Exclusivo: Cacau relembra Copa do Mundo pela Alemanha: ‘Emoção indescritível’

Ex-jogador brasileiro naturalizado alemão falou sobre trajetória no país europeu, onde se tornou ídolo

Foto: Instagram/Cacau
Cacau disputou a Copa do Mundo de 2010 pela Alemanha

Claudemir Jerônimo Barreto, mais conhecido como Cacau, não teve tanto reconhecimento no futebol brasileiro, mas brilhou e se tornou referência na Alemanha, onde está marcado na história como o brasileiro que se naturalizou alemão. Por lá, colecionou grandes feitos, como ser o terceiro maior artilheiro brasileiro da história da Bundesliga, com 88 gols, ídolo do Stuttgart e marcar um gol em Copa do Mundo.


Cacau teve uma curta passagem pelo futebol brasileiro. O atacante atuou na base do Palmeiras e em seguida foi transferido para o Nacional, de São Paulo. No clube paulista, despertou o interesse de times alemães, e foi levado aos 19 anos para brilhar em outro continente. Em entrevista exclusiva ao IG Esporte, o ex-atleta falou sobre sua trajetória no futebol.

Cacau, você está marcado na história do Stuttgart como um dos maiores jogadores de todos os tempos do clube, sendo o 5º maior artilheiro da história da equipe, ajudando na conquista do quinto título da Bundesliga do clube na temporada 2006/07 e permanecendo por 11 anos no "Die Roten". O que você acha que "deu certo" para brilhar durante sua trajetória no futebol alemão, onde muitos brasileiros às vezes não se adaptam a cultura?

- Acredito que a base para esse sucesso foi colocada muito antes. Na infância difícil em Mogi das Cruzes (SP), nas muitas caminhadas a pé para ir para o treino e nas viagens junto com minha mãe de um lugar para outro de trem, formei meu caráter e a minha vontade de vencer. Isso também aconteceu no começo na Alemanha onde comecei jogar na quinta divisão e passei por várias dificuldades. Tudo isso foi depois combustível para que cada treino e cada jogo fosse dado o melhor para alcançar o objetivo e tenho convicção que foram esses fatores que me levaram a esse sucesso todo no Stuttgart.

O Stuttgart nas últimas temporadas vem oscilando muito entre a primeira e a segunda divisão do Campeonato Alemão. O que aconteceu para o nível do time cair durante os anos e não conseguir brigar por melhores posições?

- Foram muitas coisas que aconteceram nesse percurso e infelizmente problemas de Bastidores e de gestão que acabaram fazendo com que o clube não conseguisse os bons resultados dos últimos anos. Estou feliz que o Stuttgart tem se estabilizado no momento e torço para que isso continue a acontecer e que venham experimentar as glórias que tiveram no passado.

Você teve a honra de ser convocado pela Alemanha para a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, chegando a balançar as redes contra a Austrália, na primeira rodada do torneio. O que te motivou a se naturalizar e qual é o sentimento de disputar o maior torneio do futebol?

- Na verdade, a minha motivação foi pessoal e familiar. Queríamos dar a oportunidade de as crianças, que nasceram aqui, pusessem escolher onde ficar quando adulto e isso foi fundamental para a naturalização. Com isso, a comissão da seleção alemã aproveitou a deixa e me convocou, o que me deixou muito feliz e com uma realização gigante de disputar a Copa do Mundo da África do Sul em 2010. É uma emoção indescritível que vou levar para o resto da minha vida. Poder contar para meus filhos e netos o que eu pude viver naquele ano, não tem preço.

Desde antes da Copa de 2014, onde a Alemanha se sagrou campeã, o bom trabalho feito pela seleção era visto nas disputas dos torneios anteriores, como a Eurocopa de 2012 e Mundiais de 2006 e 2010. Quais foram os fatores que credenciaram a Alemanha a se tornar uma das melhores equipes do mundo? Respaldo técnico, formação de base?

- Na verdade, são conjuntos de fatores que levaram a seleção alemã a este nível. Tanto um investimento na base quanto a abertura para um futebol mais moderno e mais jogado. Isso trouxe uma flexibilidade no estilo de jogo que levou a seleção ao título em 2014. Torço também para que a seleção alemã volte aos resultados do passado e a ser competitiva como sempre foi.

Para finalizar, você vê o Brasil vencendo uma Copa do Mundo em breve ou ainda deve levar algum tempo? E complementando a pergunta, Neymar é o cara que o Brasil deve acreditar que pode levar a seleção até a conquista do Mundial?

- Eu torço para que o Brasil volte a conquistar um título mundial. Os outros países aumentaram o nível, por isso não é algo automático. Eu torço para que o Neymar possa conduzir a seleção a esse título, apesar de que não é algo que tem que levar sozinho nas costas, é uma responsabilidade que precisa ser divindade. Mas qualidade ele tem e o poder de decisão dele também é excelente, torço que isso se reverta e título para a seleção.