Desejado pelo Chelsea, atacante da seleção é reconhecido por fãs, assediado pela imprensa e deixa de ser craque apenas no Brasil
“Eu conheço esse menino”, disse uma moça loira, na porta do hotel no qual a seleção brasileira está hospedada em Londres, palco do amistoso de domingo (27 de março) contra a Escócia. “De verdade? Mas de onde?”, ela ouve de volta da reportagem. “Eu o vi em uma matéria num jornal. Lembrei pelo cabelo”.
O menino é Neymar e o cabelo moicano chamou a atenção de Laurie, que passava próximo ao The Dorchester quando viu um amontoado de gente tentando entrevistas na chegada ao hotel, quinta-feira, e foi ver o que acontecia. Ela não gosta de futebol, esperava encontrar Ronaldinho ou Kaká, os únicos que lembrava o nome, mas reconheceu o rosto do menino que já deixou de ser estrela apenas no Brasil.
Ele tem contrato até 2015 e uma multa rescisória para mercado exterior em R$ 135 milhões. O acordo foi assinado em agosto de 2010, depois de o Chelsea oferecer R$ 67 milhões ao Santos, que recusou. O jogador também não topou R$ 650 mil por mês, mais R$ 600 mil de bônus caso fizesse 20 partidas na temporada 2010/2011. Essa oferta ouriçou a imprensa inglesa, que fez diversas matérias na época, inclusive a vista por Laurie (ela não se lembra o jornal). A presença de Neymar pela primeira vez em Londres fez com que fosse assediado como um craque já renomado...
Esse eu conheço

“Consigo vender essa do Neymar para um torcedor do Chelsea por umas 30, 40 libras (de R$ 90 a R$ 120). Mas posso guardar também, e se ele for contratado até por outro time europeu consigo dobrar isso”, explica Mark, que não deu sobrenome e ficava se escondendo para não tirar uma fotografia. “Não é bem visto isso que fazemos”, disse.
O staff de Neymar já toma cuidado com esse assédio. Seu pai, também Neymar, vai a todas as viagens que o filho faz para tomar conta. Todas mesmo. Esteve até no Peru, quase um mês entre janeiro e fevereiro, durante o sul-americano sub 20 que classificou o Brasil para as Olimpíadas de Londres 2012. “Ele acompanha tudo sobre a carreira do filho. Está sempre presente, conversando, visitando, quando é permitido pela seleção, claro”, explicou o empresário Vagner Ribeiro.
“O toque dele é diferenciado, olha lá”, falou Neil Warnock, técnico do Queens Park Rangers, time inglês da segunda divisão (quase na primeira em 2011/2012, já que lidera o acesso) que abriu as portas de seu estádio, o Loftus Road, para receber o treino do Brasil quinta-feira à noite.
Ele via Neymar fazer um trabalho técnico e tático, mas dizia já conhecer a fama do brasileiro. Para agradar acionistas e patrocinadores, a diretoria do Rangers comprou uma dúzia de camisas da seleção para que os jogadores assinassem. Alguns passavam em frente, outros paravam, mas quando o garoto arriscou dar um drible e não autografar, foi encurralado por um dirigente: “Esse nome vai ser importante daqui um tempo”, disse a outro. No piloto automático, Neymar assinou até uma bola que não precisava e que acabou virando souvenir para um jornalista inglês.
Sobre o conselho dado por Pelé em 2010, segundo o próprio ex-jogador, de que o futebol de marcação da Inglaterra pode ser ruim para ele, Neymar dá de ombros: “Acho que poderia jogar bem, sim”, disse. Em entrevista recente citou Barcelona e Real Madrid como objetos de desejo. Mas já que está na Inglaterra, por que não dar um pouco de esperança aos novos fãs?