Felipon! Ao L!, jornalista japonesa que acompanha a Seleção fala sobre meme, trajetória e Copa do Qatar
Fábio Lázaro
Felipon! Ao L!, jornalista japonesa que acompanha a Seleção fala sobre meme, trajetória e Copa do Qatar


Quem acompanha a Seleção Brasileira certamente já deve ter visto a jornalista Kiyomi Nakamura. A japonesa circulou no Brasil e ganhou notoriedade principalmente durante a Copa do Mundo de 2014, ao chamar o técnico Luiz Felipe Scolari de 'Felipon' nas entrevistas coletivas.

No entanto, já são 20 anos ininterruptos que a repórter acompanha a Seleção. E o desejo iniciou até mesmo antes, nos meses que antecederam a Copa do Mundo de 1998, disputada na França, e que o Brasil foi vice-campeão.

Na ocasião, Zico era o coordenador técnico da Seleção Brasileira. O ídolo do Flamengo encerrou a sua carreira no futebol japonês e é extremamente notável no país asiático.

- Em 98, aquela Copa, Zico assumiu como coordenador técnico da Seleção Brasileira. Zico é o Deus do Futebol no Japão, então eu fiz um projeto para acompanhar o Zico com a Seleção Brasileira, e consegui realizar três meses de cobertura da Seleção Brasileira, desde a Granja Comary, cobertura da Seleção no Rio e viajamos para a França e quando terminou a final eu voltou para o Japão - contou Kiyomi com exclusividade ao LANCE!.

A Copa de 98 despertou uma grande paixão da jornalista para com a Seleção Brasileira, e mesmo sabendo poucas palavras em português, ela passou a correr de aprender para descobrir o que era aquilo que para os brasileiros era um misto de sentimento.

- Eu queria saber o que era a Seleção. Quando eu cobri em 98 eu fiquei surpresa, porque Seleção não é apenas um time de esportes, não é apenas uma Seleção de Futebol, Seleção Brasileira é tudo do Brasil, é paixão, emoção, amor, raiva, tem tudo na Seleção - explicou a repórter.

- Depois da Copa de 98 eu comecei a estudar sozinha (o português), porque já estava trabalhando na televisão. Trabalho de televisão é vida enrolada, sempre corre corre, aí comecei a estudar sozinha. As vezes brasileiros que moravam no Japão eu pedia para pagar com aulas e eles me ensinavam. Demorei muito - acrescentou.

CHEGADA AO BRASIL

Em 2001, Kiyomi Nakamura chegou definitivamente ao Brasil, se instalou no Rio de Janeiro e conheceu o seu fiel escudeiro, o cinegrafista Jorge Ventura. Mas com o trabalho e as viagens, a jornalista garante que permanece pouco tempo em território carioca.

- Janeiro de 2001 mudei para o Rio. Sempre estou indo a trabalho, para ver família, mas minha base é no Rio. Muitas vezes, agora por conta da pandemia, não estou viajando muito, mas para cobrir a Seleção na América do Sul, Europa, para fazer matérias com os jogadores, acabo ficando pouco tempo no Rio - relembra Nakamura.

Ainda que já soubesse falar e entender algumas palavras, Kiyome admite que teve algumas dificuldades em seus primeiros momentos no Brasil.

- E quando eu cheguei aqui, em 2001, falava muito menos. Conseguia sobreviver, não falava bem, entendia bem. Assessor de imprensa falava que o treino mudou e teríamos que fazer assim e assado, aí quando acabva eu perguntava para outra pessoa o que ele tinha falado - conta a repórter ao L!.

COPA MAIS ESPECIAL

Um ano após a chegada de Kiyomi ao Brasil, o seu divisor de águas como correspondente da Seleção Brasileira: a Copa do Mundo de 2022.

Segundo a jornalista, até ali os olhos dos japoneses estavam voltados somente aos europeus no futebol, mas a conquista do pentacampeonato pelos brasileiros, com a final sendo disputada no Japão, fez com que os asiáticos se apaixonassem pelo Brasil no esporte.

- Copa de 2002 mudou a minha vida. Copa de 98, a torcida de futebol estava olhando França, Europa, mas por causa do campeonato de 2002 várias emissoras começaram a pedir o meu trabalho e por isso aquela época, agora eu tô tranquila, posso continuar - exalta Kiyomi.

E o penta da Seleção foi a oportunidade de Nakamura ter o primeiro contato com o técnico Luiz Felipe Scolari, ou o 'Felipon', que voltaria ao cargo em 2014, na Copa realizada no Brasil, e fizesse com que a jornalista ganhasse notoriedade com o seu jeito de chamar e ser tratada pelo treinador.

E para quem acha que a jornalista se incomodou com as brincadeiras das redes sociais, muito pelo contrário, sempre doce e leva Kiyomi se mostrou grata com toda a repercussão à época.

- Eu agradeço muito, porque eu estava trabalhando e sigo trabalhando do mesmo jeito, mas o reconhecimento influi muito na nossa profissão e trabalho. Quando eu comecei, falava: 'sou Kiyomi Nakamura, trabalho na TV do Japão', mas depois de Felipão começou que, antes de eu falar, as pessoas já falavam que eu era amiga do Felipão. E ficou tudo fácil, até agora eu agradeço muito. Mudou a minha vida - comenta a jornalista com carinho.

E a sua forma humanizada de lidar com as coisas tem explicação. À reportagem, Kiyomi conta que o seu objetivo é sempre mostrar ao público japonês os seres humanos que estão por trás dos ídolos, já que no país asiático o futebol é consumido de forma diferente em relação ao Brasil.

- Eu estou publicando mais para Japão e lá não olham só o jogo. Então, é para as pessoas lá saberem que esse jogador sorri desse jeito, que o Tite empolgado fala desse jeito. Vou mostrar mais o lado humano, porque, por exemplo, um pouco antes, o Willian, todo muito (no Japão) gosta muito do Chlesea e do Willian, mas não sabia como Willian sorria, do jeito que ele fala, e fizemos matérias com ele, e todos gostaram muito. Por isso quero mostrar o lado humano - explica Kiyomi Nakamura.

CHANCE DE HEXA?

A Copa do Mundo do Qatar, em 2022, será a sétima de Kiyomi na cobertura da Seleção Brasileira, e ela acredita que o trabalho para esse Mundial tem tudo para ser coroado com o hexacampeonato.

- A Seleção do Tite, em números, todos sabem, recordes, mas quando começa a ter dificuldades o Tite e os jogadores sabem como tem que corrigir. Quando começa a jogar bem, ótimo, mas quando tem dificuldades dá um jeito de ganhar e vão continuando - comentou Nakamura.

Doce, meiga, gentil e apaixonada pela Seleção Brasileira, Kiyomi Nakamura pode até ter nascido no Japão, mas, com certeza, já é uma brasileira de alma e coração.

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