Odair Santos supera frustração de quedas e conquista 1ª medalha do Brasil
As horas inciais de provas dos Jogos Paralímpicos já renderam a primeira medalha ao Brasil, naquela que também foi a primeira final da competição
Por BBC News Brasil |
Odair Santos garantiu a prata nos 5 mil metros categoria T11 (cego total) ao conseguir uma virada nas voltas finais, quando ultrapassou os adversários e chegou na segunda colocação, atrás do queniano Samwel Kimani.
A prova teve um significado especial para ele, que vinha de uma grande frustração no Mundial de Paratletismo em Doha, em outubro do ano passado. Na ocasião, Odair liderava a longa prova com folga, mas nos metros finais foi abatido por uma hipetermia e caiu.
Quando conseguiu se levantar com a ajuda do seu guia, o adversário já o havia ultrapassado. Andou mais alguns metros até tropeçar de novo. Mais dois adversários passaram por Odair, que tinha dificuldades até para se manter de pé. Ele finalizou a prova e desabou no chão, bastante decepcionado com o resultado.
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Ainda naquele Mundial, Odair se reergueu e conquistou o ouro na prova dos 1,5 mil. Mas ainda havia um gostinho ruim pelo que aconteceu nos 5 mil metros e, nesta quinta-feira, correndo diante de familiares e de um Engenhão parcialmente cheio, ele conseguiu a maior redenção: a medalha de prata, a quarta dessa cor em sua carreira, a oitava paralímpica no total.
Torcida
Aos 35 anos e disputando a Paralimpíada pela quarta vez, Odair celebrou a conquista com uma torcida barulhenta, que o empurrou ao longo de toda a prova - especialmente nas últimas voltas, quando ele acelerou para ultrapassar os adversários. Ele chegou a liderar, mas o queniano Samwuel Kimani foi mais rápido e ficou com o ouro.
"Eu me poupei no início para tentar melhorar no fim, infelizmente não deu certo hoje. O campeão (Kimani) é especialista, ele é muito rápido. Mas conquistar uma medalha no meu país é muito bom. Disputar uma Paralimpiada em casa não é pra qualquer um", disse ele.
Odair homenageou as filhas na prova: nos óculos escuros que usou para correr, havia as fotos de suas duas meninas, repetindo o que havia feito na Paralimpíada de Londres quando ficou com a prata nos 1,5 mil metros, mas na época só uma delas já era nascida.
"Se estou aqui conquistando uma medalha no meu país, a família tem grande parcela nisso", afirmou.
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Odair descobriu que estava perdendo a visão quando tinha 9 anos. Ele sofre de retinose pigmentar e, quando disputou suas primeiras Paralimpíadas, em Atenas, 2004 e Pequim, 2008, ainda tinha um pouco da visão. A partir de 2010, não enxergava mais nada e mudou para a categoria T11, de cegos totais, na competição.
Como campeão mundial, ele é favorito também para a prova dos 1,5 mil metros e voltará às pistas neste domingo