Reflorestamento fica abaixo da meta prevista como legado da Olimpíada

Prefeitura do Rio plantou 100 mudas da Floresta dos Atletas, no Parque Radical, em Deodoro, preparando o local para receber as 12 mil árvores

Cadê o legado? Árvores foram mostradas na cerimônia de abertura do Rio 2016
Foto: Reprodução
Cadê o legado? Árvores foram mostradas na cerimônia de abertura do Rio 2016

A plantação de mudas na zona oeste do Rio de Janeiro, semeadas pelos atletas durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, poderia ser um legado positivo para a cidade. Mas o reflorestamento previsto fica longe da meta prometida pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) ao governo do Rio, que envolvia o plantio de 24 milhões de mudas para compensar o impacto ambiental com a Olimpíada e a Paralimpíada.

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“Se, de fato, isso fosse real, mesmo com 30% de mortalidade (das mudas), o que é normal, você teria um acréscimo de flores a equivalente a 10% da área da cidade. Seria positivo porque só 30% da cidade são considerados área florestal, com algum tipo de vegetação importante”, disse Marcos Freitas sobre o legado  - ele é coordenador-geral do IVIG (Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais) "Não vai ter uma coisa importante em termos de floresta, infelizmente".

A prefeitura do Rio de Janeiro plantou 100 mudas da Floresta dos Atletas, no Parque Radical, em Deodoro, preparando o local para receber as 12 mil árvores semeadas pelos atletas no Rio 2016. As sementes estão sendo cultivadas em um horto e serão transplantadas para o Parque Radical, em 2017. Marcos Freitas avaliou que as 12 mil mudas “não alteram nada em relação ao reflorestamento no Rio de Janeiro".

Neutralização

Já o coordenador de planejamento ambiental do ITPA (Instituto Terra de Preservação Ambiental), Felipe Paranhos, disse que é preciso ficar de olho. A entidade foi parceira do governo no projeto Jogos Verdes 2016 de neutralização das emissões de gases de efeito estufa. A organização não governamental começou a elaborar o mapeamento para fazer as neutralizações das emissões no entorno do complexo de Ribeirão das Lajes, da distribuidora de energia Light, situado nos municípios de Rio Claro e Piraí, no estado do Rio de Janeiro.

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“Começamos a mapear áreas prioritárias lá dentro para poder fazer as neutralizações. Só que o projeto foi descontinuado devido a divergências políticas”. Segundo ele, o projeto acabou abandonado por falta de recursos, sem deixar legado para cidade.

Para Paranhos, a grande promessa do governo do estado ao COI não foi cumprida. “Não houve neutralização. O que eles fizeram foi dar uma amenizada”. Não há como comparar o compromisso apresentado ao COI anteriormente com as 12 mil mudas que deverão ser plantadas em Deodoro, comentou, concordando com Marcos Freitas.

Formiga e fogo

Felipe Paranhos explicou que não se trata apenas de plantar a muda no chão e simplesmente largar. É necessário que haja uma assessoria técnica no local, de se preparar a área e fazer acompanhamento por, no mínimo, cinco anos, para evitar a infestação de formigas e o perigo de pegar fogo.

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Menino com uma muda de árvore na cerimônia de abertura

Ele destacou que a restauração florestal é uma cadeia produtiva muito grande, que gera empregos. Países desenvolvidos, como os Estados Unidos, investiram muito em restauração florestal há 60 anos ou 70 anos, afirmou. "A gente vai na contramão o tempo todo. Prometeu-se uma coisa gigante e não foi feito nada".

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Felipe espera que as 12 mil mudas venham a ser plantadas, deixando um legado positivo do Rio 2016. Ele disse ainda que em um hectare podem ser plantadas 1.677 árvores. Por isso, o coordenador do ITPA indicou que se pode ver o que seria feito antes se o compromisso de 24 milhões de mudas tivesse sido mantido, e o que vai ser feito agora.

*Com Agência Brasil