São Januário e a resistência: Vasco vive mais um capítulo histórico nesta quinta

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Fachada de São Januário pouco após a inauguração do estádio
Foto: Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã
Fachada de São Januário pouco após a inauguração do estádio

Vasco e São Januário escrevem mais um capítulo histórico nesta quinta-feira, dia 21 de setembro. Afinal, a torcida volta a frequentar o estádio, contra o Coritiba, após três meses de interdição judicial. Neste período, a decisão causou comoção esportiva, social e política e tornou a data simbólica. Assim como tantos outros momentos relevantes desde a construção, há 96 anos.

Todos os ingressos foram vendidos em pouco mais de três horas, e a ansiedade toma conta dos vascaínos e dos próprios jogadores. Vários deles, aliás, estreiam em uma partida em São Januário com arquibancadas cheias. Desde junho, o time teve que mandar seus compromissos no Maracanã e no Estádio Nilton Santos para ter o apoio dos torcedores.

Historicamente, o clube e o estádio têm a resistência como sobrenome. O Jogada10 levantou alguns fatos e curiosidades que comprovam a luta e a importância da Colina para o futebol brasileiro e para o próprio país.

CONSTRUÇÃO

A ideia de construir o Estádio Vasco da Gama surgiu em 1925, após anos de críticas e pressão dos rivais pelo fato de o rival não ter uma casa. Uma campanha para assciação em massa arrecadou 685 contos e 895 mil réis para a compra do terreno e mais 2.000 contos de réis para a construção. A mobilização histórica ocorreu, afinal, porque o clube sempre defendeu as classes mais sociais mais baixas e lutou pela inclusão de negros e operários no futebol. O episódio ficou marcado pela Resposta Histórica e pelos Camisas Negras do primeiro título carioca, em 1923.

Em dois anos, o estádio foi erguido e ganhou o apelido de São Januário por conta do nome que corta a região do bairro de São Cristóvão. Em 21 de abril de 1927, na inauguração, ainda não havia a curva na arquibancada e nem iluminação artificial.

MAIOR DE TODOS

O Vasco teve o maior estádio da América do Sul por dois anos, com capacidade máxima para cerca de 50 mil pessoas. Com a abertura do Estádio Centenário, no Uruguai, para a Copa de 1930, logo perdeu essa marca. No entanto, seguiu como a maior arena do Brasil até a construção do Pacambu, em São Paulo, em 1941.

POLÍTICA E CULTURA

O Rio de Janeiro, por sinal, foi a capital do Brasil até 1961. Assim, muitos comícios políticos ocorreram em São Januário, com a presença de presidentes como Getúlio Vargas e Dutra . Entre eles, o anúncio histórico da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1940.

O desfile das Escolas de Samba da cidade também teve o estádio como palco entre as décadas de 30 e 40, até a inauguração do Sambódromo.

RECORDE DE PÚBLICO

Oficialmente, a partida entre Vasco e Londrina, no Brasileirão de 1978, detém o recorde de público, com 40.209 mil. Mas estima-se que o amistoso de inauguração dos refletores, contra o Montevideo Wanderers, em 1928, e outros jogos tiveram mais de 50 mil presentes.

Na Libertadores de 1998, ainda há registros de mais de 35 mil ingressos vendidos. Porém, com o episódio da queda do alambrado durante a final do Brasileirão de 2000, contra o São Caetano, as autoridades de segurança tomaram uma série de medidas para reduzir a capacidade. A partir daí, a carga passou a ser inferior a 25 mil bilhetes, entre arquibacada e setor social.

JOGOS MARCANTES

São Januário recebeu grandes e históricas partidas, seja do Vasco ou da Seleção Brasileira, em preparação para a Copa de 1950. Foi lá, por exemplo, que saiu o primeiro gol olímpico de que se tem memória no Brasil. O jogador vascaíno Santana marcou direto do escanteio, e muitos companheiros não sabiam que deveriam comemorar, por desconhecimento da regra.

A final da Libertadores de 1998, as finais da Copa do Brasil de 2005 (derrota do Fluminense para o Paulista) e 2011 (título do Vasco sobre o Coritiba) também aconteceram no estádio. O Expresso da Vitória, time cruz-maltino multicampeão, aplicou a maior goleada da história do Campeonato Carioca na Colina, em 1947. Foi, aliás, sobre o Canto do Rio, por 14 a 1.

GOL MIL DE ROMÁRIO

Ainda na lista de jogos marcantes, um deles tem um merece à parte. Isso porque, foi em São Januário que Romário marcou seu milésimo gol, em 2007. Depois da vitória sobre o Sport, o então presidente Eurico Miranda mandou esculpir e instalar uma estátua do Baixinho no campo.

Curiosamente, o gol mil anterior de um lendário atacante brasileiro também teve o envolvimento da cruz de malta, ainda que não tenha sido no estádio. Afinal, Pelé, torcedor do clube carioca, marcou pelo Santos sobre o Vasco, no Maracanã, em 1969.

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