
O sonho de qualquer piloto brasileiro é chegar à Fórmula 1. Em seguida, quer marcar pontos na categoria e depois brilhar correndo no Brasil. Mas até hoje nenhum estreante conseguiu esse feito no GP do Brasil de F1 . Nem as mudanças no regulamento conseguiram ajudar, mas Gabriel Bortoleto tem a oportunidade real de quebrar a escrita.
Desde que o GP do Brasil passou a contar pontos para o mundial de F1, foram 20 pilotos brasileiros disputando o GP do Brasil, sem um pontinho sequer, seja em Interlagos ou Jacarepaguá, no ano de estreia na F1.
Os brasileiros deixaram de pontuar pelos mais diversos motivos, por isso preparamos uma lista de cuidados que Bortoleto deve ter para fazer história no GP do Brasil 2025. A primeira lição é se manter na pista, o que só 8 pilotos conseguiram. Depois, é pisar fundo no acelerador e aproveitar o regulamento, onde os 10 primeiros marcam pontos.
1. Cuidado nas primeiras voltas
Todo cuidado é pouco nas primeiras voltas de uma corrida de F1 em Interlagos. Os estreantes do país ficaram pelo caminho sete vezes nas primeiras 10 voltas, seja por quebras ou acidentes. Foi o caso de Wilson Fittipaldi — na sua estreia oficial — e José Carlos Pace, logo na primeira corrida, ambos com problemas mecânicos. Também abandonaram precocemente Nelson Piquet, em 1979, depois de um toque com Clay Regazzoni, na 5ª volta, e Ayrton Senna, em 1984, com problemas no turbo da sua Toleman, depois de completar a 7º volta no circuito do Rio de Janeiro. Maurício Gugelmin, em 1988, também em Jacarepaguá, além Tarso Marques, em 1996, e Nelsinho Piquet, em 2008, ambos em São Paulo, não passaram da primeira volta.
2. Se chover, não corra
Outro motivo que interrompeu o sonho dos pilotos estreantes foram os acidentes. Foram sete ao todo, quatro deles debaixo de muita água. Assim terminou o GP de São Paulo para Tarso Marques e Ricardo Rosset, em 1996, além de Antônio Pizzonia, na 24º volta de 2003, e Nelsinho Piquet, no “S do Senna” (2008).
Mas os acidentes com pista seca também tiraram pilotos da casa, como aconteceu com Nelson Piquet, Ricardo Rosset e Felipe Massa, depois de bater com a Minardi de Mark Weber, em 2002.
3. Faça uma revisão de motor e câmbio
Entre os motivos que tiraram os novatos brasileiros da prova, o principal foi a quebra de motor. Cinco deles sofreram com esse problema, principalmente em épocas que as unidades motrizes eram menos confiáveis. Foi isso que aconteceu com os motores Ford-Cosworth de Wilsinho (1973), Alex Dias Ribeiro (1977), Luciano Burti (2001) e Lucas di Grassi (2010), passando pelo Hart turbo de Ayrton, em 1984.
Cuidar bem do câmbio teria sido outra dica valiosa para os iniciantes, principalmente quando as trocas eram manuais. Esta foi esta razão que tirou da prova Maurício Gugelmin, em 1988, Christian Fittipaldi, em 1992 e Rubens Barrichello, em 1993.
José Carlos Pace, em Interlagos, e Chico Serra, em Jacarepaguá, foram exceções, com problemas na suspensão.
4. Jogue com o regulamento
Não é preciso dizer que Bortoleto tem que tirar o máximo da Sauber, mas o brasileiro pode se aproveitar do regulamento, com 10 carros pontuando, para obter vantagem sobre os seus antecessores.
No dia da primeira vitória de Senna no Brasil, Roberto Pupo Moreno colocou a Benetton em 7º lugar, em 1991, mas na época apenas os seis primeiros pontuavam. Pedro Paulo Diniz (1995) e Ricardo Zonta (2000) também teriam pontuado com o regulamento de hoje.
Em 2003, Cristiano da Matta colocou a Jaguar em 10º lugar —o último entre os pilotos na pista —, quando oito pilotos já pontuavam. Em corrida encerrada em bandeira vermelha, o piloto mineiro só não marcou ponto porque valeram as posições da volta anterior à paralisação.
O mesmo não se pode dizer de Luiz Bueno, Ingo Hoffman, Bruno Senna e Felipe Nasr, que também chegaram ao final, mas fora do top-10.
Foi mas não valeu
Na verdade, o tabu se refere à exclusivamente à pontuação, já que no primeiro grande prêmio, em 1972, que não fazia parte do calendário do mundial de Fórmula 1, Wilson Fittipaldi, na sua estreia na categoria, subiu ao pódio com a 3ª posição em Interlagos. Outro brasileiro estreante, Luiz Pereira Bueno chegou na honrosa sexta posição. Mas, efetivamente, nenhum dos dois marcou pontos para o campeonato.
Outro grande resultado que não conta para esta estatística é a vitória de Emerson Fittipaldi no primeiro GP do Brasil que fez parte do campeonato mundial, em 1973. Isso porque o gênio brasileiro estava longe de ser considerado um estreante. Apesar da pouca idade, Emerson já defendia o título de 1972, antes prova do mundial ser disputado por aqui.