De doações ao design próprio: Conheça a história do uniforme da seleção feminina

Na Copa do Mundo de 2019, disputada na França, será a primeira vez que as meninas do Brasil terão um uniforme criado especialmente para elas

Foto: Flavia Matos/ IG
Os uniformes da seleção feminina do Brasil estão em exposição no Museu do Futebol, em São Paulo

A Copa do Mundo de futebol feminino 2019 terá uma grande importância na história da seleção feminina do Brasil mesmo se elas não conseguirem o título. Isso porque é a primeira vez que os jogos serão transmitidos em televisão aberta no país e a primeira vez que elas usarão um uniforme feito sob medida.

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Desde que a seleção feminina começou a disputar o Mundial é a primeira vez que uma fornecedora de material esportivo pensa no design feminino. Nas edições anteriores elas usaram uniforme com design masculino, quando não o próprio uniforme da seleção masculina.

A ‘doação de uniformes’ da seleção masculina aconteceu na primeira Copa do Mundo Fifa de futebol feminino, em 1991. Em relato presente na exposição “Contra-Ataque: As mulheres do futebol” , a atacante Roseli de Belo diz que houve uma ‘briga’ pelas peças.

“A 10 do Romário é minha!” exclamou ela assim que as meninas receberam os uniformes. Naquela época, o baixinho brilhava nos campos defendendo o PSV, da Holanda, e tinha acabado de ganhar a medalha de prata nas Olimpíadas de Seul, em 1988, com a amarelinha.

A vez delas!

Foto: Divulgação
Meninas da seleção feminina do Brasil ajudaram na criação do novo uniforme

Mas nesse ano será diferente e as jogadoras da seleção chegaram até a ter participação na criação dos uniformes. “Pela primeira vez toda a coleção foi criada a partir de estudos e troca de informações com jogadoras profissionais e amadoras. O resultado é um conjunto especial de peças dedicadas às atletas de alta performance, do dia-a-dia e a todas as fãs de futebol”, explicou a diretora de marca para mulheres da Nike do Brasil , Martina Valle.

Sob a campanha “Mulheres Guerreiras do Brasil”, a Nike criou modelos que se adequam ao biotipo feminino.

“As camisas foram desenvolvidas, a pedidos, com um corte ajustado, sem ser justo demais, que marcaria o corpo e acabaria atrapalhando e distraindo as atletas na hora do jogo. O short também foi criado com um caimento inédito. A gente desenvolveu um short muito mais confortável, levinho, mais curto e um pouco mais longo na região posterior, pra respeitar a curvatura do corpo da mulher, que é diferente do corpo do homem”, disse Martina.

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A diretora da marca também explicou que o slogan “ Mulheres Guerreiras do Brasil ” tem referência ao tempo que a prática do futebol pelas meninas era algo proibido. “Quando desenvolvemos o primeiro uniforme de futebol pensado exclusivamente para o corpo feminino, quisemos também prestar uma homenagem a todas as mulheres guerreiras que encararam muitos obstáculos e, mesmo assim, continuaram lutando pela igualdade, dentro e fora de campo”.

“Queremos levar inspiração para uma nova geração de atletas, que usaram de inspiração as atletas precursoras do passado e, cada vez mais, apoiar o futebol e o esporte feminino para garantirmos que meninas e mulheres possam jogar e praticar aquilo que amam”, revelou Martina.

E a empresa tem investido mesmo no apoio ao futebol feminino . Além de confeccionar os uniformes da seleção feminina principal, a Nike também tem desenvolvido campeonatos para as categorias de base e para atletas amadoras, como o projeto Nike Futebol Clube (Nike F.C.) que atendeu mulheres em São Paulo com a ajuda da treinadora do Santos, Emily Lima.

“Estamos muito orgulhosos (e orgulhosas!) com o resultado [do uniforme]. A nossa parceria com a Seleção Feminina do Brasil é de longa data e, mais do que isso, o nosso compromisso com as mulheres é de tornar o esporte um hábito diário na vida de todas elas. Estamos lutando e trabalhando para inspirá-las, e remover as barreiras que as impedem de praticarem esportes”, encerrou Martina.