Faltando 163 dias para o início dos Jogos Olímpicos do Rio, Fabiana Murer já tem índice para disputar a competição, mas ainda não sabe se terá um lugar para treinar. Ontem, a campeã mundial de salto com vara (2011 em pista aberta e 2010 em ginásio coberto) embarcou de volta ao Brasil, depois de ter vencido o All Star Perche, torneio indoor realizado na cidade francesa de Clermont-Ferrand.
Foto: Michael Steele/Getty Images
Fabiana se aquece para a Olimpíada no Mundial de Atletismo Indoor, em Portland
Na bagagem, além da medalha de ouro (saltou 4,71 m), vem a preocupação sobre a situação da pista de atletismo de São Caetano do Sul, onde treina normalmente. A obra foi iniciada em setembro do ano passado e deveria ser concluída até 18 de março, mas não vai ficar pronta dentro do prazo.
Depois de alguns dias sem avanço nem ninguém trabalhando no local, a reforma foi retomada na sexta-feira, com a chegada de novos materiais e a presença de alguns operários. O ritmo irregular e inconstante, porém, ainda tira o sossego dos atletas que precisam da instalação para realizar sua preparação para a Olimpíada.
E mais
+ Bruno Soares e Marcelo Melo iniciam preparação olímpica no Rio Open
+ Veja em vídeo como estão as obras da Rio 2016
“Estou preocupado porque não sei quando a pista vai ficar pronta e, se atrasar, pode prejudicar nosso trabalho”, revelou ao DIÁRIO o técnico Élson Miranda durante o Torneio da Federação Paulista de Atletismo, em janeiro, pouco antes do embarque para a Europa.
No improviso/
Sem a pista, a opção de Fabiana para continuar no ABC paulista é fazer seu treinamento no ginásio coberto, localizado no mesmo lugar. A situação está longe da ideal, porque no Rio de Janeiro a disputa é no descoberto e as condições de prova são completamente diferentes das realizadas em local fechado.
Neste fim de semana, Fabiana participa do Super Salto, no Rio de Janeiro. A retomada normal de treinos está prevista para a próxima semana, este é o nosso deadline (prazo limite para aguardar uma solução). Teremos dois meses de preparação para o evento-teste”, lamenta Élson, referindo-se ao Campeonato Ibero Americano de atletismo. A competição será realizada de 13 a 15 de maio, no Estádio Olímpico, e será o último torneio do calendário de avaliação das instalações.
Outro lado/
Ao DIÁRIO, a Secretaria de Esporte de São Caetano do Sul negou que a obra, orçada em R$ 2.881.547,06 e custeada pelo Ministério do Esporte, esteja paralisada. De acordo com o órgão, “a execução dos serviços está sendo prejudicada e atrasada devido ao período de fortes chuvas”.
A Secretaria informa que o prazo de entrega é 28 de março – na placa, em frente à instalação, o término da execução está marcado para o dia 18 - e não há previsão de mudança de data.
Em relação aos repasses, o Ministério do Esporte afirma que os recursos não foram suspensos. Até agora, porém, só foram liberados R$ 441 mil, porque a verba é disponibilizada pela Caixa de acordo com o avanço da obra — 3,91% do serviço previsto foi feito.
Entrevista
Élson Miranda_ Técnico de Fabiana Murer
‘Vamos ver se a gente consegue uma solução’
DIÁRIO_
Faltando tão pouco tempo para a Olimpíada, como avalia a demora na reforma?
ÉLSON MIRANDA_
É difícil. No ano passado, fomos ao Japão fazer uma aclimatação. Eles nos convidaram para treinar no estádio onde será realizada a competição olímpica de 2020. Eles já estão reformando a pista para a Olimpíada!
O que está planejando a esse respeito. Já tem um plano B?
Vamos treinar aqui (em São Caetano), esperando a reforma sair, é a nossa casa. Vamos ver se a gente consegue uma solução de última hora, mas nós ficamos muito pressionados.
Em março, vocês disputam o Mundial Indoor, em Portland. Qual a meta na competição?
A Fabiana precisa saltar 4,85 m. Se não fizer isso, fica difícil trazer uma medalha. Se ela conseguisse saltar 4,90 m, seria 100% da capacidade dela e terminaria a temporada (indoor) muito bem (a melhor marca pessoal de Fabiana em pista coberta é 4,83 m, registrada em 2015, em Nevers, na França).
* Marta Teixeira