Roma abandona candidatura aos Jogos Olímpicos de 2024
A prefeita de Roma, Virginia Raggi, anunciou o abandono da candidatura da cidade e disse que Olimpíadas são um "sonho que vira pesadelo"
Por iG São Paulo | * |
Um ano depois de ter oficializado sua candidatura a sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024, a cidade de Roma voltou atrás. Nesta quarta-feira, a prefeita Virginia Raggi confirmou os rumores das últimas semanas e anunciou a retirada da capital italiana, que sediou as Olimpíadas de 1960, da disputa.
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O abandono do projeto para receber as Olimpíadas foi comunicado por meio de uma coletiva de imprensa no Capitólio, sede da Prefeitura de Roma , após Raggi ter faltado a uma reunião com o presidente do Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni), Giovanni Malagò.
Seria a última tentativa do dirigente de reverter a decisão da prefeita, que já era prevista desde que ela foi eleita, em junho passado, apesar dos apelos de cartolas, atletas e do primeiro-ministro Matteo Renzi. O encontro estava marcado para 14h30 (horário local), mas, depois de ter esperado por 35 minutos, a delegação do Coni deixou o Capitólio em protesto contra a atitude da prefeita.
"É irresponsável dizer sim a essa candidatura. Falamos isso com força em 2015, reiteramos na campanha eleitoral e dizemos agora. Nunca mudamos de ideia", declarou Raggi, que lembrou que os romanos ainda pagam 1 bilhão de euros da dívida relativa aos Jogos de 1960, realizados na "cidade eterna".
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"Não temos nada contra as Olimpíadas, mas elas viraram um negócio. Não às Olimpíadas dos tijolos. Na prática, elas são uma espécie de cheque em branco assinado pelos países-sede. As Olimpíadas são um sonho que se torna pesadelo. É um negócio para os grandes lobbies, os grandes construtores", acrescentou.
A chefe municipal também citou o caso do Rio de Janeiro, que acaba de sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. "Não temos dados do Rio, mas temos nos olhos as imagens dos habitantes do Rio", disse, em tom de crítica.
Com a confirmação da desistência de Roma, o gabinete de Raggi deve discutir na semana que vem uma proposta para retirar formalmente o apoio do Capitólio à candidatura, o que, na prática, enterrará o projeto olímpico da cidade.
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PARTE POLÍTICA
Primeira prefeita mulher na milenar história da cidade, Raggi tem 37 anos e representa o Movimento 5 Estrelas (M5S), partido antissistema e populista que faz oposição ao governo de centro-esquerda de Renzi. A legenda sempre criticou a candidatura e Raggi, durante a campanha eleitoral, chegou a dizer que era "criminoso" pensar em Olimpíadas enquanto a capital "morre afogada em trânsito e buracos".
Na semana passada, o humorista Beppe Grillo, fundador e líder do M5S, publicou em seu blog um manifesto contra os Jogos, aumentando a pressão sobre Raggi, que vem perdendo apoio até dentro do movimento por conta das confusões envolvendo sua curta administração.
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Além de lidar com problemas crônicos de trânsito e limpeza urbana, a prefeita passou a ser questionada por causa da nomeação para seu gabinete de pessoas investigadas pela justiça. A desistência da capital italiana acontece justamente no momento em que Raggi tenta recompactar o M5S em torno dela.
A candidatura da capital italiana havia sido oficializada em 11 de setembro do ano passado, quando o prefeito ainda era o centro-esquerdista Ignazio Marino, derrubado meses mais tarde após ter perdido o apoio de sua própria legenda, o Partido Democrático (PD), liderado por Renzi.
A queda de Marino fortaleceu o desencanto da população com as legendas tradicionais e deu combustível para a vitória de Raggi nas eleições antecipadas de junho deste ano, quando ela também proporcionou ao M5S o maior triunfo de sua história.
Com a saída de Roma, permanecem na disputa pelos Jogos de 2024 as cidades de Budapeste (Hungria), Los Angeles (EUA) e Paris (França). A prefeita desta última, Anne Hidalgo, já tentou aproveitar a ocasião para cobrar apoio de todos os candidatos à Presidência. "O consenso político é um elemento decisivo", afirmou. A sede das Olimpíadas de 2024 será anunciada em setembro de 2017, em Lima, no Peru.
*Com informações de Ansa