Jogadores da seleção chilena comemoram o título da Copa América de 2015
Divulgação/La Roja - Federação de Futebol do Chile
Jogadores da seleção chilena comemoram o título da Copa América de 2015


Brasil e Chile se enfrentam nesta quinta-feira , às 21h30 (horário de Brasília), no Maracanã, pela penúltima rodada das Eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2026. Há alguns anos, este confronto seria um dos mais esperados dentro da América do Sul. A “La Roja”, como é conhecida, foi campeã das Copas América de 2015 e 2016, além de ter feito bonito na Copa do Mundo de 2014.

No período, a seleção possuía jogadores mundialmente consagrados e um treinador que caiu como uma luva no comando da equipe. Dez anos depois do primeiro título de sua história, o cenário é completamente diferente.

O Chile já está fora do Mundial de 2026, há duas partidas do fim das eliminatórias, mesmo sendo essa edição a primeira a ter seis vagas diretas para os sul-americanos (antes eram cinco vagas). Lanterna da tabela, a equipe comandada por Ricardo Gareca  — de curta passagem pelo Palmeiras, em 2014 — venceu apenas em duas oportunidades na competição.

A campanha bem abaixo da La Roja pode ser entendida com a última convocação. Com os grandes jogadores que marcaram o nome na seleção já com idade avançada, a convocação para os dois desafios finais das Eliminatórias só tem um nome que joga em uma das grandes ligas europeias: o lateral-esquerdo Gabriel Suazo, do Sevilla-ESP.

Chegada das SADPs no futebol chileno

Nos últimos anos, os clubes chilenos passaram a ser, em sua grande maioria, administrados por "Sociedades Anônimas do Esporte Profissional". As SADPs até ajudaram a reduzir os problemas financeiros dos mesmos, com pagamento de salários atrasados e de dívidas. Mas o jornalista esportivo chileno José Tomás Fernández Pumarino revelou que foi justamente esta mudança que contribuiu para atual situação do futebol no país.

"Estas foram as últimas gerações que foram treinadas e fizeram categorias de base com os clubes esportivos sociais, antes das sociedades anônimas. Elas foram formadas por clubes que garantiam que seus estudos estivessem em dia, que cuidassem de sua alimentação e que competissem. Hoje, os dirigentes do futebol chileno não têm nenhuma relação ou interesse no clube do qual são proprietários e a única coisa que lhes interessa é a conta fechar no fim do mês, não perder dinheiro. Com isso, eles investem pouco na formação de novos jogadores ", explicou José Tomás.

Segundo o jornalista, a queda das equipes chilenas passam principalmente pelo sucateamento das categorias de base, consequência da falta de investimento destes empresários. Ele afirma que os jogadores em formação “são vítimas e acabam indo para o profissional sem um bom processo de treinamento”, o que prejudica a evolução do futebol nacional.


Os anos de glórias do futebol chileno

País com pouca tradição no futebol, o Chile passou a chamar atenção na Copa do Mundo de 2014, no Brasil. A campanha não foi tão longeva — caiu nas oitavas de final para os donos da casa — mas já era possível perceber que daria ainda mais trabalho em seguida.

O momento da consagração veio no ano seguinte, com a conquista da Copa América. O título inédito consolidou o grande trabalho de Jorge Sampaoli à frente da “geração de ouro do país”.

A comissão técnica teve inegavelmente sua parcela de mérito no primeiro troféu da história da seleção chilena. O grande diferencial, entretanto, estava no arsenal de grandes jogadores: Cláudio Bravo, Gary Medel, Charles Aránguiz, Marcelo Díaz, Arturo Vidal, Mauricio Isla, Eduardo Vargas e Alexis Sánchez foram alguns dos nomes que, na época, atuavam em times das principais ligas europeus, sendo alguns deles para os principais candidatos à títulos no velho continente. 

O plantel era tão forte, que foi bicampeão consecutivo da Copa América no ano seguinte, desta vez sob comando de Juan Antonio Pizzi . Mas a partir dali, a maré virou para La Roja.

Fim da lua de mel da geração de ouro da Roja

Ainda com o mesmo treinador, o Chile chegou até a última rodada das Eliminatórias com chance de vaga na Copa de 2018. Mas acabou derrotado por 3 a 0 justamente contra o Brasil e passou pela primeira grande decepção com a “geração de ouro”. Dali pra frente foi só ladeira abaixo. Não à toa, também não se classificou para o Mundial seguinte, no Catar.

Já sem chances de vagas para a Copa do Mundo de 2026, a seleção chilena volta a ficar fora de três edições do torneio. O jejum só havia acontecido em uma oportunidade, nos mundiais de 1986, 1990 e 1994.Mas só não participou dos dois últimos por um banimento da Fifa, pelo goleiro Roberto Rojas fingir estar seriamente ferido por um rojão jogado pela torcida brasileira, para forçar um abandono da partida das Eliminatórias do Mundial de 90 .


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