A Olimpíada dos atletas "imortais" e os quinze segundos de fama para outros "comuns" que ganharam notoriedade por outras razões. É como a imprensa estrangeira vê os Jogos da Rio 2016 nesta sexta-feira.
Entre os "semideuses", Phelps é o destaque absoluto dos jornais e portais, tendo sido o primeiro atleta a levar ouro na mesma prova - os 200 metros medley - em quatro Olimpíadas consecutivas. O americano pode agora repetir o mesmo feito quando cair na piscina nas finais dos 100 m borboleta.
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Na quinta-feira, o "tubarão de Baltimore" venceu sua 13ª medalha de ouro individual - um recorde na história das Olimpíadas desde a Antiguidade - e 22ª se forem contadas também as medalhas de ouro em revezamento.
O britânico The Guardian se pergunta por que Phelps ainda é fantástico em uma idade quando a maioria dos nadadores já passou do seu melhor. "É a única pessoa a ganhar ouro na natação individual depois dos 31 anos", diz o jornal. "Persistência, dinheiro e um talento assustador ajudaram."
Simone Biles, a primeira
Outro destaque da imprensa internacional é a americana Simone Biles, que encantou os espectadores vencendo o ouro na ginástica artística.
Aos 19 anos, a americana conquistou dez títulos mundiais desde 2013 e vem sendo considerada uma das maiores ginastas de todos os tempos.
Diversos veículos destacaram sua atitude de rejeitar comparações - ainda que bem-intencionadas - com atletas masculinos: "Não sou o próximo Usain Bolt ou Michael Phelps, sou a primeira Simone Biles", disse. "Para mim, sou simplesmente a mesma Simone."
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"(Simone diz que) vai deixar sua marca, da sua própria forma", escreve o jornal USA Today. Com seu exemplo de autodeterminação, ela se junta a outras "imortais" femininas, como a tenista Serena Williams e a brasileira Marta, que também rejeitam comparações com seus pares masculinos.
Nadador roliço
Mas nem todas as histórias estão nos pódios, como mostram diversas outras reportagens da imprensa internacional. O português Público destaca como o etíope "Robel, a baleia", conquistou fãs no Rio de Janeiro mas não agradou os seus compatriotas.
"Convidado para participar nos Jogos de 2016 graças às cotas criadas pelo Comité Olímpico Internacional (COI) para estimular a prática da modalidade nos países periféricos, Habte foi o porta-estandarte da delegação olímpica da Etiópia", diz a reportagem.
"Mas chegou ao dia da prova visivelmente fora de forma."
A matéria destaca que ele é acusado no seu país de favorecimento, por ser o filho do presidente da federação etíope de natação.
"[Robel] É o símbolo do racismo, favoritismo e incompetência contra a qual estamos a lutar", tuitou a usuária Lina Judge, moradora de Addis Abeba.
Minha urina, sua urina
Na BBC, o destaque é a história de um treinador de atletismo do Quênia expulso dos Jogos após fazer um teste anti-doping - fazendo-se passar por um atleta da delegação queniana.
John Anzrah, 61 anos de idade e treinador de velocistas, chegou a assinar documentos como se fosse o meio-fundista Ferguson Rotich, esperança de medalha nos 800 metros.
Um porta-voz do atleta disse que Rotich tinha apenas emprestado seu crachá a Anzrah para que o treinador pudesse tomar café gratuitamente na Vila Olímpica. O treinador foi abordado por um agente antidopagem que estava procurando Rotich - que compete em baterias já nesta sexta-feira -, mas nunca revelou sua identidade.
"Ferguson não faz a menor ideia de que o levou a fazer isso, mas a boa notícia é que logo em seguida ele ficou sabendo, e fez os testes de sangue e urina."
Gravidez surpresa
Alguns jornais destacam a história da jogadora de vôlei porto-riquenha Diana Reyes, que escondeu sua gravidez de cinco meses para poder participar dos Jogos Olímpicos. "Preparações olímpicas não ficam mais dramáticas que isso", diz o site neozelandês Stuff.
Diana só descobriu que estava grávida após um acidente de carro dois dias antes de pegar o avião para o Rio. Apesar disso, esperou até o momento final para contar à sua equipe que estava esperando a criança.
A gravidez não é em si só uma razão para que uma atleta não participe dos Jogos Olímpicos. Mas a decisão é curiosa inclusive no momento em que vários atletas decidiram não participar do evento no Rio por temores com o vírus Zika.
O treinador da equipe, Juan Carlos Nuñez, disse que o time ficou "feliz" com a notícia. A jogadora, que é reserva na equipe, não entrou nas primeiras partidas disputadas por Porto Rico.
Medalha 'inesperada'
E continuam viralizando os memes com a nadadora Fu Yuanhui, que só se deu conta de que ganhara uma medalha de bronze nos 100 m costas dando uma entrevista ao vivo para a TV chinesa, após a prova.
Sua reação, que muitos acharam "bonitinha", a transformou em celebridade online. Seus seguidores na rede social Sine Weibe passaram de 100 mil para 4 milhões em apenas dois dias - e o número segue aumentando.
Os atletas chineses normalmente seguem um padrão de entrevistas, agradecendo o país e prometendo dar o melhor de si na próxima competição.
Mas Fu quebrou a tradição, expressando sua felicidade demonstrando bom humor e alegria em suas expressões faciais.
"Fu representa o espírito olímpico de desafiar a si mesmo e curtir a competição", disse Joanna Zhan, da cidade de Chongqing.
Gaochao Zhang, um jornalista esportivo em Londres, disse que enquanto os dirigentes chineses estão preocupados com o total de medalhas, o público chinês "está apenas curtindo os Jogos, sem necessariamente esperar ouro".
Para ele, a satisfação de Fu se encaixa perfeitamente nesse espírito.