Palmeiras.
Mas quis o destino que o domingo começasse de uma forma exuberante. Como só os deuses de todos os esportes poderiam conceber. E mais do que isso, num esporte onde não rola nenhum tipo de bolinha, e que, muito provavelmente, Nelson não teria o menor gosto para tecer um comentário, o que para ele, não seria nenhum problema, tal a sua capacidade de criar histórias e dramas, cheios de muita emoção.
Nosso famoso colunista, e grande escritor, começaria seu texto afirmando que, assim como as bigas encantadas dos grandes circus romanos, o nosso Personagem da Semana precisou de um esforço hercúleo, como somente Pegasus, uma das figuras mais emblemáticas da mitologia grega, seria capaz de imprimir.
Aquela disputa centímetro a centímetro, a uma média de 250 quilômetros por hora, presenciada por uma plateia de mais de 200 mil pessoas, todas atônitas e embevecidas, no Grande Prêmio Brasil, realizado em São Paulo.
Pegasus foi guiado por aquele deus africano de uma elegância impecável, digna dos mais poderosos príncipes africanos, e que já venceu uma infinidade de carreiras, nas terras mais diversas deste planeta.
E quis os misteriosos caminhos do esporte que o destino reservasse, a nós brasileiros, sem ter para quem oferecer nossa torcida verde amarela, que um dos fãs mais declarados e famosos de nosso imortal Ayrton Senna, trouxesse à nossa memória as manhãs de domingo.
Lewis Hamilton desempenhou seu papel de forma inebriante para todos nós, viúvas e viúvos da Fórmula 1. Aquele capacete nas cores de seu maior ídolo, das famosas corridas de bólidos, estava ali presente, mais uma vez, ultrapassando seus concorrentes, levando a torcida a um estado de êxtase total. No final, o detalhe machadiano quando, em uma das curvas, ele dá uma meia parada e pega uma bandeira brasileira, repetindo a cena final de várias epopeias vividas por todos. A bandeira brasileira e o piloto fazendo o percurso até a linha de chegada. Daquele momento até o brinde final, um filme que reprisou em nossas memórias.
Claro que os amigos do Sobrenatural de Almeida diriam que se tratou de uma estratégia de propaganda barata. Ele diria que os idiotas da objetividade trouxeram mais uma vez, o nosso famoso complexo de vira-latas, presente mais uma vez.
Nelson Rodrigues, se vivo estivesse, e ele está, ao final de sua coluna diria: “O meu Personagem da Semana é um inglês, que mais parece um príncipe etíope, e que trouxe a nós, lembranças vivas de momentos de glória. O nome dele, Lewis Hamilton”.
*Luiz Fernando Coelho é Jornalista e palestrante. Tem MBA em Marketing pela PUC-RJ. Atuou em grandes empresas na área de marketing. Sua última participação corporativa foi no Bradesco, no marketing do esporte (Projeto BCN/FINASA OSASCO, OLÍMPIADAS RIO 2016). Nos Jogos do Rio, criou a CASA DO VOLEI para a Federação Internacional de Vôlei.