Mãe e jogadora de futebol, Sara Björk teve salário negligenciado por clube durante gestação
Reprodução/Instagram
Mãe e jogadora de futebol, Sara Björk teve salário negligenciado por clube durante gestação

Após um ano e meio, Sara Björk venceu a ação judicial contra o Olympique de Lyon que tramitava no Tribunal de Futebol da Fifa. Ex-jogadora do clube francês, Sara entrou com processo, devido às condições de trabalho impostas pelo Lyon durante sua gestação.

A atual meio-campista da Juventus e da seleção islandesa revelou em carta aberta ao 'The Players Tribune', publicada nesta terça-feira (17), que seu ex-clube deixou de realizar o pagamento de seus salários de forma integral após o descobrimento da gravidez.

Veja galeria de fotos de Sara Bjork:

Na carta, Sara revela que descobriu que estava grávida no dia 2 de março de 2021. O medo, as inseguranças e até mesmo um certo sentimento de culpa tomaram conta da atleta. Até então, nenhuma outra jogadora na história do Lyon, vencedor de oito Ligas dos Campeões femininas e referência mundial no futebol feminino, tinha feito tal anúncio.

Por este motivo, a meio-campista decidiu por esperar alguns dias para compartilhar a notícia com suas companheiras e a equipe técnica. Sara decidiu contar então, apenas ao médico do clube e aos fisioterapeutas, de forma que pudessem ajudá-la se fosse preciso; mas todos os profissionais prometeram manter sigilo. No dia anterior a uma partida decisiva contra o PSG, Sara vomitou por três vezes no dia anterior e acabou decidindo que era hora de informar o clube.

De acordo com o processo, a jogadora optou por deixar a França para fazer o acompanhamento da gestação com a família, na Islândia. A partir daí, Sara Björk passou a receber do Lyon apenas uma pequena parte do salário, correspondente ao cálculo do seguro social pelas leis francesas. A jogadora alega que viajou para seu país natal, em abril de 2021, no início da gestação, após entrar em acordo com o clube francês, já que não poderia continuar jogando.

"Para ser sincera, havia muita logística para tratar, por isso não pensei muito nisso", admitiu, na referida carta. Perguntou às companheiras, que lhe disseram que tinham recebido o salário integral na data devida. A situação acabou se repetindo nos meses que se seguiram, levando a jogadora a ter que usar dinheiro de suas poupanças pessoais para por exemplo, arcar com a despesas de seu treinador físico.

"Senti-me abandonada", revelou Sara, que ficou em choque e ponderou "desistir" do futebol. Mas a jogadora estava 'protegida' pelas recentes leis da Federação Internacional de Futebol, a Fifa, em defesa da maternidade, introduzidas no dia 1º de janeiro de 2021. A nova legislação prevê uma licença de maternidade mínima de 14 semanas, das quais pelo menos oito devem seguir-se ao nascimento do bebê. Além disso, são assegurados dois terços do salário, caso a lei nacional ou contrato coletivo de trabalho não fixarem um valor superior. "Só queria desfrutar da minha gravidez e trabalhar duro para voltar a ajudar minha equipe, mas em vez disso fiquei me sentindo confusa, estressada e traída", revelou.

Com apoio jurídico do Sindicato Mundial de Jogadores Profissionais (FifPro), Sara Björk entrou na justiça para receber o salário integral por parte do clube durante toda a gestação, até entrar em licença maternidade. O Tribunal de Futebol da Fifa condenou o Lyon a pagar cerca de 82 mil euros à jogadora, valor referente à diferença entre os salários devidos e o que foi efetivamente pago no período.

Atualmente, Sara é jogadora da Juventus e quer ser um exemplo para que outras jogadoras não passem pelo mesmo. "A vitória foi maior do que eu. Serve como garantia de segurança financeira para todas as jogadoras que querem ter um filho durante a carreira. Quero que o Lyon saiba que isto não é 'ok'. Isto não é apenas um negócio. Trata-se dos meus direitos como trabalhadora, como mulher e ser humano. Há muito trabalho a fazer. Merecemos mais", concluiu atleta na carta.

Entre em  nosso canal no Telegram e veja as principais notícias do esporte no Brasil e no mundo. Siga também o  perfil geral do Portal iG.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!