Os detentores de ingressos cobiçados para a Olimpíada de Tóquio aguardam ansiosamente uma decisão sobre a manutençao dos Jogos conforme o planejado. Circula na mídia a notícia de que os valores dos tickets podem não ser reembolsados em caso de cancelamento do evento.
Os ingressos foram comprados rapidamente no Japão, com mais de três milhões vendidos durante o primeiro lote em maio do ano passado. A forte demanda por vendas pode ter transformado muitos compradores em potencial decepcionados.
Os organizadores têm dito repetidamente que a Olimpíada será mantida entre os dias 24 de julho a 9 de agosto, mas com a rápida disseminação do coronavírus levando o mundo dos esportes a uma paralisação, os temores estão aumentando com a possibilidade de os Jogos Olímpicos serem cancelados ou adiados.
Na quarta-feira, o jornal Asahi Shimbun informou que os ingressos podem não ser reembolsáveis se a Olimpíada for cancelada, citando organizadores olímpicos e detalhes contratuais relacionados aos ingressos.
Se a realização da Olimpíada for impedida devido a incidentes de "força maior", que vão de desastres a guerras e "estados de emergência relacionados à saúde pública", os organizadores não serão responsabilizados, acrescentou o Asahi.
A reportagem gerou uma enxurrada de comentários nas mídias sociais, tornando o assunto um dos principais tópicos do Twitter no Japão. "O que - nenhum reembolso se for cancelado? Vocês estão brincando comigo?", escreveu uma usuária.
Os organizadores de Tóquio 2020 disseram em comunicado que monitoram a situação, mas que nem eles nem o Comitê Olímpico Internacional estavam pensando em cancelar os Jogos. "Os termos e condições não indicam que 'os ingressos podem não ser reembolsados', portanto o artigo não é exato", acrescentaram eles.
Chama olímpica
A Grécia entregou nesta quinta-feira a chama olímpica aos organizadores dos Jogos de Tóquio-2020, em um estádio Panathinaiko de Atenas vazio devido à pandemia do novo coronavírus. Sem espectadores, apenas um grupo de jornalistas foi autorizado a presenciar a cerimônia tradicional no emblemático estádio em que aconteceram em 1896 os primeiros Jogos da era moderna.
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O ginasta campeão olímpico Lefteris Petrounias correu com a tocha no estádio de mármore, onde sua compatriota Ekaterini Stefanidi, campeã olímpica do salto com vara, acendeu um caldeirão, seguindo a tradição. A chama foi entregue de maneira solene a Naoko Imoto, nadadora nos Jogos de Atlanta-1996, representante do Unicef e de Tóquio-2020.
Os organizadores japoneses recorreram a Naoko de maneira urgente, pois ela mora na Grécia. Na sexta-feira passada, o revezamento da tocha olímpica foi interrompido na Grécia devido ao grande número de pessoas em Esparta, onde muitos fãs se reuniram para observar os atores Gerard Butler e Billy Zane, entre outros.
Mais um líder se posiciona a favor do adiamento
O presidente da Federação Internacional de Atletismo (World Athletics), Sebastian Coe, admitiu nesta quinta-feira que seria possível adiar e reprogramar os Jogos Olímpicos de Tóquio, que está sob dúvida por causa da pandemia do novo coronavírus. Mas ele considerou que é cedo para tomar uma decisão definitiva.
— É possível, tudo é possível neste momento. Acredito que a posição que o esporte tomou, e que era a sensação da conversa que tive outro dia com o COI (Comitê Olímpico Internacional) e outras confederações, é que ninguém diz que se deve seguir adiante com os Jogos custe o que custar — disse Coe em entrevista à BBC. — Não é uma decisão que deve ser tomada neste momento — completou.
Coe, que foi o presidente do Comitê Organizador dos Jogos de Londres-2012, destacou que adiar os Jogos de Tóquio para 2021 apresentaria vários problemas.
— A princípio pode parecer fácil, mas as federações aproveitam os anos que não são olímpicos para organizar seus Mundiais — disse.
O COI anunciou na terça-feira a intenção de organizar as Olimpíadas de Tóquio na data prevista (24 julho-9 agosto), mas os últimos dias os pedidos de adiamento foram reforçados.
Na terça-feira, a Eurocopa e a Copa América, que seriam disputadas em junho e julho de 2020, foram adiadas para 2021, enquanto o torneio de tênis de Roland Garros, que seria disputado em Paris no fim de maio e início de junho, foi reprogramado para setembro e outubro. Na quarta-feira, o COI admitiu que "não há uma solução ideal" para os Jogos de Tóquio-2020 ante a pandemia do novo coronavírus.