Responsável por 1ª tacada olímpica, brasileiro quer tornar golfe mais conhecido

Adilson da Silva, em 22 anos de carreira, já ganhou mais de 30 torneios na modalidade, sendo que em 2012, tornou-se o sexto brasileiro da história a chegar às finais de um torneio do Grand Slam do golfe

Foto: Reprodução
Adilson da Silva é o respresentante brasileiro do golfe

O brasileiro Adilson da Silva teve a honra de dar a tacada que abriu a competição masculina de golfe dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Foi um momento histórico, pois marcou a volta da modalidade ao evento após 112 anos de ausência - antes, só esteve presente em Paris 1900 e Saint Louis 1904. “E também será uma ótima oportunidade para tornar a prática mais conhecida no Brasil”, acredita o atleta de 44 anos que vai homenagear um grande amigo e principal incentivador: Andrew Robert Edmondson, empresário inglês fixado no Zimbábue, que o ajudou a começar no esporte.

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A presença de Andy no campo de golfe vai criar uma cena inusitada. O milionário terá a mesma função habitualmente executada por jovens de baixa renda, ou seja, será o carregador de tacos dos atletas, o famoso caddie. "“Acho que a bolsa deve pesar uns 30 quilos, dependendo da quantidade de tacos escolhidos por Adilson"”, brinca ele, que teve o brasileiro como caddie quando jogava golfe nas viagens ao Brasil. “"Essa inversão de papéis me orgulha muito"”, conta Andy. De tanto vir ao Brasil, ele sabe falar português.

Andrew e Adilson se conheceram em 1991, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, onde o brasileiro nasceu. Andy já trabalhava no ramo da produção de fumo e constantemente viajava à cidade gaúcha. Filho de um carpinteiro e uma faxineira, Adilson completava a renda da casa trabalhando como caddie no clube de golfe da cidade. Sem adversário, o milionário convidava Adilson para jogar e logo percebeu um rastro de talento no garoto que deu suas primeiras tacadas com galhos de árvores improvisados.

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“Adilson batia bem na bola, bem demais para quem não estava acostumado a jogar golfe, conta o empresário, que ofereceu uma bolsa ao brasileiro para iniciar carreira no Zimbábue - o país africano tem tradição na modalidade. O gaúcho estava com 17 anos e, com o consentimento da família, aceitou viver a experiência. “"Comecei como amador e tive mais condições porque há investimento no golfe”", explica Adilson, que trabalhou como garçom enquanto treinava. Ele ficou no Zimbábue até 1994, quando se transferiu para a África do Sul, onde se profissionalizou e decidiu viver.

Carreira longa e de sucesso

Em 22 anos de carreira, Adilson já ganhou mais de 30 torneios. Em 2012, tornou-se o sexto brasileiro da história a chegar às finais de um torneio do Grand Slam do golfe. Atualmente ele mora com a mulher e um filho em Durban, cidade sul-africana famosa pela prática do surfe. O longo tempo fora do Brasil se reflete em um leve sotaque de quem fala mais inglês do que português.

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Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Adílson não enfrentou os grandes nomes atuais do esporte, que decidiram não participar sob a alegação de temor ao vírus da zika - caso do australiano Jason Day (1.º do ranking) e dos americanos Dustin Johnson (2.º) e Jordan Spieth (3.º). “"No futuro, eles não serão lembrados, mas sim quem faturou medalhas"”, alfinetou o brasileiro.

Seus grandes rivais no golfe olímpico são o sueco Henrik Stenson, número 5 do mundo e mais bem ranqueado do torneio, e o espanhol Sergio Garcia. Na disputa feminina, o Brasil será representado por Victoria Lovelady e Miriam Nagl.

*Com Estadão Conteúdo