O Tribunal de Barcelona inicia oficialmente na próxima segunda-feira, dia 17 de outubro, o julgamento do "Caso Neymar", que colocará no banco dos réus o jogador, seus pais, dois ex-presidentes do Barcelona e o ex-diretor do Santos, Odilio Rodríguez.
A acusação partiu da empresa brasileira DIS, detentora em 2011 de 40% dos direitos do jogador e que, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, afirmou que foi "traída" pelo jogador e pelo clube espanhol, defendendo assim a prisão dos envolvidos e uma indenização de 35 milhões de euros (R$ 180 milhões) para os acusados.
"Nossa demanda tem duas bases. A primeira delas é um crime de corrupção privada. E, a segunda, um crime de fraude na modalidade de simulação contratual. Neymar, com a conivência de seus pais, dos dirigentes do Barcelona e dos dirigentes do Santos, traiu a confiança que os irmãos Sonda (donos da DIS) lhe deram", afirmou o advogado de acusação Aulo Nasser.
Embora a promotoria queira dois anos de prisão para o jogador e uma multa de 10 milhões de euros (aproximadamente R$ 54 milhões), a empresa quer cinco anos de cadeia para Neymar e pede que ele seja impedido, por igual período, de jogar futebol. A DIS também reivindica mais cinco anos para os pais do craque, além de outros oito anos para os ex-presidentes Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu, então vice-presidente do Barcelona.
O julgamento é baseado na denúncia apresentada há sete anos pela empresa brasileira que pertence ao grupo Sonda. A DIS alega que adquiriram 40% dos direitos do jogador (quando ele jogou pelo Santos aos 17 anos) por dois milhões de euros. Porém, aponta que foi vítima de uma fraude arquitetada pelo jogador, seus parentes e o Barça em 2013, quando assinaram dois contratos simulados sem levar em conta que os direitos do craque pertenciam ao Peixe e a empresa.
Liderada por Delcir Sonda, a DIS aponta que os envolvidos fizeram um manobra para não pagar o que lhe é de direito, culminando com delitos de corrupção entre particulares e fraude por contrato simulado.
Neymar e os envolvidos negaram ter cometido um delito, mas em 2017, o Tribunal Superior da Espanha rejeitou recursos do jogador, de seus pais, da N&N e dos dois clubes, abrindo caminho para que o caso fosse julgado.
O julgamento terá duração de um mês e a sentença deve ser conhecida antes do início da Copa do Mundo no Catar.
André Cury, então mediador da contratação, e Andoni Zubizarreta, na época diretor esportivo do Barça, serão os primeiros a depor. O mesmo acontecerá com Florentino Pérez, presidente do Real Madrid.