Quando o Tottenham anunciou que apostaria em Ange Postecoglou para comandar a equipe para temporada 2023/24, grande parte da torcida torceu o nariz. O treinador de 58 anos, nascido na Grécia e radicado na Austrália, não tinha um currículo tão impressionante e era um nome pouco conhecido na Inglaterra. Quatro meses depois, o time está na liderança da Premier League, praticando um futebol envolvente e ofensivo. Mas afinal, quem é Postecoglou?
Ele nasceu em Atenas, capital grega, em 1965, mas passou a morar em Melbourne, na Austrália, aos cinco anos de idade. Foi jogador profissional e fez toda a carreira no South Melbourne, chegando a ser capitão da equipe, onde foi treinado pela lenda húngara Ferenc Puskás. Lateral-esquerdo de mais esforço que talento, ele teve que se aposentar prematuramente aos 27 anos por causa de uma lesão de joelho. Imediatamente se tornou auxiliar do próprio South Melbourne; dois anos depois, já era o treinador principal do time.
Com passagens pelas seleções de base da Austrália e times locais como Brisbane Roar e Melbourne Victory, Postecoglou se tornou um dos treinadores mais reconhecidos do país. Seu estilo de jogo ofensivo, de alta intensidade, rendeu quatro títulos nacionais. A chegada à seleção australiana principal foi inevitável, e ele comandou a equipe na Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil.
A Austrália perdeu seus três jogos na primeira fase, em um grupo difícil ao lado de Espanha, Holanda e Chile, mas o desempenho corajoso da equipe animou os torcedores. Postecoglou foi mantido no cargo e classificou o time para a Copa de 2018, mas surpreendeu ao anunciar sua demissão logo depois, citando o desgaste de tantos anos no comando. Uma história curiosa de sua passagem pela seleção foi que, durante a Copa no Brasil, ele disse ter criado simpatia pelo Vasco e passado a acompanhar os jogos do clube carioca.
De volta ao futebol de clubes, Postecoglou comandou o Yokohama F-Marinos, do Japão, por três temporadas, sendo campeão da J-League em 2019. Em 2021, foi contratado pelo Celtic, da Escócia, onde se tornou ídolo da torcida. Ganhou cinco taças em dois anos e reforçou o time com talentos trazidos do Japão, como o volante Reo Hatate e os atacantes Daizen Maeda e Kyogo Furuhashi – esse último se tornou o maior xodó das arquibancadas do Celtic Park.
O bom desempenho na Escócia chamou atenção do Tottenham, que, após as recusas de nomes como o alemão Julian Nagelsmann e o holandês Arne Slot, viu em Postecoglou uma possibilidade de revitalizar um elenco que havia perdido o brilho sob o comando de Antonio Conte. Com um estilo de jogo muito mais solto e ofensivo do que o antecessor, o australiano tem feito o Tottenham jogar seu melhor futebol em anos, mesmo com a saída do astro Harry Kane para o Bayern de Munique. Até onde podem ir os Spurs?