
O dia que poderia ter sido o maior para o Brasil e, quem sabe, da história da Fórmula 1, se tornou uma das maiores frustrações para o esporte brasileiro. No GP do Brasil 2008, em Interlagos, Felipe Massa estava com o título mundial nas mãos, mas uma improvável reviravolta deu o primeiro troféu a Lewis Hamilton a duas curvas do fim. Uma história que jamais vai se repetir e que mudou para sempre o rumo da Fórmula 1.
GP do Brasil 2008
Era um dia nublado, com o céu carregado em Interlagos. Depois de 14 anos sem Ayrton Senna — e 16 temporadas sem um título mundial —, o GP do Brasil decidia pela primeira vez o campeonato com um piloto brasileiro na briga. Felipe Massa tinha a difícil missão de tirar 6 pontos de distância para Lewis Hamilton, na disputa entre as duas maiores promessas do automobilismo. O inglês da McLaren precisava de um quinto lugar para ficar com o título, em caso de vitória do piloto da casa.
Felipe Massa fez a sua parte
A história começou a pender para o lado brasileiro quando Massa e sua Ferrari ficaram com a pole position, deixando Hamilton na quarta posição. A boa surpresa foi o italiano Jarno Trulli, com a 2ª posição no grid, com a Toyota, seguido pelo campeão Kimi Raikkonen, companheiro de Massa.
Cabia ao piloto brasileiro fazer a sua parte, vencendo a sua sexta corrida na temporada e contando com a ajuda de pelo menos mais três pilotos, além de Raikkonen. E Felipe Massa fez o seu papel com maestria. Nem mesmo quando a chuva começou a cair sobre o circuito o brasileiro perdeu o controle da prova. Hamilton se mantinha na quinta posição, seguido pelo novato Sebastian Vettel, da Toro Rosso (equipe B da Red Bull). Mas a pista molhada ainda deixava o torcedor brasileiro com esperança, mesmo sem saber exatamente em que.
Emoção guardada para o fim
A apenas três voltas do fim da prova, o improvável aconteceu. Vettel encostou em Hamilton e conseguiu a ultrapassagem que transformou Interlagos em um verdadeiro caldeirão. Uma mistura de emoções que envolviam os momentos de glória e luto que o Brasil havia vivido na Fórmula 1 até ali. O incrível enredo estava desenhado: vencer a corrida e o campeonato, em casa, na chuva.
O brasileiro continuou impecável no volante e cruzou a linha de chegada em primeiro lugar. Faltava menos de um minuto para os fãs em Interlagos e todo o Brasil poderem extravasar, recebendo finalmente um prêmio de consolação à altura da perda do seu maior ídolo. Nada menos que o maior título de Fórmula 1 de todos os tempos.
Era apenas questão de tempo, pouco tempo. Na última volta, Hamilton estava em sexto, meio segundo atrás de Vettel — e 13 segundos atrás de Timo Glock, da Toyota, que vinha na quarta posição. A narração oficial do circuito dava o tom da festa e os pilotos cruzavam a linha de chegada um a um. Até que Vettel recebeu a bandeira quadriculada à frente de Hamilton, para festa em família no box de Felipe Massa e delírio do público brasileiro.
O tempo parou
Mas no momento seguinte, o tempo parou. O que poucos perceberam — ou quiseram ver — era que o piloto britânico havia chegado na quinta posição, a “conta do chá” para se tornar o campeão mundial mais jovem da F1. A ultrapassagem inesperada sobre Glock a duas curvas do fim, definiu o resultado e frustrou um país inteiro, sem qualquer exagero.
Fim do sonho e o público foi deixando o autódromo em um cortejo fúnebre, ainda sem compreender por que, quando e como tudo havia acontecido. Foi quando a chuva resolveu cair mesmo para valer, com se Interlagos chorasse por mais um perda irreparável dentro das pistas — com o perdão da comparação —, inundando a alma dos fãs e um pouco além.
Mudou a história da F1
Hamilton ganhou o primeiro de sete títulos. Sebastian Vettel se tornou o campeão mais jovem. Felipe Massa ficou sem o mundial e o Brasil nunca voltou a ser campeão de F1. Assim, aquele fatídico GP do Brasil de 2008, em São Paulo, escreveu a história da principal categoria do automobilismo como conhecemos hoje.
