O Campeonato Brasileiro entrou em sua reta final com roteiro digno de novela. No início de outubro, o Flamengo parecia perto de repetir o domínio que levou o Botafogo ao título no ano anterior: tinha a melhor campanha, elenco estrelado e uma vantagem confortável na tabela.
Duas semanas depois, o rubro‑negro vive um pesadelo e, em meio a data Fifa, vê o Palmeiras assumir a ponta e disparar nas projeções de título. Isso graças a dois tropeços seguidos que viraram as probabilidades de cabeça para baixo.
Na 26ª rodada, o Flamengo recebeu o Cruzeiro no Maracanã. Ainda líder, a equipe de Filipe Luís enfrentava um adversário direto pelo G‑4. O jogo truncado terminou 0 x 0, levando os cariocas aos 55 pontos, apenas três à frente do Palmeiras, que ainda tinha dois jogos a menos.
Quatro dias depois veio o golpe mais duro. Jogando em Salvador pela 27ª rodada, o Flamengo foi dominado pelo Bahia e perdeu por 1 x 0. Foi a segunda partida consecutiva sem vitória e a primeira derrota fora de casa desde maio.
Na contra-mão do rubro-negro, o Palmeiras mostrava força de um elenco vencedor ao derrotar o São Paulo, de virada, por 3 x 2 em pleno Morumbis após estar perdendo por 2 x 0. Já no último sábado, o Alviverde goleou o Juventude por 4 x 1 em jogo atrasado, igualou o número de partidas do Flamengo e assumiu a liderança com 58 pontos, três de vantagem para os cariocas.
O que dizem os números
Segundo o InfoBola, portal comandado pelo pesquisador matemático Tristão Garcia, o Palmeiras tem agora 67% de probabilidade de levantar a taça, enquanto o Flamengo caiu para 28%. Para quem acompanhava o rubro‑negro nas semanas anteriores, quando suas chances beiravam 50% ao fim do primeiro turno, ver o rival paulista dobrar as chances de conquistar o Brasileirão é um choque.
A projeção da UFMG é ainda mais generosa com o alviverde. Após a goleada sobre o Juventude no último sábado, o Departamento de Matemática calculou que o Palmeiras passou a ter 69% de chances de ser campeão, contra 25,1% do Flamengo.
Interessante notar como as probabilidades respondem rapidamente às oscilações. Antes do empate com o Cruzeiro, o Flamengo liderava com margem confortável, mas depois da derrota para o Bahia, suas chances despencaram cerca de 20 pontos percentuais.
O Palmeiras, por sua vez, fez o caminho oposto: saiu de coadjuvante com pouco mais de 30% de chance para a casa dos 70%. A matemática mostra o tamanho do estrago causado pelos tropeços.
A sequência negativa mexeu com a confiança no Ninho do Urubu. Em entrevistas, Filipe Luís reconheceu o momento ruim e prometeu ajustes para manter a equipe viva na disputa.
O calendário, porém, não dá descanso: na sequência estão Botafogo e Palmeiras, além da semifinal da Libertadores, contra o Racing-ARG.
“Essa sequência define a temporada”, disse o treinador. Os números confirmam a urgência da reação.
Tabela e confrontos decisivos
O Brasileirão ainda tem 12 rodadas pela frente, e os dois favoritos têm um jogo atrasado em relação aos outros times. O Flamengo encara o Sport, último colocado, na Ilha do Retiro, no dia 13 de novembro, pela 12ª rodada. Já os paulistas medem forças no clássico contra o Santos, dia 15 de novembro, na Vila Belmiro, pela 13ª rodada.
Antes disso, porém, o calendário reserva um confronto direto entre os líderes, no Maracanã. No próximo domingo (19), Flamengo e Palmeiras se enfrentam pela 29ª rodada do Brasileirão. No primeiro turno, o Flamengo venceu por 2 x 0 em pleno Allianz Parque.
Uma nova vitória rubro‑negra, dependendo dos resultados da rodada anterior, pode recolocar as equipes no mesmo patamar de pontos, devolvendo a confiança ao elenco. Para o Palmeiras, empatar ou vencer no Rio significaria não só manter a vantagem na ponta como também enfraquecer o moral do principal rival e confirmar a dependência de seus próprios resultados para levantar o troféu.
Os números já mostraram que cada tropeço pesa, e a sequência de jogos exigirá elencos fortes e gestão de desgaste físico, ainda mais com compromissos paralelos na Copa Libertadores, com as semifinais marcadas para a semana do dia 20 de outubro.